Entenda como o consumo de água interfere na saúde do coração

Beber água pode ser mais importante do que você imagina! E o verão é o período do ano em que precisamos redobrar a atenção e os cuidados com a nossa hidratação. Embora cerca de 70% do corpo humano seja composto por água e o organismo produza de 250 ml a 350 ml do líquido a partir de algumas reações metabólicas, necessitamos diariamente de uma quantidade muito maior da substância.

Para entender a dimensão, conseguimos passar semanas sem comida, mas é impossível ficar sem água (em média) por mais de três dias. Isso porque ela desempenha papel vital para os órgãos, no transporte de nutrientes, na regulação da temperatura e na maioria das funções corporais. Assim, para que estejamos vivos e saudáveis, é indispensável a ingestão de água. A hidratação adequada é, portanto, fundamental para o bom funcionamento do organismo e a saúde de modo geral, inclusive do coração.

O órgão passa 24h por dia trabalhando: é dele a responsabilidade de bombear sangue através dos vasos sanguíneos. Para tal atividade, bate em média 72 vezes por minuto, distribuindo aproximadamente 7.600 litros por dia. Estar bem hidratado permite que o coração execute sua função de forma eficiente e precisa. A falta do líquido, por sua vez, pode ter efeitos danosos e aumentar as chances de complicações e eventos cardíacos.

Mas o que é considerado desidratação?

Falamos em desidratação quando o corpo perde mais água do que recebe, provocando a interrupção de seus processos naturais. Um adulto saudável, por exemplo, perde em torno de 2,5 L de água/dia por meio da respiração, transpiração, urina, fezes, entre outros meios.

E mesmo com o que é produzido nos processos metabólicos, ficamos em um constante balanço hídrico negativo. Certas condições de saúde e doenças (como diarreia grave ou vômito), alguns medicamentos e altas temperaturas podem aumentar os riscos de desidratação em quem não tem o hábito de ingerir água de forma regular.

Hidratação e a saúde do coração

Conforme o corpo perde água e não tem a reposição necessária, a quantidade de sangue em circulação diminui. Para compensar, o coração passa a bater mais rápido. Os vasos vão então se fechando (com a constrição de suas paredes) para tentar manter a pressão arterial dentro do ideal. O sangue fica também mais grosso. Cenário que gera tensão ao coração, uma vez que ele precisa trabalhar mais do que o normal. As possíveis consequências são: palpitações e batimentos cardíacos irregulares (as arritmias), e, em casos mais graves, até um infarto.

Uma desidratação severa é capaz de provocar ainda uma grande diminuição do volume sanguíneo, o que resulta na redução excessiva da pressão. Quando o corpo não consegue entregar o fluxo de sangue e oxigênio adequados aos órgãos e tecidos, o organismo pode entrar no que chamamos de choque hipovolêmico - uma das complicações mais graves, às vezes com risco de vida, da desidratação.

Atenção ao suor

Quando as temperaturas sobem, a transpiração, como vimos, interfere nas atividades do sistema cardiovascular. O suor é um dos caminhos do metabolismo para regular a temperatura corporal. Ele contém eletrólitos, minerais essenciais, a exemplo do potássio e do sódio, que são necessários para o funcionamento saudável do coração.

Mitos e verdades sobre beber água

Crédito: NaMong Productions/shutterstock

O suor excessivo durante o tempo quente pode desequilibrar os níveis de eletrólitos e, desta forma, adicionar uma nova carga de estresse em um coração que já está trabalhando arduamente para manter o corpo mais fresco. Uma produção maior de suor pode levar, em situação extrema, à desidratação. 

Pesquisa

Um estudo conduzido no Instituto Nacional de Coração, Pulmão e Sangue dos EUA aponta que adultos podem prevenir ou reduzir o risco de insuficiência cardíaca em longo prazo simplesmente bebendo água suficiente todos os dias. O levantamento comparou a saúde cardiológica aos níveis de sódio no sangue (um indicador da ingestão de líquidos) entre quase 16 mil homens e mulheres, durante 25 anos.

De acordo com as conclusões da pesquisa, a falta de ingestão de água pode afetar o equilíbrio de sódio no sangue, os níveis hormonais e a função renal de maneira que enfraquece o funcionamento adequado do coração. Com o tempo, o consumo insuficiente de líquidos também é capaz de prejudicar diretamente a integridade celular do próprio músculo cardíaco.

Como sei que estou desidratado?

Entre os indícios de um corpo desidratado, podemos citar: fadiga, fraqueza muscular, urina escura, dor de cabeça, respiração rápida, confusão mental, tontura ou vertigem, desmaios, boca e pele secas, diminuição da frequência e baixo volume da urina, letargia ou sonolência, cãibras musculares e febre. Os cuidados para evitar uma desidratação precisam ser levados a sério. Mesmo uma desidratação leve, ou seja, uma perda de apenas 1% do peso corporal, pode gerar os sintomas descritos.

