Pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas da USP fizeram uma importante descoberta que pode ajudar no combate a epidemias causadas pelo mosquito Aedes aegypti. De acordo com os cientistas, o fármaco sofosbuvir, utilizado para tratar a hepatite C crônica, também se mostrou muito eficaz na cura da chikungunya e febre amarela.
“Células humanas infectadas pelo vírus da chikungunya foram tratadas com sofosbuvir e o fármaco eliminou o vírus sem danificar as células. A droga se mostrou 11 vezes mais efetiva contra o vírus do que contra as células”, disse uma das autoras do estudo, Rafaela Milan Bonotto, em entrevista ao Jornal da USP.
Em boa hora
Dados epidemiológicos divulgados recentemente pelo Ministério da Saúde mostram que, de janeiro a outubro de 2018, houve um aumento significativo nos casos de dengue, zika e chikungunya em alguns estados, em comparação com o mesmo período de 2017. No Rio de Janeiro, por exemplo, o aumento de casos de chikungunya foi de 720%, passando de 4.293 casos para 32.245.
Em todo o país, a incidência da chikungunya foi de 210,8 casos para cada 100 mil habitantes. Os casos de dengue tiveram um aumento de 41% e passaram de 9.715 casos em 2017 para 13.765 em 2018, com incidência de 82,3 casos para cada 100 mil habitantes.
A boa notícia foi a redução nos casos de zika (12%), passando de 2.378 casos em 2017 para 2.072 neste ano. A incidência foi de 12,4 casos para cada 100 mil habitantes.
Ministério lança campanha de conscientização
Com o objetivo de mobilizar a população sobre a importância de intensificar as ações de prevenção contra o Aedes aegypti, o Ministério da Saúde lançou, nesta terça-feira (13), a campanha "O perigo é para todos. O combate também. Faça sua parte", ressaltando que a união de todos é a melhor forma de derrotar o mosquito, e que os cuidados precisam ser contínuos.
De acordo com o Ministério, o período de muitas chuvas e de excessivo calor que vai de novembro a maio é o mais propício para o surgimento de doenças transmitidas pelo Aedes aegypti.
“É o momento em que todos - União, estado e municípios, e a população em geral - devem ter maior atenção e intensificar os esforços para não deixar a larva do mosquito nascer”, declarou o coordenador do Programa Nacional de Controle da Dengue do Ministério da Saúde, Divino Martins. “No caso da população, além dos cuidados, como não deixar água parada nos vasos de plantas, é possível verificar melhor as residências, apoiando o trabalho dos agentes de endemias”.
Contudo, o professor da USP Lucio Freitas-Junior alerta que o processo para obtenção de um fármaco é bastante demorado e extremamente caro. “O tempo entre o início da pesquisa e a disponibilização do produto no mercado é, em média, de 12 anos. O custo é da ordem de US$ 1,5 bilhão ou mais”, declarou Freitas-Junior, que é orientador de Rafaela em seu trabalho de doutorado. Como o sofosbuvir já passou por todo o processo de aprovação para uso humano, ele acredita que o fármaco possa vir a ser utilizado na cura da chikungunya e febre amarela em até três anos.