O passar dos anos é inevitável, mas para envelhecer com saúde é preciso fazer escolhas mais certeiras ao longo da vida. Priorizar a saúde física e mental não só aumenta a longevidade, mas também garante autonomia, reduz o risco de doenças e promove uma vida plena e gratificante. Ou seja, é preciso entender que o autocuidado é fundamental para garantir equilíbrio e bem-estar em todas as fases da vida, especialmente na terceira idade.
Estudos da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que até 70% das doenças crônicas em idosos podem ser evitadas- ou postergadas - por meio de hábitos saudáveis iniciados desde a juventude. A prática de exercícios físicos regulares, por exemplo, reduz em até 40% os riscos de doenças cardiovasculares e de declínio cognitivo. Paralelamente, o autocuidado mental, como investir em terapia ou encontrar formas de aliviar o estresse, é essencial para evitar transtornos como ansiedade e depressão.
Terapeuta na geriatria, a Dra. Glaucia Pettine afirma que "o envelhecimento saudável começa muito antes da velhice. Ele é construído a partir do autoconhecimento e de cuidados contínuos ao longo da vida". Segundo ela, compreender as próprias necessidades físicas e emocionais ajuda a construir uma rotina equilibrada. "Se respeitar e investir em si mesmo não é egoísmo, é uma forma de garantir que, no futuro, você estará melhor preparado para enfrentar desafios naturais da idade", reforça.
A Dra. Glaucia também alerta para o perigo de deixar o autocuidado de lado por causa de responsabilidades externas. "Muitas pessoas chegam à terceira idade com frustrações, por terem vivido sempre em função de outros. O autoconhecimento é a chave para quebrar esse ciclo, reconhecer suas prioridades e aprender a dizer não quando necessário", explica.
Crédito: Studio Romantic/Shutterstock
Começar é preciso: o impacto da atividade física para envelhecer com saúde
Segundo a personal trainer Antonieta Amodio, a atividade física pode ser considerada um medicamento sem contraindicação para quem quer envelhecer com saúde. “O efeito colateral só tem benefícios. De forma gradual e contínua, observamos melhoras tanto para o lado físico quanto para o emocional e psíquico. Não existe idade ideal para começar, como também não existe idade ideal para não fazer mais", avalia.
Antonieta explica que o corpo humano não foi feito para ficar parado e que é preciso exercitá-lo para prevenir e/ou postergar muitas doenças do envelhecimento. "Elas são naturais, mas com o corpo saudável, treinado, muitas doenças que a maioria das pessoas, depois de uma certa idade, apresenta, acabam sendo postergadas ou, em muitos casos, não aparecem”, avalia.
A especialista afirma que, além dos benefícios físicos, movimentar o corpo também ajuda na convivência com outras pessoas. “É muito legal isso, pois ao praticar atividade física, os idosos também têm uma convivência fora do convívio da família. E muitas vezes a pessoa idosa vive muito sozinha, acaba até mesmo desenvolvendo uma grande depressão. E quando entra em depressão, tem menos vontade ainda de sair de casa”, alerta.
A opinião é compartilhada pela Dra. Gláucia. "É na mente que começam muitas barreiras para a adoção de hábitos saudáveis, por isso, atividades simples, como dançar, participar de rodas de conversa ou até passeios ao ar livre podem ter efeitos transformadores na vida de um idoso", diz.
Como escolher a melhor atividade física
A maioria dos especialistas acredita que a escolha do exercício físico precisa considerar o que a pessoa gosta de fazer. “É necessário que dê vontade de continuar, de ir duas vezes por semana pelo menos ou até todos os dias. A pessoa pode intercalar as atividades também. Pode fazer pilates, musculação e pegar um outro dia para fazer caminhada com os amigos no parque, por exemplo. Não tem limite, o que tem é um aumento da disposição”, diz Antonieta.
Para Valquíria, 63 anos, gostar de caminhar e de estar em contato com a natureza foi fundamental para inserir a atividade física na rotina. Após anos cuidando de sua mãe, ela se mudou para o interior e encontrou no Centro de Referência do Idoso um espaço para cuidar de si mesma. "Caminhar ao ar livre me deu energia e clareza mental. E, e no Centro de Referência do Idoso, eu pratico outras atividades e conheço pessoas. Não quero ficar doente ou dependente no futuro, então comecei a cuidar de mim agora", conta.
Ela afirma que, com a atividade física, ganhou mais vontade de fazer outras coisas. "Gosto de levantar cedo para praticar, e isso me faz muito bem. Caminho, fico em contato com a natureza, cuidando do corpo e da mente. Tenho 63 anos. Sei que ficar paralisada, assistindo TV ou dormindo demais, prejudica a saúde e acelera o envelhecimento”, avalia. Sua rotina de exercícios e convivência social demonstra que nunca é tarde para priorizar o autocuidado.
Crédito: Valquíria, 63 - Arquivo pessoal
Prevenção é a base de tudo
Um alerta importante é que cuidar da saúde física e mental focando em prevenir no lugar de remediar deve ser um hábito a ser construído o quanto antes. Ir ao médico, praticar atividades físicas e cuidar da mente são práticas que não dependem da idade.
"A terapia deveria ser introduzida desde a escola. Muitos acreditam que podem resolver tudo sozinhos, mas, em determinadas situações, o suporte terapêutico é fundamental. Não basta apenas tomar remédios. Há doenças patológicas que requerem tratamento médico, mas também há questões emocionais que necessitam de suporte", avisa a Dra. Gláucia.
Além disso, ela enfatiza a importância de exames regulares e práticas preventivas para envelhecer com saúde. "A prevenção começa cedo, desde a alimentação equilibrada até consultas periódicas com especialistas. Geriatria, por exemplo, não é só para idosos. Começar os cuidados aos 30 ou 40 anos faz toda a diferença para envelhecer com qualidade", afirma.
Consultar um geriatra pode ser algo recomendável, inclusive, na faixa dos 30 ou 40 anos, visando à prevenção de doenças como diabetes e outros problemas de saúde. "Mulheres na faixa dos 50 anos, por exemplo, às vezes passam anos sem ir ao ginecologista. Mas um câncer pode surgir a qualquer momento, por isso o preventivo é extremamente importante. Se você não se cuida, uma hora o corpo não aguenta", alerta a Dra. Gláucia.
O caminho para um envelhecimento saudável
As especialistas concordam que, com atitudes simples e conscientes, é possível construir um caminho para envelhecer com saúde. Incorporar práticas saudáveis, se conhecer e se priorizar são os pilares para um envelhecimento saudável, ativo, independente e cheio de vitalidade. Seja por meio de atividades físicas, terapia ou socialização, o importante é começar hoje para colher os benefícios no futuro. Confira algumas orientações:
- Invista no autoconhecimento: entenda suas necessidades e desejos para priorizar o que realmente importa.
- Mantenha uma rotina de atividades físicas, como caminhadas ou alongamentos, para fortalecer o corpo e a mente.
- Estimule sua saúde mental com hobbies, leitura, terapia e interação social.
- Faça exames preventivos regularmente, iniciando os cuidados com a saúde ainda jovem.
- Priorize uma alimentação equilibrada para evitar doenças crônicas e melhorar a qualidade de vida.
- Construa e mantenha conexões sociais para reduzir o isolamento e preservar a vitalidade emocional.
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