Desde novos somos estimulados a buscar nossas independências emocional e física. Aprendemos a suprir as necessidades fisiológicas para sobreviver e aos poucos vamos criando autonomia. No entanto, ao envelhecermos, o relógio gira no sentido inverso. Algumas atividades essenciais, como fazer a higiene pessoal, comer e ir ao banheiro se tornam difíceis à medida em que vamos perdendo força, reflexo e agilidade.
Não se sentir capaz ou de fato não ter capacidade para realizar tais tarefas pode ser frustrante. Sobretudo, em momentos de intimidade, como a hora do banho. Se você observa esta dificuldade em seus pais ou parentes idosos é uma boa oportunidade para ajudá-los com a higiene pessoal.
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Parece simples, mas não é. A hora do banho, por exemplo, é um momento íntimo que necessita de paciência e carinho por parte do ajudante, seja ele um profissional ou um familiar. Para elucidar e ajudar você a passar da melhor forma por essa situação, o Instituto de Longevidade Mongeral Aegon conversou com a enfermeira, gerontóloga, professora associada da Universidade de São Paulo (USP) e coordenadora do Estudo SABE - Saúde, Bem estar e envelhecimento, Yeda Duarte.
Oportunidade de fortalecer vínculos
A especialista reforça que o banho pode ser um bom momento para “estabelecer um relacionamento mais profundo e fortalecer vínculos com seus pais”. Ao pensar desta forma, o momento pode ser entendido como a “arte do encontro entre as necessidades da pessoa idosa e o conforto, afeto e carinho”, explica.
Como ajudar com a higiene pessoal evitando constrangimento
Para começar é preciso estabelecer um diálogo entre as partes. Converse com o seus pais, exponha a situação, mostre os benefícios e deixe-os seguros de que é para o bem deles. Acima de tudo não infantilize a pessoa idosa.
Yeda orienta que, para deixá-la menos desconfortável ou até à vontade, dirija-se a ela através de seu nome preferido, demonstrando respeito e reforçando a sua identidade. “Nunca use apelidos sem autorização ou termos demasiadamente afetuosos, como ‘meu amor’, ‘meu fofo’ ou ‘minha linda’. Também não é legal usar diminutivos que infantilizam, são exemplos: ‘boquinha’, ‘mãozinha’, ‘queridinha’”.
Antes do banho, explique o que será feito e como. Deixe-o escolher os artigos que serão usados e as roupas que irá vestir após. É importante ajudá-lo à medida de sua necessidade, respeitando o seu espaço e autonomia, bem como preservando a sua privacidade. “Feche portas, box e cortinas e estimule a pessoa idosa a realizar o que conseguir”.
Lidando com a resistência
E se houver resistência? Como agir? Prepare-se para esta possibilidade, pois é extremamente comum. A especialista sugere tentar descobrir o porquê. “Eles podem ter receio de sofrer alguma queda no banheiro, podem estar sentindo algum tipo de dor ou simplesmente estarem muito cansados”.
O cômodo deve ter atenção redobrada, pois é um lugar propício a escorregões, tropeços e quedas. Os cuidados diminuem a chance de se acidentar e esse é um dos motivos para prevenir. A MAG Seguros criou o Master Acidentes Domiciliares, um seguro de vida que, além da cobertura médica, oferece serviços para prevenção de acidentes em casa, como colocar barras de segurança nos boxs e revisão da instalação elétrica.
A gerontóloga dá algumas dicas para facilitar na hora de ajudar seu familiar com a higiene pessoal. Uma delas é preservar a rotina e hábitos dele. “É preciso conhecer e respeitar os horários, preferências e costumes. Isso significa seguir uma ordem: mesmo local, mesmo horário e mesma frequência de banho”.
Você preza pela a sua segurança e conforto, certo? A pessoa idosa também. “Tranquilize e conforte ela através do contato físico gentil e delicado, principalmente para aqueles com déficits sensoriais.
Cuidados com a higiene pessoal
Com o avançar da idade há uma redução em todos os processos que mantêm a nossa pele umectada. Por isso, evite produtos que diminuam a umidade do órgão e que contenham álcool.
Corte da sua lista o talco e amido de milho. Apesar de serem usados para refrescar e prevenir fricção entre duas superfícies que ficam em contato, a especialista explica por que devem ser deixados de lado.
“O primeiro absorve o óleo e pode ser inalado e o segundo, quando aplicado com presença de umidade, libera glicose e facilita o desenvolvimento de micro-organismos, permitindo a instalação de um processo infeccioso”.
A quantidade de banho também pode ser prejudicial, dependendo da situação. Para quem tem problemas de ressecamento de pele, enfraquecimento ou se cansam facilmente por problemas de saúde, Yeda explica que a frequência não precisa ser diária.
Pés
“Os pés merecem atenção especial, pois são os responsáveis pela sustentação do corpo, postura e marcha”, comenta a especialista. Tenha cuidado na hora de secá-los: para evitar contaminação por fungos, não esfregue, especialmente nas regiões interdigitais (entre os dedos).
Após se certificar que os pés não estão molhados ou úmidos, coloque os calçados verificando sua adaptação aos pés a fim de evitar acidentes. Importante lembrar que pessoas idosas com diabetes requerem ainda mais zelo. Nestes casos, Yeda sugere a contratação de um podólogo, se necessário.
Unhas
“As unhas devem ser cortadas semanalmente, pois quando estão longas podem machucar”, recomenda. De preferência, corte após o banho, pois estarão mais hidratas e amolecidas. Caso sejam muito espessas, endurecidas e quebradiças, a enfermeira indicar colocá-las imersas em uma solução de água bicarbonatada ou água morna com sabão neutro ou umectante por cerca de dez minutos.
Dicas gerais
Alguns princípios precisam ser respeitados para que a atividade aconteça da melhor forma possível. A especialista pontua:
- Organização: prepare previamente o banho deixando separado tudo o que for utilizado;
- Privacidade: não exponha a pessoa idosa desnecessariamente;
- Manutenção do aquecimento da pessoa: mantenha ela coberta com uma toalha sempre que possível e evite as correntes de ar, fechando portas e janelas;
- Sequência: inicie o banho pelas áreas mais limpas seguindo para as mais sujas;
- Segurança: previna acidentes utilizando procedimentos de segurança, como banho sentado, instalação de barras de apoio, uso de tapetes antiderrapantes, checagem da temperatura da água, entre outros;
- Autonomia e Independência: encoraje o idoso a participar no banho o máximo que sua condição física/mental permitir;
- Conforto: proceder à higienização da pele com delicadeza, principalmente em peles lesionadas ou ressecadas.
“No momento do banho também é indicado observar mais detalhadamente a pele da pessoa, identificando lesões, rachaduras, descamação, mudanças de coloração, presença de regiões quente ao toque, edemas e hematomas e/ou tumorações”, conclui.
Ajudar a pessoa idosa a manter uma boa higiene pessoal não pode ser um fardo para você e para ela. Por isso, se ambos não se sentirem seguros e dignos, a melhor opção é buscar um profissional qualificado.
O banho, em especial, é um momento de cuidado, mas com objetivos diversos e importantes. Através dele é possível remover bactérias, eliminar e prevenir odores corporais e úlceras de pressão, estimular a circulação sanguínea e movimentação articular, de úlceras de pressão e promover conforto e sensação de bem-estar.
Aproveite a situação para se aproximar do seu ente querido e ajudá-lo a vivenciar essa atividade de forma mais prazerosa possível.
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