Os avanços da tecnologia não representam mais o futuro. Eles fazem parte do nosso presente e enxergar a vida sem processos digitais é praticamente impossível. Com o mundo conectado, pessoas com 60 anos ou mais estão cada vez mais imersos na transformação digital.
De acordo com a pesquisa TIC Domicílios 2020, elaborada pelo Cetic.br, o número de pessoas com mais de 60+ digitalizadas deu um salto de 34%, em 2020, para 50%, neste ano. Os serviços por aplicativo e sites já vinham ganhando espaço para esse grupo. Afinal, ter atendimento em diversos seguimentos na palma da mão é um grande benefício. A justificativa para o aumento dessa transformação digital é a pandemia do Covid-19. O período de isolamento em casa foi um estímulo para o massivo uso de tecnologia.
Crédito: Twinsterphoto/shutterstock
Além de segmentos próprios para o público mais velho, como serviços de transporte, supermercado e saúde, a participação está cada vez mais ativa. Na Wise, empresa de tecnologia especializada em envio de dinheiro internacionalmente, por exemplos, 12% dos clientes brasileiros têm mais de 61 anos. O que demonstra que esse grupo social não possui medo de usar a tecnologia a favor de seus bens financeiros.
Para os 60+, não há mais espaço para o medo da transformação digital
Jorcelina Gracino, de 69 anos, é um exemplo de idosa que já está totalmente inserida na transformação digital. Funcionária pública municipal, ela precisou ficar mais online, durante seis anos, quando suas filhas foram morar na Espanha.
"Agora sou avó de seis netos, então de vez em quando minhas filhas pedem uma ajudinha para as contas de casa ou para comprar alguma coisinha para eles. Procuro mandar um dinheiro todo mês", comenta Jorcelina, que usa o aplicativo da Wise para transferir valores.
No período em que estavam distantes, ela usou aplicativos que ajudassem a se comunicar e também a enviar dinheiro. O reencontro presencial entre a família só aconteceu em julho deste ano.
A transformação digital para pessoas acima de 60 anos começa a deixar de ser um tabu. A professora aposentada Christina Skaf, de 67, também enxerga dessa forma. Durante o período de isolamento, além de começar se exercitar com aulas de pilates online, iniciou um curso de italiano e faz terapia de forma digital.
"Faço aula particular de italiano com uma professora que está, neste momento, na Itália. Também comecei a fazer terapia durante a pandemia, e nem eu nem minha terapeuta queremos voltar ao presencial. Ela, inclusive, só está atendendo online, e alguns dos pacientes estão fora do Brasil."
Christina já está tão imersa na transformação digital que prefere continuar tendo acesso a serviços online para usufruir em seu lar. "Eu acho maravilhoso, me habituei. Em casa eu fico relaxada, não preciso levantar mais cedo, pegar o carro, procurar lugar para estacionar, gastar com combustível", completa.
Cada vez mais digitais
De acordo com a pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), um dos principais motivadores para esse grupo estar conectado é ter acesso à informação. Seja para ver sobre economia, política, esporte, o número de pessoas 60+ online cresceu 68%, em 2018, para 97%, em 2021.
Para Christina, estar online é ter mais conhecimento de mundo. "Hoje eu me baseio muito em notícias publicadas em veículos de imprensa e compartilhadas pelo meu círculo de amigos nas redes sociais. Eles são muito engajados. Antes eu acompanhava jornais televisivos, mas agora não mais, acabo utilizando mais a internet", comenta.
A grande verdade é que não existe idade para aprender algo novo e nem mesmo para encarar as transformações digitais. Chegar aos 60 anos de forma saudável e disposto a desenvolver novas habilidades é está se tornando cada vez mais comum.
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