Quando falamos em diabetes, o que logo vem à sua cabeça? A maioria das pessoas automaticamente associa a condição ao consumo de açúcar. Uma pesquisa realizada pelo Ibope, a pedido da Sociedade Brasileira de Diabetes, revelou, por exemplo, que grande parte dos brasileiros acredita que a doença é causada exclusivamente pelo consumo desenfreado de doces: cerca de 90% dos entrevistados têm a falsa ideia de que basta evitar a ingestão de açúcar - e somente deste ingrediente - para estar protegido.

No entanto, o que nem todo mundo sabe é que essa é somente uma peça desse quebra-cabeça. Estudos apontam que uma dieta alimentar rica em gorduras saturadas também pode contribuir para o surgimento ou agravamento, especialmente, do diabetes tipo 2, responsável por aproximadamente 90% dos casos. O fato é que um pãozinho com queijo e manteiga, um prato com bacon e ovo ou aquela moqueca com azeite de dendê podem ter mais impacto para um quadro de diabetes do que se imagina.

O que é o diabetes?

O diabetes é uma incapacidade metabólica do organismo. Ocorre quando o corpo não consegue regular os níveis de açúcar ou glicose no sangue. E isso pode acontecer se o pâncreas deixa de produzir insulina suficiente ou quando as células se tornam resistentes à insulina que é produzida.

A insulina é o hormônio responsável em mover a glicose da corrente sanguínea para dentro das células, assim fazendo o que chamamos de controle glicêmico. Se isso não ocorre, o açúcar fica acumulado no sangue. Taxas altas levam a um quadro de hiperglicemia. Vale esclarecer, entretanto, que a glicose no organismo é fundamental, uma vez que é fonte de energia, combustível para uso imediato das atividades do corpo ou para armazenamento, em forma de gordura. Seu excesso é que é prejudicial.

Entre os tipos mais comuns de diabetes estão o 1 e o 2

Tipo 1: Geralmente diagnosticado na infância ou adolescência, tem como característica ser genético e autoimune - ou seja, o sistema imunológico não reconhece as células-beta que atuam na produção de insulina e as destrói. Assim, há a perda da capacidade do pâncreas em produzir insulina.

Tipo 2: frequentemente adquirido com o passar dos anos e desencadeado por hábitos e estilo de vida. Ocorre quando o pâncreas deixa de produzir insulina suficiente, há uma resistência à ação da insulina (as células adiposas e musculares não conseguem aproveitar completamente o hormônio liberado pelo pâncreas e a glicose passa a ser utilizada de modo ineficaz) ou ambas as situações.

E o que a gordura tem com isso?

Uma série de pesquisas relacionadas ao tema reúnem indícios de que o açúcar não é único ingrediente que exige moderação quando o assunto é o diabetes. Alguns estudos apontam que o consumo de gordura saturada também contribui para o surgimento e descontrole do tipo 2 da doença, tendência tanto em pré-diabéticos como em não diabéticos. A explicação está relacionada ao fato de que a gordura provoca uma reação inflamatória que leva a uma maior resistência à insulina e assim, consequentemente, ao descontrole da glicose na corrente sanguínea.

Entre os alimentos ricos em gordura saturada, podemos listar alguns exemplos, como banha de porco, sobrecoxa e coxa de frango com pele, embutidos (bacon, salame, linguiça, mortadela e presunto), laticínios (leite integral, manteiga e queijos amarelos), além de produtos industrializados, como biscoitos recheados, bolos, salgadinhos e sorvetes.

Porém, a ideia aqui não é banir esses alimentos, mas sim deixar o alerta de que precisam ser consumidos com moderação. A maioria dos especialistas em nutrição recomenda limitar a gordura saturada a menos de 10% das calorias por dia.

Sinal verde

Em contrapartida, vegetais e peixes frescos, em sua maioria, são bem vindos às refeições do dia a dia. Pesquisas apontam ser benéfica a substituição de parte dessa gordura saturada pelas insaturadas, as chamadas “gorduras boas”, divididas entre poli-insaturada e monoinsaturada.

As monoinsaturadas são encontradas em produtos como azeite de oliva, óleo de canola, abacate, nozes, amêndoas, castanhas e amendoim. Já as poli-insaturadas são representadas, em especial, pelos ácidos graxos - ômega 3 e ômega 6, presentes nos óleos vegetais (girassol, milho e soja), nos peixes gordurosos (salmão, atum, anchova e sardinha) e nas sementes de abóbora, chia e linhaça.
Casal sênior no mercado comprando vegetais. Imagem para ilustrar a matéria sobre consumo de açúcar.Crédito: NDAB Creativity/shutterstock

Carboidratos devem ou não estar presente na dieta alimentar?

Há um mito de que os carboidratos não devem ser consumidos por diabéticos. Informação que não é real e necessita ser esclarecida. De modo geral, pessoas com diabetes não só podem como devem consumir carboidratos. Esse macronutriente é fundamental para o bom funcionamento do organismo, sendo a principal fonte energética utilizada pelas nossas células.

