Os relacionamentos interpessoais são essenciais para o bem-estar em todas as etapas da vida, mas têm um papel ainda mais crítico na terceira idade. Embora frequentemente associada ao envelhecimento, a solidão não é uma condição exclusiva dos idosos, mas sim um reflexo das circunstâncias em que cada pessoa vive com o passar dos anos.
Segundo a médica geriatra e gerontóloga Andrea Prates, "a solidão é um inimigo invisível, mas tem menos a ver com idade e mais com a condição em que alguém envelhece". Compreender as diferenças entre solidão e solitude, bem como os impactos das perdas inerentes a essa fase da vida, é essencial para promover um envelhecimento saudável e conectado.
Crédito: fizkes.com/Shutterstock
Solidão: um problema de saúde pública
Andrea explica que a solidão é caracterizada como uma falta de relacionamentos funcionais e de pertencimento. Já a a solitude é um estado mental positivo, marcado pela liberdade de estar consigo mesmo. "É um equívoco considerar a solidão algo próprio da velhice. Depende da condição em que se envelhece e é pior quando há perdas ligadas ao envelhecimento, como a morte do cônjuge ou a redução de mobilidade", afirma.
A solidão, considerada um problema de saúde pública, afeta 25% dos idosos acima de 65 anos mas também é comum entre jovens. Durante a pandemia, o tema ganhou ainda mais relevância. Muitas pesquisas apontam que a solidão aumenta em 25% o risco de morte prematura e em 50% o risco de demência. Estudos também indicam que a solidão pode ter impactos na saúde tão prejudiciais quanto fumar 15 cigarros por dia ou consumir seis doses diárias de álcool.
Dados que preocupam
No Brasil, mais de um terço dos idosos apresentam sintomas depressivos, enquanto 16% relatam sentir solidão. Na Europa, 13% dos entrevistados relatam sentir-se sozinhos frequentemente. O tema é tão relevante que países como o Reino Unido e o Japão criaram Ministérios da Solidão para tratar do problema.
No Reino Unido, onde cerca de 9 milhões de pessoas enfrentam solidão, o ministério foi criado em 2018. Já o Japão, que vivencia altos índices de suicídio relacionados ao isolamento social, seguiu o exemplo em 2021.
Impactos na saúde mental e física
Do ponto de vista neurológico, a solidão reduz níveis de dopamina, serotonina e ocitocina. Com isso, diminui a motivação para interagir socialmente. Também aumenta marcadores de inflamação e altera a plasticidade cerebral. Segundo a Dra. Andrea, romper com esse ciclo não acontece de uma hora para outra. “É preciso buscar ajuda profissional, familiar ou de alguém que tenha interesse genuíno na pessoa", avalia.
Estratégias para um envelhecimento conectado
Para combater a solidão, é essencial adotar estratégias que promovam interações significativas ou ajudem a trabalhar a mente. Participar de grupos com interesses comuns, manter hobbies e se envolver em atividades voluntárias são formas eficazes de estabelecer conexões.
“É preciso considerar que cada pessoa tem sua própria forma de viver e isso deve ser respeitado. Há quem goste de estar o tempo todo convivendo com outras pessoas, mas há quem não goste. Neste caso, estabelecer algumas atividades prazerosas, exercitar a mente e o corpo pode ajudar a aumentar o bem-estar”, sugere a médica.
E embora a tecnologia não substitua interações presenciais, pode ser uma ferramenta útil para manter contato com familiares e amigos. "Precisamos priorizar nossas conexões sociais como se nossa vida dependesse delas, porque dependem", reforça Andrea.
Dicas práticas para idosos enfrentarem a solidão
Investir em relacionamentos interpessoais desde cedo é crucial para um envelhecimento saudável. Afinal, cultivar laços significativos não apenas combate a solidão, mas também contribui para uma vida mais plena e satisfatória na terceira idade.
De qualquer forma, algumas atitudes podem ajudar a promover conexões e criar uma rotina mais satisfatória para quem está se sentindo sozinho. Confira algumas sugestões:
Participe de atividades em grupo
Inscreva-se em oficinas culturais, clubes de leitura, aulas de dança ou grupos de atividades físicas. Estar em ambientes com pessoas que compartilham interesses similares é uma ótima maneira de fazer novos amigos.
Aproveite as tecnologias para se conectar
Use aplicativos como WhatsApp, Zoom ou redes sociais para conversar com familiares e amigos. Plataformas digitais podem ser úteis para manter contato com pessoas queridas, mesmo à distância.
Busque apoio em grupos de convivência ou associações
Centros comunitários, igrejas e ONGs muitas vezes oferecem espaços de socialização, eventos e atividades voltadas para idosos.
Invista em hobbies
Cultivar um passatempo, como jardinagem, pintura, música ou culinária é uma maneira de manter a mente ativa, seja sozinho ou com pessoas que tenham interesses similares.
Pratique o voluntariado
Dedicar seu tempo a ajudar os outros em causas sociais pode trazer um propósito maior e aproximar você de pessoas com valores compatíveis.
Adote uma rotina saudável
Praticar exercícios físicos, adotar uma alimentação equilibrada e ter noites de sono reparadoras contribuem para o bem-estar geral. Tudo isso melhora a disposição para interações sociais.
Adote um animal de estimação
Ter um bichinho pode ajudar a combater a solidão e ainda estimular a prática de exercícios físicos leves, como a caminhada.
Procure grupos de apoio
Compartilhar experiências em grupos que tratam de temas como luto, saúde mental ou envelhecimento pode proporcionar conforto e construir novas amizades.
Planeje encontros regulares com amigos e familiares
Mesmo pequenas reuniões ou almoços podem fortalecer laços e trazer alegria ao cotidiano.
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