O segredo para uma vida longa e saudável pode não estar no DNA dos superidosos. Essa é a conclusão libertadora de um estudo pioneiro liderado pelo cardiologista Eric Topol. Mesmo que esse tópico tenha despertado o interesse da ciência e desafiado crenças sobre envelhecimento, pesquisas mostram que viver muito e com saúde pode depender menos da genética e mais de fatores ligados ao estilo de vida.
Eric Topol, fundador e diretor da Scripps Research, nos Estados Unidos, lançou recentemente o livro Super Agers: An Evidence-Based Approach to Longevity, elogiado por cientistas e ganhadores do Prêmio Nobel. Sua pesquisa sequenciou genomas de centenas de idosos saudáveis ne a descoberta desafia a crença de que a genética é o fator principal da longevidade. O sistema imunológico e o estilo de vida surgiram como peças-chave.
O ponto de partida de sua grande investigação científica aconteceu ao conhecer uma paciente ativo de 98 anos, chamada de L.R.. Ela chegou sozinha ao consultório, dirigindo seu próprio carro. A mulher vive de forma independente. Ela mantém uma rede social ativa e diversos hobbies. Essa vitalidade em uma idade avançada a classifica como uma "superidosa".
Em entrevista à BBC News Mundo, Topol destacou que a longevidade não está em pílulas milagrosas, mas em avanços científicos e escolhas cotidianas. “Talvez um dia tenhamos uma pílula mágica, mas a verdade é que não temos nenhuma, não chegamos nem sequer perto disso”, afirmou.
O estudo que desvendou o DNA dos superidosos
O estudo de Topol, chamado Wellderly, levou mais de seis anos. A equipe sequenciou os genomas de cerca de 1,4 mil octogenários, em 2007. Todos os participantes eram excepcionalmente saudáveis. Eles não tinham doenças crônicas graves. Eles não dependiam de medicação de longo prazo. Encontrar essas pessoas foi uma tarefa difícil. Os resultados, porém, foram surpreendentes. "Demoramos um tempo para fazer todo o sequenciamento dos genomas, e encontramos pouca coisa que explicasse por que eles são do jeito que são", disse Topol à BBC News Mundo. O componente genético não é a explicação predominante.
Segundo Topol, o fator genético tem papel limitado. “Talvez haja um componente genético, mas não é a explicação predominante. Pode haver um pouco de sorte, claro. Algumas pessoas podem ter muita sorte, mas não acho que isso seja o fundamental”, disse.
A principal hipótese agora gira em torno do sistema imunológico. Nos superidosos, ele permanece intacto e eficiente. Isso os protege contra câncer, doenças neurodegenerativas e cardiovasculares. Eles têm a resposta imunológica certa. Eles não desenvolvem inflamação crônica excessiva. Esse processo é conhecido como "immunosenescence" e "inflammaging". Topol acredita que todos podemos influenciar nosso sistema imunológico e isso é feito através de escolhas de estilo de vida.
Crédito: Studio Romantic/Shutterstock
Fatores práticos para uma vida longa
O cardiologista é categórico ao desmistificar soluções mágicas e sobre o DNA dos superidosos. Ele adverte sobre mitos e pseudociências. Em vez de suplementos sem comprovação, a ciência aponta para fatores concretos. A dieta, o sono, o exercício e as conexões sociais são fundamentais.
Entre todos, o exercício físico é destacado como a intervenção mais poderosa. "Se fosse um medicamento, seria o maior avanço farmacológico", disse Topol. A atividade não se restringe a exercícios aeróbicos. O treinamento de força e equilíbrio é igualmente crucial. O exercício ajuda a manter o sistema imunológico saudável. Ele previne uma série de doenças. E é imporante destacar que nunca é tarde para começar. Em seu livro, o médico cita o caso de Richard Morgan. Aos 93 anos, ele é campeão mundial de remo indoor. Ele só começou a treinar aos 73 anos.
A saúde do cérebro dos superidosos também é intrigante. Aos 80 anos, muitos têm a memória de alguém de 20 ou 30 anos. Eles podem até desenvolver proteínas associadas ao Alzheimer. Mas seu cérebro não inflama em resposta a elas. Assim, sua função cognitiva permanece preservada. O sono profundo é vital nesse processo. Durante o sono, o cérebro elimina toxinas e metabólitos inflamatórios. Dormir bem é, portanto, uma estratégia de prevenção.
Medicina preventiva
Alimentação baseada em vegetais, relações sociais ativas e contato com a natureza são outros fatores essenciais. Estudos mostram que a dieta mediterrânea ajuda a reduzir inflamações e prevenir doenças. “Há muitas coisas que podemos fazer, mas não estamos fazendo”, alertou Topol. Para ele, a ciência da longevidade está entrando em uma nova fase, em que prevenção e medicina personalizada caminharão juntas.
Em seu estudo sobre o DNA dos superidosos, Topol enxerga um futuro promissor para a medicina preventiva. Em breve, será possível fazer um prognóstico médico de precisão. Segundo o médico, com a prática da prevenção, será possível dizer que algo vai acontecer entre os 74 e 76 anos, caso não haja nenhum cuidado. Saber o risco específico e o tempo para agir será um divisor de águas. As pessoas terão motivação real para mudar hábitos. A inteligência artificial será a chave para processar todos os dados.
Para o médico, a inspiração para estudar o DNA dos superidosos vem de seus pacientes. Ele ainda atende muitos deles, alguns há mais de 30 anos. A história de L.R. e outros superidosos mostra que o envelhecimento saudável é uma meta alcançável. O caminho é construído diariamente através de escolhas.
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