A história é muito semelhante para muitas pessoas: aparece uma mancha ou há a alteração de uma pinta. A primeira reação é pensar: “bobagem, não deve ser nada”. Anos depois, um médico faz o diagnóstico. A manchinha era um sintoma de câncer de pele.
“O tempo médio para detectar o câncer é de dois anos. No sistema público, pode levar cinco anos. E o ideal é que não passe de um ano”, explica o dermatologista Flávio Barbosa Luz, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
Há, no entanto, uma forma simples que pode ajudar a mapear alguma alteração potencialmente perigosa – a do ABCDE. As cinco letrinhas correspondem a assimetria, bordas, cor, diâmetro e evolução. Confira na ilustração abaixo.
Crédito: Sociedade Brasileira de Dermatologia
“A avaliação de uma lesão não é fácil”, destaca Flávio. Mas, com a regra do abecedário em mente, é possível procurar um médico ao notar qualquer alteração.
A Sociedade Brasileira de Dermatologia também tem uma lista de dez perguntas que ajudam a identificar se a pessoa faz parte de grupos de risco – e, por isso, deveria procurar regularmente um especialista. São elas:
1. Alguém da sua família tem ou teve câncer?
2. Você já teve mais de seis queimaduras de sol durante a vida, daquelas que a pele fica muito vermelha e ardendo?
3. Você tem muitas sardas?
4. Você tem mais de 50 pintas no corpo?
5. Você tem pele muito clara, daquelas que sempre queima no sol e nunca bronzeia?
6. Você não consegue se bronzear?
7. Você está com alguma ferida que não cicatriza?
8. Você tem alguma pinta no corpo que está se modificando, mudando de cor ou crescendo?
9. Já teve câncer de pele?
10. Você tem mais de 65 anos de idade?
O sim a qualquer uma delas não é uma sentença, mas um alerta: você deve se cuidar. E esses cuidados incluem, além da consulta regular a um especialista, evitar a exposição excessiva ao sol e proteger a pele dos efeitos da radiação UV. “O excesso de radiação solar é responsável por 95% dos casos de câncer de pele”, destaca Flávio.
“O Brasil é o terceiro país com a maior incidência de câncer de pele”
O que fazer, então? Muita gente sabe de cor: usar chapéus, camisetas e protetor solar; evitar exposição das 10h às 16h; procurar sombras para se instalar; usar óculos escuros. Falta, explica o médico, colocar em prática. “O Brasil é o terceiro país com a maior incidência de câncer de pele”, alerta.
Por ano, no país, os novos casos de câncer de pele não melanoma somam 176 mil – 80,9 mil homens e 95 mil mulheres. É, segundo o INCA (Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva), o mais frequente na população brasileira. Os novos casos de melanoma totalizam 5.670.
Os tratamentos passam por cirurgias e uso de medicação, dependendo do caso. “Detectar no início pode salvar vidas, evitar cicatrizes, se preservar de deformações”, resume o médico.