Sim, esse é o maior surto de febre amarela no país nos últimos 14 anos – até o dia 30 de janeiro, eram 107 casos confirmados e 46 mortes. Em 2003, 64 pacientes apresentaram a doença. Mas, calma, não é necessário correr para um posto de vacinação. Antes disso, é necessário considerar vários fatores.
O primeiro é: você já recebeu duas doses em um intervalo de dez anos? Se a resposta for positiva, está imunizado contra a doença. Não precisa tomar mais nenhum reforço, segundo o Ministério da Saúde, porque ela não trará proteção a mais. Para a OMS (Organização Mundial da Saúde), uma dose é suficiente por toda a vida.
O segundo ponto a avaliar é: você está em uma área com recomendação de vacinação, como Minas Gerais, oeste da Bahia e parte de São Paulo (confira todas as regiões no mapa abaixo)? Se não está, não precisa se preocupar, recomenda a presidente da Sociedade Paulista de Infectologia, Thaís Guimarães.
Ilustração do Ministério da Saúde indica os locais com recomendação de vacinação contra febre amarela em 30 de janeiro; crédito: divulgação
E quem mora ou vai viajar para uma área com a doença e não recebeu vacina pode tomar uma dose? Depende, explica a especialista. Pessoas com doenças como câncer, diabetes descompensado ou HIV, por exemplo, têm chance de desenvolver reações adversas. Nos casos mais graves, diz a médica, há a “visceralização do vírus”, no qual a vacina leva a um quadro clínico de febre amarela.
Pessoas com mais de 60 anos de idade, gestantes, mulheres amamentando filhos de até seis meses e bebês de até nove meses precisam de avaliação de um especialista pelos mesmos motivos. “O médico irá analisar os riscos e os benefícios da vacina contra a febre amarela”, informa Guimarães.
Na hipótese de a pessoa não ter a indicação da vacina, ainda há o que fazer. Se não for possível transferir-se temporariamente para outra região ou evitar as áreas de risco, é importante evitar locais de matas, usar mangas compridas e calças e proteger-se com repelente.
Em casa, a orientação é verificar se não há água parada para evitar a proliferação do Aedes aegypti, que pode ser um dos transmissores da febre amarela urbana (que não é registrada no Brasil desde 1942). Telas nas janelas, repelentes elétricos e mosquiteiros também podem ajudar a minimizar o risco.
Os casos registrados até agora, segundo o Ministério da Saúde, são de febre amarela silvestre, transmitida pelos mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes. Eles ocorrem em regiões de mata e vegetações à beira dos rios.
Os sintomas, nos dois casos, são iguais – afinal, trata-se do mesmo vírus transmitido por mosquitos diferentes. Entre eles estão febre de início súbito, calafrios, dor de cabeça, dores nas costas e no corpo, náuseas e vômitos, fadiga e fraqueza. Em casos graves, há febre alta, icterícia (coloração amarelada da pele e do branco dos olhos), hemorragia e, eventualmente, choque e insuficiência de múltiplos órgãos.
A doença não é contagiosa, mas é preciso que a pessoa infectada procure tratamento imediatamente. Será preciso relatar ao médico viagens para áreas de risco nos 15 dias anteriores ao início dos sintomas e se foi vacinado.