Na primeira parte da nossa entrevista exclusiva com o Dr. Egídio Dórea, médico, pesquisador e coordenador do programa USP 60+, falamos sobre sua trajetória na Universidade de São Paulo e os projetos que conectam ensino, pesquisa e ações práticas para o envelhecimento saudável.
1. Como começou sua trajetória na Universidade de São Paulo?
Minha trajetória na USP começou em 1990, quando vim fazer residência no Hospital das Clínicas, em clínica médica e, posteriormente, em nefrologia. Após a residência, iniciei o doutorado em nefrologia e, em 1993, passei no concurso para o Hospital Universitário da USP, onde trabalho até hoje. Lá coordenei ambulatórios de hipertensão, doenças metabólicas, doença renal crônica não dialítica, prevenção de quedas e o ambulatório de clínica médica.
2. Qual é o seu papel atual na USP e quais os maiores desafios enfrentados?
Hoje coordeno o Programa de Envelhecimento Ativo da USP, que envolve diversas unidades e visa oferecer oportunidades de envelhecimento ativo aos funcionários. Também coordeno há 10 anos a Universidade Aberta à Terceira Idade – a USP 60+ – e integro a Comissão de Direitos Humanos da USP. O maior desafio é ampliar o papel da USP 60+ e aumentar a conscientização da comunidade uspiana sobre a importância da participação ativa no processo de envelhecimento.
3. Como a USP tem se preparado para lidar com o envelhecimento da população brasileira?
A USP, por meio dos seus centros de excelência, tem desenvolvido pesquisas e ações que vão desde estudos experimentais até ensaios clínicos e estudos longitudinais sobre envelhecimento. Com parcerias estratégicas, continua na vanguarda do estudo dos mecanismos do envelhecimento e das doenças associadas.
4. Quais projetos ou iniciativas mais o orgulham dentro da universidade?
O que mais me orgulha é o programa USP 60+. Com cerca de 8 mil vagas anuais em atividades oferecidas pelos diversos campi, impactamos positivamente a sociedade. Destaco os prêmios Arte e Literatura USP 60+, o programa Memórias Sonoras 60+ com a OSUSP, o Ciclo de Cinema em parceria com o CINUSP, os simpósios anuais sobre envelhecimento ativo e campanhas como #SouMaisSessenta, contra o idadismo, em parceria com a prefeitura e o metrô.
Crédito:USP 60+
5. Como a atuação acadêmica pode influenciar as políticas públicas voltadas à longevidade?
A academia é o berço das ideias e das propostas que embasam políticas públicas. Estudamos causas, efeitos e abordagens e precisamos manter um diálogo constante e prioritário com os órgãos responsáveis pela sua criação e implementação.
6. Existe algum trabalho interdisciplinar na USP que mereça destaque quando se fala em saúde e envelhecimento?
Sim. O Programa de Envelhecimento Ativo é um exemplo, pois envolve unidades como Economia, Administração, Enfermagem, Psicologia, Veterinária, Farmácia, Esportes, Gerontologia e o Hospital Universitário. Outros grupos importantes são os de prevenção de quedas e de obesidade.
7. Qual a importância da formação de novos profissionais da saúde com uma visão mais humanizada do envelhecimento?
O envelhecimento é uma certeza demográfica. Mas ele não vem ocorrendo de forma saudável. É preciso mudar a abordagem: priorizar prevenção, diagnóstico precoce e reabilitação. A formação deve ser holística, desconstruindo estereótipos negativos. O sistema de saúde ainda é um dos ambientes mais idadistas e isso precisa mudar desde a formação acadêmica.
Na próxima semana, vamos explorar as ideias que inspiram o Dr. Egídio e como ele usa a escrita para transformar a forma como enxergamos o envelhecimento.
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