“Como será o amanhã, responda quem puder. O que irá me acontecer? O meu destino será como Deus quiser”. Com esses versos, a União da Ilha embalou os foliões cariocas no carnaval de 1978. Hoje, 42 anos depois, a pergunta se faz tão atual quanto naquela época. Como será o amanhã? A pandemia mundial causada pelo novo coronavírus criou um cenário de muitas incertezas em que inúmeras transformações e novas configurações se farão necessárias, principalmente no mercado corporativo.

“Após a pandemia, o mercado de trabalho com certeza não será o mesmo”, garante o fundador e CEO da Maturi, Mórris Litvak. Mas nada disso é novidade, pois, segundo ele, a pandemia apenas acelerou várias mudanças que já vinham acontecendo com relação a formato de trabalho e uso de tecnologia.

“Isso é algo que não vai voltar. Mesmo após a vacina, o trabalho home office vai ser uma realidade muito maior do que era antes, além de muita coisa que mudou, que vai deixar de ser presencial para ser on-line, virtual. A tecnologia vai avançar de forma mais acelerada do que vinha acontecendo em função da pandemia”, garante o CEO.

E como se preparar para o que está por vir? 

“O profissional tem que se jogar no mundo digital, abraçar a tecnologia, se atualizar, técnica e comportamentalmente”, aposta o especialista. “Tem que estar aberto para aprender, desaprender e reaprender, inclusive com os jovens. Ter humildade de saber ser gerido por jovens, ensinar e aprender, lidar de igual para igual com pessoas de todos os tipos e todas as idades”.

Após a pandemia, Mórris acredita que a palavra de ordem será diversidade. “Acho que depois da vacina e de melhorar um pouco o contexto econômico, a questão da diversidade tende a ficar ainda mais forte”, aposta.

A headhunter e consultora de RH Marisa Ramos acrescenta a multidisciplinaridade como uma exigência no currículo do profissional que buscar destaque no período pós-pandemia.

“Eu acho que o profissional que desejar manter seu emprego, crescer na empresa ou até mesmo que busca por uma recolocação precisará ser multifuncional, fazer e entender de tudo, e não ser especialista em uma coisa específica”, indica Marisa.

Ela explica que, devido à crise, as empresas enxugaram muito seus quadros de profissionais, o que dificilmente será revertido com o fim da pandemia. “Ficarão os generalistas”, aponta.

A vez do empreendedor

E se você tinha dúvidas sobre abrir um novo negócio, a hora é essa. E para isso, Mórris indica dois pontos de atenção: ter um networking ativo e a capacidade de olhar para novas formas de trabalho.

“Principalmente no que diz respeito a se virar sozinho, e não buscar o emprego tradicional”, destaca o CEO. “Empreender, ser autônomo, consultor, esse tipo de coisa. Além das técnicas, ter a competência de se adaptar muito bem e de colaboração. Acho que essas são as competências principais para as pessoas poderem se recolocar e que os recrutadores estarão de olho”.

Também vale cuidar da sua imagem, não apenas dentro, mas também fora da empresa. “A vida profissional e pessoal hoje em dia estão muito misturadas, então ter um perfil profissional nas redes sociais vai ser cada vez mais importante, e também saber as etiquetas de uso das redes sociais, inclusive pessoais, para não expor coisas que um recrutador não deveria ver ou não iria gostar”, aconselha Litvak.

Quem está preparado para esse novo mercado de trabalho?

Marisa explica que, por muito tempo, as pessoas buscaram se especializar cada vez mais e isso pode atrapalhar um pouco a recolocação de alguns profissionais. “É preciso mudar o mindset e a forma de se colocar na empresa. Não é mais cada um no seu quadrado, a empresa agora é o quadrado e todos terão que fazer de tudo”.

“Falando dos maduros, eu vejo que muitos estão preparados, mas grande parte talvez não esteja”, observa Mórris. “E agora, em função da pandemia, entrou nesse mundo digital e está começando a se preparar. Eu vejo um crescente aumento de interesse e demanda desse público para atualização, principalmente com ferramentas digitais, trabalho remoto, essas coisas”.

O CEO também concorda que é necessário mudar a maneira de pensar. “Por ser um ambiente de trabalho hoje em dia mais remoto, colaborativo, mais horizontal e também mais diverso. É preciso estar aberto a essa diversidade toda. Unindo esses 3 pontos com a tecnologia, as pessoas vão estar mais preparadas sim”, aposta.


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E não são apenas os profissionais que terão que se adequar. Na opinião de Mórris, as empresas também terão que se adequar à nova realidade. “Os gestores têm que estar aptos a gerir equipes diversas e remotas, com pessoas trabalhando em diferentes cidades e até países, usando tecnologias e ferramentas de colaboração, mas também gerir por competências e por entregas mais do que qualquer outra coisa, já que hoje em dia você não tem controle sobre o que as pessoas estão fazendo, como está trabalhando da casa dela”.  A solução, para o CEO da Maturi, é focar mais no resultado.

“As empresas também têm que olhar com cuidado para as pessoas mais velhas, para a questão do grupo de risco que vai além da idade, não colocar todo mundo acima de 60 anos automaticamente em grupo de risco e não olhar para os mais velhos de forma fragilizada. Pelo contrário, eles têm possibilidade de trabalhar de casa e agregar muito, principalmente num momento em que os jovens estão sentindo essa dificuldade de lidar com esse momento novo de crise, de muita ansiedade. Os mais velhos, com sua experiência de vida, podem colaborar bastante”, conclui.

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