Entenda as causas da reação do organismo, que também pode sinalizar doenças

De repente você começa a sentir o seu corpo tremer. Mãos, braços, pernas e boca estão entre os locais em que percebemos o sintoma com mais frequência. As razões para que isso ocorra são variadas: podemos tremer de frio, medo, ansiedade, raiva, nervosismo ou estresse.

Os movimentos involuntários ocorrem ainda por conta do consumo excessivo de cafeína, como efeito colateral de determinados medicamentos, do uso de drogas, estimulantes e outras substâncias ou em decorrência de certas doenças, a exemplo do Parkinson, talvez a mais conhecida delas.

Na maioria dos casos, não apresenta consequências ou riscos à saúde. Ainda assim, seja qual for o motivo, a condição incomoda, atrapalha e tem impacto na qualidade de vida. Além disso, merece atenção uma vez que também pode ser um sinal de algo mais sério e complexo, que precisa de cuidados e tratamento. Por isso, em especial quando recorrente, os tremores merecem ser investigados.

Para entender melhor o assunto

Os tremores são movimentos rítmicos não intencionais e incontroláveis de um membro ou parte do corpo. Podem ser classificados entre fisiológicos (uma reação ao frio, por exemplo), psicológicos (por estresse e ansiedade) ou patológicos (associado a alguma enfermidade).

Afetam na maioria das vezes mãos, braços, cabeça, rosto, cordas vocais, tronco ou pernas. Podem acometer as pessoas em estado de repouso ou em movimento. Importante é não confundir um tremor com um espasmo muscular, ou seja, uma contração involuntária de um músculo, estremecimento que pode, inclusive, ser visível sob a pele. O espasmo pode ocorrer por uma fadiga muscular ao excesso de esforço ou atividade física ou ainda por lesões na musculatura.

Na lista dos tremores mais comuns está aquele que ocorre por conta da queda na temperatura e provoca uma rápida contração dos músculos. Uma forma que o corpo encontra para tentar manter-se aquecido: a contração involuntária ajuda na produção de calor.

As condições cardíacas e os tremores

Talvez nem todos tenham conhecimento, mas os tremores também estão associados a complicações cardíacas – por consequência delas ou originados por uma questão neurológica primária, como um acidente vascular cerebral (AVC), doença de Parkinson ou esclerose múltipla. Por isso, o envolvimento do coração deve ser sempre cuidadosamente investigado. Ou seja, o corpo trêmulo pode ser o sinal de um processo que também pode afetar a saúde e o funcionamento do órgão.

Tremedeira: o que acontece no coração quando você sente seu corpo tremer

Crédito: Pixel-Shot/shutterstock

No caso das doenças cardíacas, alguns exemplos que geram a tremedeira no corpo são: cardiomiopatias, arritmias, defeitos de condução, malformações estruturais, doença coronariana, valvulopatias ou disfunção autonômica cardíaca. Indivíduos com disfunções da glândula tireoide, alterações na pressão arterial, diabetes, doenças hepáticas (aquelas que envolvem o fígado) também podem apresentar tremores entre os sintomas mais comuns, especialmente quando essas condições estão fora de controle ou em sua fase aguda – e não podemos esquecer: todas elas são igualmente ligadas a um risco maior de complicações cardiovasculares.

Transtornos psicológicos

Em quadros de medo, ansiedade, raiva, nervosismo e estresse o organismo se prepara para uma reação de luta ou fuga. Diversos hormônios estimulantes são liberados no corpo, como a adrenalina e a noradrenalina. Tais substâncias levam à contração muscular involuntária que pode desencadear tremores e espasmos pelo corpo.

O coração nesse cenário também sofre mudanças e começa a bombear sangue de forma mais rápida. O ritmo dos batimentos cardíacos aumenta. O fluxo sanguíneo muda e, ao invés de priorizar os órgãos internos, passa a favorecer os principais grupos musculares. O organismo mobiliza energia e libera mais açúcares e gorduras na corrente sanguínea. A pressão arterial tende a subir.

Em quadros de crises de ansiedade e ataques de pânico grande parte das pessoas também experimenta esses sintomas simultaneamente aos tremores corporais, e ainda associados ao formigamento nas mãos, dores abdominais e de cabeça, tonturas, sensação de desmaio, apertos no peito e falta de ar.

De modo geral, as reações descritas são temporárias e passam logo após o fim da situação que causou esse tipo de estresse ao corpo. No entanto, em alguns casos, são intensas o suficiente para servirem de gatilho para o agravamento de problemas diagnosticados previamente. Assim, emoções intensas são capazes de desencadear um ataque cardíaco, especialmente em indivíduos suscetíveis, que já sofrem de outras condições cardíacas e têm fatores de risco para tal.

Tremor essencial

Quando falamos de tremores é válido mencionar o “tremor essencial”, que embora não represente um risco à saúde, pode ser debilitante e gerar desconforto aos seus portadores, uma vez que impede atividades básicas do dia a dia. As causas do tremor essencial ainda são desconhecidas. A desordem pode aparecer na juventude e se agravar com a idade. Confundido erroneamente com o Parkinson, o tremor essencial afeta, segundo estimativas, uma em cada 20 pessoas com mais de 40 anos, e uma em cada cinco com mais de 65 anos.

A idade aumenta as chances da tremedeira constante?

Muitos questionam essa relação entre os tremores e idade, porém, nem sempre o sintoma vai se manifestar ao envelhecermos. O fato é que pacientes idosos, de modo geral, têm mais riscos de apresentar as doenças que acarretam os tremores, como Parkinson, o AVC (quando afeta regiões do cérebro que comandam nossos movimentos), entre outras condições cardíacas aqui listadas.

Também, com o avançar dos anos, aumenta a probabilidade da utilização de medicamentos de uso contínuo, aqueles que geram algum tremor como efeito colateral, situação mais frequente na rotina da pessoa idosa. Mas isso não é regra. Pacientes jovens também podem apresentar tremores pelos mesmos motivos e até por doenças genéticas - que são mais raras.

O que fazer?

Os tremores estão presentes na nossa jornada e vão acontecer incontáveis vezes durante a vida, seja em momentos em que somos submetidos a uma prova, em uma situação de medo ou ansiedade, por conta de uma entrevista de emprego, em um encontro ou ocasião especial e até nos jogos esportivos, como a Copa do Mundo, que envolve uma intensidade maior de emoções para a maioria.

O importante é entender que, quando passageiros, são reações normais do nosso organismo a determinadas situações pontuais. Da mesma maneira que surgem, se vão dentro de um curto espaço de tempo. A preocupação deve surgir apenas quando o sintoma é constante e frequente.

Existe uma série de sinais que devem ser observados para distinguir episódios comuns, que acontecem em reação ao ambiente externo, de uma consequência por causa de uma doença mais complexa. É necessário confirmar ou afastar hipóteses por meio de exames, avalições clínicas e histórico de saúde. Devemos identificar os motivos que desencadeiam os tremores e se existem fatores associados. Portanto, quando presente no cotidiano de forma mais intensa, precisa ser investigado.

As formas de tratamento vão depender do diagnóstico, podendo ser mais brando, como recorrer a atividades que ajudem na calma e concentração, com a substituição ou adequação de medicamentos que interferem no sistema nervoso ou ainda mais invasivo, por meio de estimulação cerebral. A recomendação é estar alerta aos sinais do corpo e, na dúvida, buscar orientação médica.

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