Vale destacar que estar desidratado é diferente de sentir sede. A sede é uma condição para ajudar a manter o equilíbrio do organismo associado à necessidade de água. Pode ser um sinal de desidratação, mas também é capaz de apontar outras questões, a exemplo de uma insuficiência cardíaca, ou ainda excesso de sal ou açúcar na comida. O importante é não esperar a sede chegar para beber água e estar atento se o sintoma se tornar frequente.

A desidratação leve pode ser facilmente recuperada em casa, apenas com o repouso em local fresco e o aumento da ingestão de líquidos e eletrólitos – quando necessário. Os casos mais graves precisam ser tratados em ambiente hospitalar e com fluidos intravenosos.

É verdade que os idosos correm mais risco de desidratação?

O processo de envelhecimento faz com que as pessoas percam um volume maior de água, mas, ao invés de sentirem mais sede, não percebem que precisam se hidratar. Ou seja, com o passar dos anos a tendência é ter a capacidade de sentir sede reduzida. No cérebro existe um centro regulador dessa função que transmite a percepção da necessidade de ingestão de água. Para quem já chegou à terceira idade, a sensibilidade desse centro regulador pode ser limitada. Dessa forma, o corpo tem que perder muito mais água para a sede se manifestar, o que faz com que o risco de desidratação seja maior.

Mitos e verdades sobre beber água

Crédito: PeopleImages.com - Yuri A/shutterstock

A composição corporal dos mais velhos pode ter ainda redução da quantidade de água: idosos chegam a ter 50% do corpo composto por água, mais um fator que faz com que a desidratação aconteça de forma mais rápida. Outro aspecto é que o organismo nessa fase começa a reagir de forma diferente ao clima. O corpo nem sempre sente o mesmo calor e, com isso, deixa de enviar sinais do aumento de temperatura. Além dos idosos, gestantes, lactantes, pessoas com doenças crônicas, crianças e atletas fazem parte do grupo daqueles mais susceptíveis a desidratação.

Quanto de água devemos ingerir por dia?

Quem nunca ouviu falar que é preciso tomar ao menos 2 litros de água por dia? Porém, essa recomendação faz parte do passado. O fato é que não há uma resposta só e igual para todos. Vários fatores podem interferir na quantidade recomendada: a composição de cada corpo, metabolismo, tipo de alimentação, clima do lugar em que o indivíduo vive, idade, gênero, predisposição genética, estado de saúde, duração e intensidade da prática de atividades físicas diária, entre outros. Cada um tem assim sua necessidade específica. Na dúvida, a dica é buscar uma avaliação nutricional ou médica.

Outro ponto que gera confusão é sobre o período ou hora ideal para o consumo. Entretanto, devemos nos hidratar ao longo de todo o dia, sempre que possível, mesmo quando não sentimos sede. O que precisa ficar claro é que a hidratação é um processo dinâmico, que deve seguir as necessidades do corpo em cada momento.

Alguns dias, naturalmente, bebemos mais água, outros menos. Em alguns dias estamos mais ativos, em outros menos. Dias quentes, de muito calor e mais transpiração, vão exigir um consumo maior. Porém, mesmo depois de um dia sem a ingestão de água suficiente, o corpo tende a se recuperar quando bebemos água à noite ou até no dia seguinte. Durante um período ele se equilibra, pois temos uma reserva e certa flexibilidade para lidar com esses desafios em curto prazo - e como exceção na rotina.

Outras fontes de água para o corpo

Investir em alimentos que hidratam pode ajudar a compensar a perda de água. Entre as frutas, melancia, melão, abacaxi e laranja têm bons teores de líquidos. Já no caso de legumes, verduras e saladas, opte pelo pepino, tomate, abobrinha, agrião e alface. A água de coco é outra opção, assim como chá sem açúcar, sucos naturais e água saborizada.

No caso de bebidas esportivas, embora existam evidências de que podem melhorar o desempenho e acelerar o processo de recuperação entre as sessões de exercícios, de modo geral, elas não são necessárias. A maior parte da nossa hidratação deve vir mesmo da água, a menos que seja uma recomendação médica ou de um profissional de saúde.

A água pode ser prejudicial?

Tudo em excesso é capaz de gerar problemas, até mesmo a água! Beber um grande volume, em curto intervalo, pode ser danoso ao organismo. O consumo de forma exagerada e frequente diminui os níveis de sódio no sangue e provoca a hiponatremia, condição conhecida como intoxicação hídrica. A hiponatremia provoca sintomas como náuseas, tonturas, dor de cabeça e irritabilidade. Quadros graves podem evoluir para confusão mental, convulsões e até a morte.

É possível que o hábito de ingerir líquidos em excesso ainda tenha relação com alguns transtornos, como ansiedade e esquizofrenia. Por fim, vale ressaltar que certas doenças requerem restrição líquida: congestão pulmonar, edema generalizado e insuficiência renal ou cardíaca estão entre os problemas de saúde que podem exigir pouca hidratação - isso só deve ocorrer, porém, sob recomendação médica.


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