À medida em que se alonga a duração da pandemia da Covid-19, cresce também a ansiedade em razão do distanciamento social. Há meses sem contato físico com outras pessoas, alguns idosos se questionam quando poderão, por exemplo, abraçar e beijar os netos. Para ajudar a responder esta pergunta, o Instituto de Longevidade Mongeral Aegon buscou informações sobre como ocorre a transmissão do novo coronavírus e os riscos envolvendo ações como abraçar, beijar e fazer sexo.

Médico infectologista e consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), o doutor Marcelo Daher explica que a transmissão da Covid-19 ocorre por via respiratória pelas gotículas de saliva expelidas ao falar ou tossir. Ele esclarece que, como não há transmissão do novo coronavírus pelo suor, o abraço por si só não oferece risco.

transmissão do novo coronavírus

Dr. Marcelo Daher, especialista em infectologia da SBI, explica como ocorre transmissão do novo coronavírus. Crédito: Divulgação

Já beijar e conversar são atos em que há proximidade das vias respiratórias, então são mecanismos passíveis de transmissão. “Se os dois estiverem usando máscara, reduz o risco. Mas, ainda assim, não aconselho o beijo porque a máscara serve para filtração, então o vírus pode estar na superfície da máscara”, destaca.

Além do uso da máscara, estudo realizado pela Universidade de Oxford (Reino Unido) em parceria com o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (Estados Unidos) apontou outros três fatores determinantes para se categorizar o risco de transmissão. São eles: tempo de contato, ventilação do local e número de pessoas interagindo. A partir desses dados, os pesquisadores criaram uma tabela que ajuda a avaliar quais cuidados se deve ter ao se reunir com outras pessoas (veja abaixo).

O estudo deixa claro que os fatores de contágio estão conectados. Neste sentido, Marcelo Daher recomenda bom senso e avaliação dos riscos nas interações entre idosos e outras pessoas. “Em um toque rápido, como um beijo de uma avó na testa de um neto, não vejo grande risco para transmissão. Já se estão todos juntos em um lugar fechado, conversando, brincando ou cantando, é uma exposição continuada que aumenta o risco”, complementa.

O especialista também esclareceu sobre os riscos envolvendo sexo e coronavírus: “Se o ato sexual fosse pura e simplesmente o ato fisiológico, não haveria risco de transmissão. Mas não é assim. Tem toque, tem beijo, então há um risco maior”, explica Daher. Para minimizar as chances de contágio, o ideal é que os parceiros sejam fixos e residam juntos, mantendo o distanciamento social.

Confira a seguir os riscos de contágio do novo coronavírus pelo contato físico

Baixo risco

  • Abraçar outra pessoa - preferencialmente usando máscaras e sem conversas com o rosto próximo.
  • Beijar alguém fora do rosto - o beijo de uma avó na cabeça de um neto, por exemplo, não oferece grandes riscos. O risco é diferente se a avó recebe um beijo: neste caso, o contágio pode ocorrer pela saliva se quem oferece o beijo estiver contaminado.
  • Encostar nas mãos - o toque por si só não transmite, mas é necessário lavar as mãos em seguida para não correr o risco de, com a presença do vírus nas mãos, levá-lo a portas de contágio como boca, olhos e nariz.

Alto risco

  • Conversar e cantar - principalmente em locais fechados ou sem máscaras.
  • Beijar na boca – a transmissão do vírus ocorre por meio do contato com secreções contaminadas como as gotículas de saliva.
  • Sexo - em especial com parceiros esporádicos que não convivam na mesma casa.

Informação e bom senso

Para o doutor Marcelo Daher, os avanços científicos desde o início da pandemia trazem informações valiosas para que as pessoas tenham mais segurança e bom senso em suas atividades cotidianas e interações sociais. Ele pondera que “precisamos avançar nos protocolos a partir do conhecimento acumulado ao longo do tempo” e que, neste momento da pandemia, já não é preciso lidar com o coronavírus como se lida com o ebola, por exemplo, que é uma doença com risco de contaminação pelo suor.

O médico argumenta que, com as novas informações sobre a Covid-19 e com a conscientização da população, já é possível humanizar os protocolos de velórios. “Quem oferece risco é o vivo, não o morto, ele já não transmite o vírus. Temos um cenário em que a pessoa fica internada muito tempo, a família do lado de fora sem saber o que está acontecendo, depois morre e é enterrado sem que nem possam enxergar o ente querido. A morte é ruim de qualquer forma, mas assim é pior”, avalia o especialista em infectologia.

 Ele faz um alerta para aqueles que acham que a pandemia já acabou ou estão relaxando as medidas de prevenção, como o uso de máscaras, o distanciamento social e a higienização das mãos. “A doença está perdendo força, mas ainda existe, a pandemia segue acontecendo. Sei que é ruim, as pessoas estão cansadas e o modo de vida de todo o mundo mudou. Mas se a gente já passou por todo esse período, vamos aguentar mais um pouquinho para chegarmos em 2021 com tranquilidade”, conclama.

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