Quando pensa em um ataque do coração, o que lhe vem à cabeça em primeiro lugar? Possivelmente, uma dor lancinante no peito, certo? Pois nem sempre esse é um dos sintomas de infarto, principalmente nas mulheres.
“As pessoas nem sempre apresentam o sintoma clássico, que é a dor forte no peito, acompanhada de um aperto na região que vai da boca do estômago até o pescoço, muitas vezes se espraiando pela mandíbula e pelo braço esquerdo”, descreve Élcio Pires Júnior, cirurgião cardiovascular e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular.
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Aliás, a maioria das pessoas que enfartam, independentemente do sexo, não são acometidas dessa dor mais violenta, de acordo com o cardiologista Gilmar Reis, pesquisador e coordenador do curso de medicina da PUC Minas (Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais) no campus de Contagem. “É mais comum sentirem um desconforto ou mal-estar que pode ser associado à má digestão”, afirma.
Algumas dessas reações costumam ser associadas a outras questões de saúde, o que acaba retardando a busca por socorro e minimizando as chances de recuperação. Um bom exemplo disso são os sintomas confundidos com males do aparelho digestivo.
Os especialistas explicam, a seguir, quais são as diferenças de sintomas de enfarto em homens e mulheres e como identificá-las.
Sintomas de infarto
Intensidade da dor
As diferenças entre homens e mulheres na seara do infarto já começam mesmo pela própria percepção da dor, que costuma ser muito mais acentuada nos homens. “As mulheres são mais resistentes, têm uma tolerância maior a ela”, afirma Pires Júnior.
Enjoo e vômitos
Náusea, vômitos e queimação no estômago podem aparecer quando a mulher está enfartando. Tais sensações podem ser atribuídas a algo que se comeu e que não tenha “caído” bem.
Tonturas e desmaios
É importante as mulheres ficarem atentas aos outros indicadores do infarto no coração feminino. Além de náuseas e vômitos, são comuns tonturas e eventualmente desmaios. Mais uma vez, tais sintomas podem ser negligenciados por ser atribuídos a outras possíveis doenças, como a labirintite. Podem aparecer ainda suor excessivo e fadiga.
Dormência nos membros
Também é menos frequente nas mulheres a irradiação da dor. “Em vez disso, elas podem sentir dormência no braço e na mão esquerdos”, especifica Élcio Pires. Quando a paciente é diabética, diferenças como essa são ainda mais marcantes, uma vez que quem sofre desse mal costuma ter menos sensibilidade à dor física. O mesmo vale para as pessoas idosas.
Confusão sobre a origem da dor
Gilmar Reis, da PUC Minas, destaca ainda outro ponto importante que pode dificultar o diagnóstico do infarto nas mulheres. “A dor ou o desconforto que porventura venham a sentir na região torácica podem ser confundidos com algum problema relacionado às mamas”, alerta. “Determinados nódulos ou mesmo o volume dos seios podem ocasionar reações dolorosas.”
Quando buscar ajuda
Claro que não é recomendado desprezar indícios de que algo não vai bem com o coração. No entanto, para que não se estabeleça uma situação de pânico ou angústia sem necessidade, Pires observa que a procura imediata por socorro deve ser priorizada quando há a ocorrência de mais de um dos sintomas de enfarto apresentados.
Segundo ele, é preciso ainda observar as regiões do corpo em que esses sintomas aparecem antes de relacioná-los a um mal cardíaco. “Não é por haver um formigamento na mão direita ou no pé que é preciso se preocupar com a possibilidade de um infarto”, frisa.
Mortalidade maior
Por os sintomas de infarto serem mais difusos nas mulheres que nos homens, elas costumam demorar mais para pedir ajuda. Dessa forma, fazem aumentar o risco de morte por essa causa entre a população feminina, na comparação com a masculina. Vale frisar ainda que as chances de a mulher enfartar aumentam depois da menopausa, devido ao fim da ação de determinados hormônios, como o estrogênio, que protegem o coração.
