Você já teve insônia? Se a resposta é sim, saiba que não está sozinho. Um levantamento feito em 2023 pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) aponta que mais de 70% dos brasileiros sofrem com os distúrbios relacionados ao sono, entre eles a insônia.
Essa denominação é dada para as doenças e condições que afetam a qualidade do sono, seja impedindo a pessoa de adormecer, interrompendo ou tornando sua qualidade insatisfatória, quadro que não permite uma restauração eficiente do organismo.
Do que estamos falando
A insônia é tida como um distúrbio que se caracteriza pela dificuldade de iniciar o sono, mantê-lo continuamente durante a noite ou o despertar antes do horário desejado. Pode ser classificada como aguda ou crônica, dependendo da duração. Por isso, para muitos, é mais do que apenas uma dificuldade ocasional para adormecer; é uma condição que chega a persistir por semanas, meses ou até anos.
Sintoma ou doença?
A insônia é considerada tanto um sintoma quanto uma doença, dependendo do contexto em que surge e da sua causa subjacente. Essa distinção é importante para compreender como ela se manifesta e deve ser tratada.
- Quando é um sintoma
A insônia é considerada um sintoma se vem associada à outra condição, evento ou situação, como mudanças de hábitos ou rotina, viagens, compromissos, reuniões, provas, problemas de relacionamento, na família, desemprego, etc.
Há relação ainda com distúrbios emocionais e psiquiátricos (ansiedade, depressão e estresse, por exemplo), doenças físicas que geram dificuldade para dormir (como dores crônicas, hipertireoidismo, apneia e refluxo), fatores ambientais (ruídos, luz excessiva ou condições adversas de temperatura), estilo de vida (falta de atividade física, utilização de dispositivos eletrônicos na hora de ir para cama e horários irregulares para dormir) e o uso de certas substâncias (entre elas o consumo excessivo de cafeína, álcool ou medicamentos).
- Quando é uma doença
A insônia é considerada uma patologia quando não está diretamente ligada a outras questões e se apresenta como o problema principal. No geral, ocorre de forma recorrente pelo menos três vezes por semana e se prolonga por três meses ou mais. Nesses casos é classificada como primária ou crônica.
Segundo a Associação Brasileira do Sono (ABS), nos casos crônicos, a insônia costuma ter duração média de 3 anos, podendo estar presente entre 56% a 74% dos pacientes no decorrer do ano, e em 46% deles de forma contínua, implicando em riscos para o desenvolvimento de outras doenças.
Quem mais sofre com o distúrbio
Fatores como idade, sexo e condição socioeconômica estão entre os aspectos determinantes na população que sofre com a insônia. O problema é, por exemplo, mais comum entre as mulheres, possivelmente por influência hormonal.
Levantamentos recentes apontam que mulheres com 45 anos ou mais relatam sono de má qualidade ou insônia após a chegada da menopausa, momento em que há o declínio da produção de estrógeno pelo corpo. Além disso, nessa fase há uma variação nos níveis sanguíneos de estradiol, que promovem alteração dos neurotransmissores serotonina e dopamina, igualmente ligados à regulação do sono.
Idosos
Outro grupo que apresenta maior incidência de insônia são os idosos. A explicação está, em especial, nas alterações naturais do processo de envelhecimento, que pode ser potencializado pelo fato desse grupo etário ter tendência em apresentar mais comorbidades ou doenças que interferem no funcionamento do organismo.
O sono tem seu padrão modificado com o passar do tempo: com a chegada à terceira idade, é normal ser mais leve, o adormecer demorar mais e ocorrer uma quantidade maior de interrupções durante a noite. A necessidade de sono também diminui. Boa parte dos idosos precisa de apenas seis ou sete horas de repouso.
O principal motivo para isso está relacionado com a melatonina, hormônio responsável pela regularização do sono, que com o envelhecimento tem sua produção reduzida. Para se ter ideia, uma pessoa de 60 anos possui a metade de melatonina de um indivíduo com 20; aos 70, os níveis são bem mais baixos, chegando a serem nulos em alguns casos.
Crédito: amenic181/Shutterstock
A insônia e a saúde do coração
A finalidade de dormir é a recuperação do corpo. Durante o sono, a respiração se estabiliza e o ritmo cardíaco e pressão arterial diminuem, fazendo o organismo entrar em um estado de compensação de energia. Ao dormir horas a menos do que o necessário ou dormir mal não é possível ocorrer essa pausa e, ao contrário dos benefícios do descanso, os batimentos e a pressão tendem a subir.
Estudos revelam que pessoas com problemas no sono estão mais propensas a batimentos irregulares e palpitações. Isso em partes porque a insônia pode elevar as taxas do hormônio relacionado ao estresse, o cortisol. O sono deficiente, incluindo despertares bruscos, é capaz de provocar outras alterações na resposta do corpo a essa situação, como o aumento da inflamação no organismo. Uma inflamação crônica contribui para a formação de placas e o endurecimento das artérias.
Todas essas mudanças exigem mais do coração e elevam a possibilidade do desenvolvimento de fatores de risco como a hipertensão, diabetes, colesterol e obesidade, além do aparecimento ou agravamento de danos ao sistema cardiovascular, doenças cardíacas (como arritmias, doença arterial coronária e insuficiência cardíaca) e até aumento da chance de infartos e acidentes vasculares cerebrais (AVC).
Outros problemas
Quem sofre de insônia pode apresentar ainda: redução da imunidade; cansaço crônico e fadiga excessiva; déficit de atenção, concentração ou memória; diminuição da produtividade; prejuízo nas relações sociais, familiares, ocupacionais ou acadêmicas; alteração do humor, impaciência e irritabilidade; sonolência diurna; alterações comportamentais (hiperatividade, impulsividade e
agressividade) e perda de motivação. Assim, a insônia compromete significativamente não só a saúde, mas o bem-estar e a qualidade de vida.
Recomendações
De modo geral, o tempo necessário para um sono reparador varia de uma pessoa para outra. A maioria dos adultos, porém, precisa dormir entre 6 e 8 horas. É recomendado estar na cama sempre por volta do mesmo horário e dormir uma quantidade semelhante de horas todos os dias - o corpo precisa dessa rotina.
É indicado também não ingerir alimentos pesados ou que contenham cafeína próximo do horário em que costuma deitar, manter o quarto silencioso e com pouca ou nenhuma luz, sem televisão, e evitar o hábito de mexer no celular antes de dormir. É igualmente importante manter a prática regular de atividades físicas, entretanto, nesse ponto vale uma ressalva: exercícios intensos podem dificultar o início do sono, portanto, deixe esse tipo de atividade para outros momentos do dia.
A insônia crônica requer abordagem e tratamento específicos, como mudanças comportamentais, terapia cognitivo-comportamental e, em alguns casos, medicação – e isso apenas se prescrito pelo médico que avaliar o quadro.
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