No entanto, é preciso equilíbrio e boas escolhas: o carboidrato, além de embutir os açúcares, vira glicose no fim do processo de digestão. Assim, a preferência deve ser por aqueles naturais, provenientes de frutas, vegetais, leguminosas (feijão, soja, grão-de-bico, lentilha e ervilha) e grãos integrais (farinha, pão, arroz e macarrão) em lugar dos considerados carboidratos ruins, ou seja, carboidratos simples, ricos em açúcar refinado e farinha branca, entre doces, bolachas, pães, bolos, salgados e massas, assim como bebidas alcoólicas e açucaradas (refrigerantes, sucos industrializados e achocolatados).

Ainda no universo dos carboidratos e o diabetes, vale reforçar a questão do índice glicêmico, que resumidamente é o indicador da velocidade com que o carboidrato presente em um alimento alcança a corrente sanguínea e altera a glicemia, ou seja, o nível de açúcar no sangue. No geral, quanto mais processado for um alimento, maior será o seu índice glicêmico.

O que pode e o que deve ser evitado por diabéticos?

A dieta adequada para quem tem diabetes é basicamente aquela que mantém os níveis de açúcar no sangue controlados, evitando a hiperglicemia (excesso de açúcar no sangue) e a hipoglicemia (falta de açúcar no sangue). Para isso, os alimentos mais indicados são aqueles ricos em fibras, proteínas e gorduras boas, com baixo índice glicêmico.

Por isso, temos que estar atento há algumas exceções: batata, batata doce, mandioca e inhame, mesmo sendo saudáveis, têm elevada concentração de carboidratos e devem ser consumidos em pequenas porções. Também é o caso das frutas que, por possuírem açúcar natural, a frutose, exigem moderação e cautela. No geral, a recomendação é de uma porção de fruta por vez.

E por falar em açúcar...

É importante aqui esclarecer mais alguns pontos. O primeiro deles: o açúcar está naturalmente presente nos alimentos que contêm carboidratos. Eles contêm fibras, água, antioxidantes e outros nutrientes, e por isso são digeridos e absorvidos mais lentamente pelo organismo e com menor probabilidade de causar picos de glicêmicos. Oferece, portanto, suprimento constante de energia para o corpo. Ou seja: alimentos que têm açúcar natural fazem bem, porém, quando não há exageros no consumo.

O problema maior é que as principais fontes de açúcar hoje na dieta são provenientes da adição pessoal do ingrediente nos pratos e bebidas do cotidiano e em produtos industrializados – boa parte “escondida”, adicionada em itens que muitos não imaginam entrar nessa lista, entre sopas, molhos e refeições semiprontas. É aqui, especialmente, que devemos estar mais atentos.

Por que precisamos manter os cuidados?

Entre os problemas causados por um diabetes descontrolado podemos citar a possibilidade de comprometimento da visão, da saúde bucal, rins e nervos, além de riscos elevados de desidratação, aumento das chances de infecções, questões de pele e dificuldade de cicatrização. A condição gera também danos na parede dos vasos sanguíneos, lesões que podem acontecer em vasos de diferentes calibres e localizações, afetando diversos órgãos.

No caso do coração, com muita glicose no sangue, o nível de colesterol aumenta, formando um número maior de placas de gordura nas artérias coronárias (as responsáveis por irrigar o órgão), que correm o risco de serem obstruídas. O excesso de glicose na circulação favorece ainda a produção de coágulos, que, da mesma maneira, podem bloquear as coronárias.

A obstrução desses vasos, parcial ou total, tem como consequência o surgimento de fatores de risco, doenças e eventos cardíacos, como hipertensão, insuficiência cardíaca, aneurisma da aorta e o infarto. Existe a possibilidade de que o mesmo processo ocorra em outras artérias do corpo. O resultado pode ser, por exemplo, a falta de sangue no cérebro e um consequente acidente vascular cerebral (AVC).

Cuidados e atenção constantes

A falha no tratamento do diabetes pode provocar problemas graves e irreversíveis, como vimos. Por isso, vale reforçar que estamos falando de uma doença crônica, uma condição que tem longa duração ou não tem cura e precisa de atenção e monitoramento constantes. Assim, embora seja verdade que o consumo de açúcar interfira - e muito - na doença, outros fatores, incluindo a qualidade geral da dieta alimentar, controle do peso corporal, o sono, a prática de exercícios regulares, estilo de vida e genética também têm impactos significativos.

No caso da alimentação, o segredo está no equilíbrio. Lembrando que a dieta deve ser individualizada, sempre prescrita e acompanhada por um profissional especializado. Os alimentos liberados e os que devem ser evitados nos quadros de diabetes, assim como as quantidades recomendadas, podem variar de acordo com o tipo da doença, os valores de glicemia (gravidade da condição), as preferências alimentares, idade, estilo de vida e outras condições de saúde que podem interferir.


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