O mercado de trabalho para idosos está em constante ascensão. Neste cenário, a inclusão multigeracional deve ser um dos principais desafios para empresas ao redor do mundo. É o que aponta o relatório Novo Pacto Social: Empregadores Amigáveis a Todas as Idades. O documento foi lançado nesta quinta-feira, 25, pelo Instituto de Longevidade Mongeral Aegon.

A pesquisa foi desenvolvida pelo Instituto em parceria com o Aegon Center for Longevity and Retirement (ACLR)  e o Transamerica Center for Retirement Studies. Foram consultados 14,4 mil trabalhadores e 1,6 mil aposentados. O estudo tem abrangência global. Ao todo, 15 países participaram: Austrália, Brasil, Canadá, China, França, Alemanha, Hungria, Índia, Japão, Holanda, Polônia, Espanha, Turquia, Reino Unido e Estados Unidos.

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“Os trabalhadores hoje querem cada vez mais uma transição gradual para a aposentadoria. Apenas 34% dos ouvidos preveem parar imediatamente o trabalho ao entrar na aposentadoria. Por isso, locais de trabalho inclusivos a todas as idades são uma das maneiras de garantir que essas pessoas se sintam apoiadas para se aposentarem em fases, além de possibilitar que todos contribuam e permaneçam economicamente ativos por mais tempo”, explica Leandro Palmeira, diretor de Pesquisa do Instituto de Longevidade Mongeral Aegon.

A inclusão traz benefícios para o empregado e também para o empregador. De acordo com o diretor, locais de trabalho multigeracionais facilitam o compartilhamento de experiência, mentoria, confiança e solidariedade entre gerações. Com isso, permitem que pessoas de todas as idades contribuam e permaneçam economicamente ativas. 

“É um jogo que todos ganham”, destaca Palmeira.

Conforme aponta o relatório, o mundo está em constante mudança e sobre forte impacto da pandemia da Covid-19. Se os empregadores quiserem reter os melhores talentos, eles devem apoiar seus funcionários a alcançar seus objetivos de vida. 

Há também a necessidade de empregadores criarem locais de trabalho amigáveis a todas as idades, que apoiem os funcionários em todas as etapas da vida e, em particular, aqueles que podem – e desejarem – estender suas vidas de trabalho para além da idade de aposentadoria.

Mercado de trabalho para idosos: pesquisa mostra desafio da inclusão multigeracional

Mercado de trabalho para idosos: pesquisa mostra desafio da inclusão multigeracional. Foto: Shutterstock

Mercado de trabalho para idosos no Brasil

Neste cenário de mudanças, o Brasil aparece em posição no preparo do mercado de trabalho para idosos. O país está em 4º lugar no ranking de países com empresas mais bem preparadas para ambientes de trabalho multigeracionais. Segundo dados da pesquisa, apenas 28% das empresas que atuam no Brasil não possuem iniciativas para incentivar a inclusão multigeracional. Uma realidade próxima à global, em que um em cada três respondentes afirmou que as empresas não oferecem iniciativas desse tipo.

Entre os entrevistados brasileiros, alguns pontos da pesquisa ajudam a entender por que a diversidade de gerações já faz parte do mercado de trabalho e da realidade das empresas. No levantamento, 42% das pessoas afirmaram trabalhar em um local imparcial, que reconhece funcionários de todas as idades e desencoraja a discriminação relacionada à faixa etária. 

Além disso, 35% disseram fazer parte de ambientes com uma boa estrutura, acesso a tecnologias, instalações, equipamentos e serviços para todas as idades. Por fim, 25% declararam que as companhias das quais fazem parte têm uma cultura inclusiva, ouvindo as contribuições de trabalhadores de todas as idades e valorizando um ambiente de trabalho com diferentes gerações.

Globalmente, os países com maior concentração de funcionários que declararam não ter ambientes amigáveis às diferentes faixas etárias são Japão (54%), França (52%) e Alemanha (50%). Por outro lado, os resultados positivos estão nos mercados emergentes, como Índia (7%) e China (10%).

Apoio para a aposentadoria

O estudo também analisou o preparo para a aposentadoria. Concluiu-se que dois em cada cinco trabalhadores (40%) garantem que estão habitualmente poupando para isso. Já para os que não conseguem reservar uma quantia, a principal barreira é ‘não ganhar o suficiente’ (35%). Também foram citadas questões de curto prazo, como comprar uma casa (22%) ou pagar dívidas (21%). O cenário é semelhante no Brasil, com 40% afirmando que o salário é baixo, 33% concentrados em pagar dívidas e 24% poupando para prioridades imediatas.

“Sabemos que começar a economizar desde cedo e de forma frequente é o melhor caminho para alcançar o preparo para a aposentadoria e os dados revelam um desafio para todos os parceiros sociais”, afirma Palmeira.

“As respostas nos mostram que é preciso modernizar os sistemas de aposentadoria de forma sustentável e adaptável para o futuro, com ações que vão desde a garantia da sustentabilidade dos benefícios previdenciários até o aprendizado ao longo da vida”, conclui o executivo.

O estudo traz nove características essenciais para um melhor preparo para a aposentadoria, desenvolvidas no contexto de um Novo Pacto Social. “Os empregadores desempenham uma função fundamental, ajudando os trabalhadores a se prepararem para a aposentadoria. A influência deles vai além de oferecer planos de aposentadoria e benefícios financeiros, incluindo desenvolvimento de habilidades, educação e bem-estar. Por isso, esse novo cenário reforça a necessidade de um Novo Pacto Social entre governos, empregadores e indivíduos”, completa o diretor de Pesquisa do Instituto.

Mercado de trabalho para idosos: 34% dos entrevistados preveem parar imediatamente o trabalho ao entrar na aposentadoria. Foto: Shutterstock

O Novo Pacto Social: um modelo de aposentadoria no século 21

Em 2018, também em colaboração com o Aegon Center for Longevity and Retirement (ACLR) e o Transamerica Center for Retirement Studies, o Instituto de Longevidade Mongeral Aegon propôs O Novo Pacto Social: um modelo de aposentadoria no século 21. O documento se baseia na solidariedade e na premissa de que todos os indivíduos devem ter a capacidade de se aposentar com dignidade. 

No relatório, é reforçada a necessidade de colaboração entre formuladores de políticas, indústrias, empregadores, organizações sem fins lucrativos e a academia. Assim, será possível modernizar os sistemas de aposentadoria de forma sustentável e adaptável para o futuro. 

O Novo Pacto Social: Empregadores Amigáveis a Todas as Idades é o quarto relatório da série. O documento foi elaborado a partir de pesquisa realizada on-line entre 28 de janeiro e 24 de fevereiro de 2020. O relatório explora a natureza em evolução da relação empregado-empregador. Além disso, examina o papel vital dos empregadores em ajudar seus funcionários a alcançar uma aposentadoria financeiramente segura.

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