Enfrentar um infarto agudo do miocárdio, o popular ataque cardíaco, como sabemos, não é nada fácil. Estamos falando de um evento de saúde muito sério, capaz de mudar a vida de um indivíduo para sempre em diferentes aspectos. Embora atualmente a maioria das pessoas sobrevivam ao infarto, as consequências podem envolver diversas sequelas, além da necessidade do constante cuidado e atenção com os fatores de risco.

Isso porque diversas pesquisas apontam que quem já encarou um ataque do coração tem mais probabilidade de passar pelo problema novamente. A taxa de recorrência, isto é, o risco de ter um novo evento cardiovascular em um período de 12 meses após o primeiro, varia de 3 a 7%. As chances são ainda maiores nos primeiros 30 dias. E quando falamos em longo prazo, quem teve um ataque cardíaco tem risco 20% maior de sofrer outro dentro de cinco anos - se comparado com alguém que nunca enfrentou o problema.

O que é o infarto?

Para seguirmos, é importante esclarecer primeiro do que estamos tratando aqui. A principal causa desse evento é a doença arterial coronariana (DAC), condição que se caracteriza como resultado da formação e do acúmulo de placas de gordura e outros componentes na parede das artérias coronárias, as responsáveis por irrigar o coração. São elas que levam ao órgão sangue com nutrientes e oxigênio, mantendo o seu bom funcionamento.

Quando são parcial ou totalmente bloqueadas, o fluxo dentro desses vasos fica prejudicado ou interrompido, o que provoca o infarto do miocárdio - o músculo cardíaco. Ou seja, na ocorrência de um ataque do coração, o miocárdio pode ficar danificado e entrar em um processo de necrose causado por essa interrupção no fornecimento sanguíneo. A área que deixou de ser irrigada perde então sua funcionalidade.

Porque é fundamental evitar que isso ocorra

Quando ocorre a morte das células devido a essa alteração no fluxo sanguíneo, elas não se recuperam mesmo após a desobstrução das coronárias. Desta forma, cada vez que um indivíduo tem um novo infarto, uma parte do miocárdio é danificada ou deixa de funcionar.

Se isso volta a se repetir, é possível chegar a um ponto em que há a diminuição da força do músculo cardíaco, que se torna incapaz de bombear o sangue da forma que deveria para o restante do corpo, o que chamamos de insuficiência cardíaca. E não é só isso. Há uma série de outras possíveis sequelas. Por exemplo, o tecido cicatrizado do coração pode levar a instabilidade elétrica permanente e arritmias recorrentes (alterações na frequência cardíaca).

Repetições de um infarto não são regra ou maioria entre os pacientes, porém, quanto mais recorrências, maior a chance de acontecer novamente. Como vimos, primeiro em razão de o sistema cardiovascular já estar comprometido. Depois porque é possível que os mesmos fatores que o provocaram ainda estejam presentes e possam novamente desencadear o problema.
Mulher de meia-idade sentindo dor e tendo ataque cardíaco ou infarto de repetição. Crédito: Perfect Wave/shutterstock

Quantos infartos um coração pode aguentar?

A probabilidade de sobrevivência, assim como as complicações subsequentes, varia de acordo com a gravidade do ataque, que envolve em especial a dimensão e o comprometimento do órgão e a velocidade do atendimento médico de emergência. A demora para desobstruir as artérias, eleva a magnitude e os possíveis danos.

Portanto, o número de ataques cardíacos não é o maior problema. São os danos ao músculo do coração que vão determinar a recuperação e a qualidade dos anos seguintes bem como a resistência desse órgão a novos contratempos. Mesmo os infartos considerados leves podem causar problemas cumulativos e disfunções no sistema cardiovascular nos anos seguintes. Ou seja, um infarto em que o músculo cardíaco é muito afetado, é mais preocupante e ameaçador do que vários que não resultaram em lesões significativas.

A gravidade de um novo infarto em números

Estudos apontam que as taxas de sobrevivência de pessoas hospitalizadas por ataques cardíacos são hoje de aproximadamente de 90% a 97%. No entanto, uma pesquisa da Cleveland Clinic (Ohio/EUA) reforça a importância de evitar que o evento volte a acontecer.

O levantamento, publicado no jornal da American Heart Association, examinou os resultados de pacientes (dados de 6.626 internações, entre 2010 a 2017) que sofreram um segundo infarto do miocárdio dentro de 90 dias após a alta do hospital: enquanto cerca de 2,5% foram readmitidos no período por outro ataque, quase 50% morreram dentro de cinco anos.

Que fatores podem influenciar?

O risco de um novo infarto do miocárdio ou outro evento cardiovascular não é o mesmo para todos. Vai depender e variar de acordo com inúmeros fatores. Entre eles, alguns modificáveis, isto é, que podem ser controlados, como: tabagismo, consumo de álcool, controle do peso, sedentarismo, estresse e saúde mental, alimentação, qualidade do sono, monitoramento das taxas de colesterol, pressão arterial e diabetes e a adesão ao tratamento recomendado.

Entretanto, há aspectos a serem considerados na reincidência que não são passíveis de controle por parte do paciente. Aqui podemos listar, por exemplo: idade, sexo, histórico familiar e predisposição genética, número e tipo de eventos cardiovasculares anteriores, resposta do organismo ao tratamento e a capacidade de bombeamento restante do coração.

Cuidados e prevenção

A reabilitação cardíaca e a prevenção secundária são extremamente importantes não só na recuperação de um ataque cardíaco, mas para evitar que novos eventos e complicações aconteçam. Isso inclui um conjunto de medidas e recomendações médicas com questões que provocaram o problema ou para administrar as consequências. Pesquisas citadas pela Associação Americana do Coração mostram que a reabilitação ajuda a reduzir em 47% a chance de um ataque subsequente.

Os pacientes devem ainda compreender que a rotina e talvez até a qualidade de vida seja diferente por um tempo. Muitas vezes atividades simples se tornam exaustivas. É fundamental dar ao corpo o período necessário para recuperação. O coração precisa, geralmente, de três meses para se reestabelecer - para algumas pessoas isso pode levar mais tempo.

Além disso, devemos deixar para trás a ideia de que o infarto é uma questão de quem chegou à terceira idade. Casos na faixa dos 20, 30 ou 40 anos se multiplicam no Brasil e no mundo. Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), aproximadamente 14 milhões de pessoas no país têm alguma doença cardiovascular e cerca de 400 mil morrem por ano em decorrência dessas enfermidades. Entre os principais motivos está o infarto agudo do miocárdio.

Os cuidados, portanto, têm de se estender durante toda a nossa trajetória. Ter um ataque cardíaco pode ser assustador, mas precisa ser encarado como um alerta, uma nova chance para cuidar e dar a devida atenção à saúde cardiovascular.


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