Quais são os erros mais comuns ao escolher um sapato? Para responder a essa pergunta, o portal do Instituto de Longevidade Mongeral Aegon conversou com dois especialistas em cuidados com os pés, o ortopedista José Antônio Veiga Sanhudo, vice-presidente da Associação Brasileira de Medicina e Cirurgia de Tornozelo e Pé (ABTPé), e a podologista Karina Silva Barros, coordenadora técnica da Doctor Feet.

Na hora da compra, dizem os especialistas, conforto deve ser a palavra de ordem. “Tem que ter espaço para movimentar o pé ao levantar e ser confortável tanto no calcanhar quanto no meio do pé”, pontua Karina.


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Um dos equívocos mais comuns, segundo ela, “é optar por um sapato apertado, com a expectativa de que ele ‘folgue’ com o uso”. Ou o contrário, escolher um maior para durar mais e colocar jornal ou algodão na ponta. “Por ser um volume a mais, pode causar trauma nas lâminas das unhas e deformação dos artelhos, além de favorecer o surgimento de micoses”, adverte.

Cuidados com os pés ao escolher o calçado 

Tipo de pisada

São três tipos de pisada: normal, em que a pessoa pisa com o pé alinhado, distribuindo equilibradamente o peso corporal; supinada, quando se pisa mais com a borda externa do pé e impulso no dedinho; e pronada, em que a pessoa joga o peso para a parte interna do pé, tomando impulso com o dedão.

“Quem tem pisada neutra acomoda-se bem em uma variabilidade maior de calçados, mas não podemos extrapolar e dizer que se adaptam a qualquer tipo de calçado”, explica o ortopedista. “Já quem tem pisada supinada ou pronada precisa de mais estabilidade, portanto não é indicado utilizar sapatos e sandálias macios demais”.

“Na verdade, não existe um sapato específico para cada tipo de pisada, mas sim sapatos que acomodam melhor cada tipo pé”, complementa a podóloga. Ao escolher o calçado, “a pessoa tem que observar se o pé dela se encaixa direitinho no calçado”.

E exemplifica: “Para um pé mais fino e cavo, o salto não é indicado, pois não dá apoio no arco do pé, o que provoca calos e pode causar queda. Já um pé plano precisa de um calçado mais largo e de sola rígida para dar sustentação ao pé e não danificar facilmente, porém com palmilha confortável”.

Segurança e conforto

Para as mulheres

Sapatos e sandálias com salto meia pata são mais seguros do que os de salto alto. Isso porque acabam "diminuindo" o salto, ao reduzir a diferença de altura entre ele e a parte frontal do calçado. Ou seja, se o salto tiver sete centímetros e a meia pata três, é como se o salto tivesse apenas quatro centímetros. “O salto grosso é mais confortável, mas não deve ser usado com frequência”, sugere a podóloga. “Quanto mais apoio nos pés, melhor.”

Rasteirinhas, independentemente do modelo, “nunca são totalmente seguras”, diz Karina. “Elas possuem solados duros – uns modelos mais e outros menos –, geralmente são escorregadias e não possuem algo essencial que é a elevação do calcanhar, sendo, assim, um tipo de calçado que não dá estabilidade ao pé e faz com que a pessoa force demais a musculatura na hora da marcha.”

E as sapatilhas, segundo ela, também não devem ser usadas regularmente. “Por não dar sustentação ao pé e ser aberta no dorso, ela aperta os dedos e o calcanhar para não sair do pé. Pelo ponto de vista postural, esse tipo de calçado também é péssimo. Outro detalhe é que as mulheres usam sem meia, o que pode provocar odores causados por microrganismos do suor e infecções nas unhas.”

Para os homens

Os calçados masculinos, por não terem salto alto, não apresentam os distúrbios de pressão e as alterações biomecânicas da marcha dos femininos. “Calçados com solado emborrachados e com a câmera anterior alargada costumam ser os mais confortáveis”, pontua Sanhudo. Dê preferência a calçados de couro natural, “pois permitem uma maior ventilação do que os de material sintético”.

“Já os chinelos apresentam as vantagens de serem calçados abertos, que permitem mobilidade dos artelhos, mas habitualmente apresentam solados com baixa absorção de impacto e, por não terem fixação na parte de trás do pé, não conferem grande estabilidade durante a marcha”, adverte.

Para ambos

O solado deve ser antiderrapante, de preferência, para dar mais segurança. E isso vale para todo tipo de pisada.

Cuidados com os pés: escolha do tênis

Alguns cuidados devem ser tomados, especialmente para os praticantes de corrida, explica o ortopedista: se você exercita-se diariamente, procure alternar o tênis que usa, “porque a resiliência do calçado [capacidade de recuperar as suas características originais, especialmente as relacionadas à absorção de impacto] costuma ser superior a 24 horas”.

Além disso, evite lavá-lo, “porque a umidade enfraquece as costuras e diminui a vida útil”; e respeite a validade, que, “suporta bem 500 quilômetros de uso, mas depende do peso do corredor e do tipo de terreno, entre outros fatores”.

Cuidados com os pés ao experimentar o calçado 

Tamanho

O tamanho dos calçados varia entre marcas e estilos. “Não escolha um calçado pelo número impresso, sem experimentá-lo”, afirma Sanhudo. Também não compre um que esteja apertado, com a esperança que ceda com o uso, “pois isso pode ocorrer às custas de bolhas, calosidades ou outras lesões mais graves”.

Também é necessário prestar atenção à ponta dos dedos. “É preciso uma folga na extremidade, para que eles não se deformem em garra. Deve haver ainda um espaço acima dos dedos, para que consigam se movimentar um pouco, pelo menos.”

Habitualmente, explica o ortopedista, temos um pé maior do que o outro. “Experimente os dois pés e certifique-se de que ambos estejam confortavelmente vestidos.” Por fim, lembre que, com o tempo, “o tamanho do seu pé pode mudar e você pode precisar de um calçado maior do que você usava anteriormente”.

Horário da compra

O melhor momento para experimentar calçados é no final da tarde ou à noite. “Os pés incham em maior ou menor proporção durante o dia, por isso procure comprar calçados no final do dia, quando seus pés estão mais inchados”, finaliza o médico.

Palmilhas

Existem dois tipos de palmilhas: as de silicone e as ortopédicas. No primeiro caso, elas são fabricadas com materiais que amortecem o impacto sobre as articulações. Já as ortopédicas, segundo a podóloga, “são produzidas sob medida com a principal finalidade de modificar a inclinação corporal e amenizar a tensão sobre os músculos responsáveis pelo equilíbrio do corpo” – e, com isso, ajudam no tratamento de dores e problemas que acometem todo o sistema locomotor: pés, pernas, joelhos, calcanhares, quadris, costas e tornozelos.

Consequências de uma escolha inadequada

“A escolha inadequada de um calçado pode ocasionar sérios danos à saúde”, segundo Karina. Os primeiros sintomas são a formação de bolhas e calos, principalmente nos dedos e no calcanhar, dor na face plantar do pé e desconforto ao caminhar. “Ao insistir no modelo, a pessoa pode enfrentar a formação de neuromas [tumor nos nervos], calosidade nas regiões interdigitais e plantares, acentuação e desenvolvimento de joanete e fascite plantar [inflamação na sola do pé].”

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