Talvez você nunca tenha ouvido falar em hidratos de carbono, mas certamente já ouviu falar em carboidratos. Pois é, são a mesma coisa. E para tentar entender por que muitas pessoas recuperam com tanta facilidade os quilos perdidos com tamanho sacrifício após uma dieta para emagrecer, e qual o papel dos carboidratos neste processo, um grupo de pesquisadores da Universidade de Harvard submeteu 164 voluntários a uma rigorosa dieta ao longo de 20 semanas. Todos os participantes tinham entre 18 e 65 anos, com IMC (Índice de Massa Corpórea) de 25 ou mais, o que equivale a pessoas acima do peso, com menos de 160 kg.

Para comparar a energia utilizada pelo corpo para queimar calorias, os cientistas dividiram os participantes em três grupos, cada um recebendo uma dieta com quantidades diferentes de carboidratos: alto consumo de carboidratos (60%) e baixo de gorduras (20%); médio consumo de carboidratos e de gordura (40% de cada); e baixo consumo de carboidratos (20%) e alto de gorduras (60%). Todas as refeições continham 20% de proteínas. Durante esse período, os cientistas também mediram a secreção de insulina, dos hormônios metabólicos e do gasto total de energia nos participantes.

Procurada pelo portal do Instituto de Longevidade Mongeral Aegon para analisar os resultados apontados pelo estudo, a nutricionista Amina Chain explicou que, em resposta ao consumo de carboidratos, nosso organismo produz um hormônio chamado insulina, responsável por levar a glicose (produto do carboidrato) da corrente sanguínea para os tecidos.

“O grupo, liderado pela professora de pediatria da Universidade de Medicina de Harvard, Cara B. Ebbeling, vem estudando como o modelo carboidrato-insulina contribui para a dificuldade na perda de peso ou até mesmo a recuperação do peso perdido após uma dieta para emagrecer”, destacou Amina, que também é professora da Faculdade de Nutrição da UFF (Universidade Federal Fluminense). “A maioria das dietas da atualidade são restritivas em carboidratos, as chamadas low carb ou zero carb”.


Os resultados do estudo

Os resultados comprovaram que o gasto de energia era consideravelmente maior no grupo que recebeu a dieta pobre em carboidratos – cerca de 250 calorias a mais queimadas por dia – do que os outros participantes que puderam ingerir alimentos ricos em carboidratos, como massas, arroz e batatas. O estudo também apontou que, durante a dieta, os participantes secretaram menos grelina, hormônio produzido pelo estômago e que promove o aumento da fome e da gordura corporal e reduz o gasto energético.

“Dessa forma, um ponto importante é encontrar um equilíbrio entre a ingestão de carboidratos, proteínas e gorduras na dieta e preferir consumir carboidratos ditos integrais ao invés de refinados”, analisou Amina.

Publicado recentemente na revista médica British Medical Journal (BMJ, na sigla em inglês), o estudo mostrou que o metabolismo desacelera após uma dieta para emagrecer porque o corpo se adapta ao chamado "peso natural", o que provoca um menor consumo de calorias no dia a dia e seu consequente armazenamento.


Uma nova forma de ver o tratamento contra a obesidade

De acordo com a líder da pesquisa, esta análise proporciona uma nova forma de ver o tratamento contra a obesidade. Segundo ela, os carboidratos processados, tão presentes nas dietas com baixo teor de gordura, aumentam o nível de insulina, o que causa um maior armazenamento de calorias pelas células adiposas. Com menos calorias disponíveis para o resto do corpo, a fome aumenta e o metabolismo cai. E aí a pessoa recupera tudo o que perdeu na dieta para emagrecer.

No entanto, Amina alerta que é muito importante que os indivíduos não façam dietas com quantidades muito reduzidas de carboidratos, visto que eles são nutrientes de suma importância para o metabolismo de energia. “O nosso cérebro, por exemplo, realiza suas funções preferencialmente com glicose”, explica. “A redução do consumo de carboidratos refinados na alimentação, desde que feita de maneira equilibrada, pode ser benéfica para a perda de peso e para a prevenção do ganho de peso após a dieta”, concluiu.


Calcule abaixo se seu peso está adequado para sua idade, através do IMC - Índice de Massa Corporal:




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