Há quem pense que a digitalização das ferramentas de trabalho prejudica a participação dos idosos no mercado de trabalho. Porém, dentre as principais dificuldades enfrentadas pelos 60+ estão os preconceitos. Eles se mostram em estereótipos como acreditar que os maduros não são pessoas tecnológicas, que não aprendem ou aprendem mais devagar.

Esse preconceito, inclusive, tem nome. “Ageísmo é estereotipar de maneira preconceituosa alguém pela idade. É relevante falar sobre isso porque vários estudos mostram que esse tipo de preconceito pode até diminuir a expectativa de vida de quem sofre, e o envelhecimento é algo que atinge a todos”, explicou o médico Egídio Dórea, coordenador do programa USP Aberta à Terceira Idade ao Jornal da USP.

Para Fabi Granzotti, especialista da Maturi, empresa que oferece plataformas de recolocação e desenvolvimento profissional para pessoas 50+, esses são preconceitos que, ao longo de muito tempo, já foram quebrados em outros países. “São estereótipos que não são ligados à idade, mas a outros fatores, como à cultura que essa pessoa esteve inserida, às oportunidades que ela teve na vida”, observa.

Prova de que os idosos no mercado de trabalho também podem se dar bem com as tecnológias veio com a necessidade de adaptação ao home office durante a pandemia. “Independentemente da idade (o home office) é um desafio, mas, de forma geral, os maduros se adaptaram muito bem. Houve um aumento de pessoas com mais de 60 anos no acesso a compras online e na internet como um todo”, destaca. Para auxiliar nesses processos, a Maturi também oferece cursos de qualificação.

Granzotti destaca a resiliência de quem já acumulou tempo de trabalho e de vida como um dos motivos para que essa adaptação tenha ocorrido.  “Eles se prepararam mais e se reinventaram porque já passaram por muitas situações difíceis”, avalia Granzotti.

É preciso combater o preconceito contra idosos no mercado de trabalho

Foto: fizkes/shutterstock

Preconceito com idosos no mercado de trabalho precisa ser combatido por todos

Dados do IBGE mostram que, em 2019, o Brasil tinha 7 milhões de pessoas com 60 anos ou mais na força de trabalho. O total representava 24% da força de trabalho total do país. Porém, as tendências demográficas mostram que a participação de idosos no mercado de trabalho deve crescer à medida que crescem também os índices de envelhecimento da população.

Estudo da consultoria PwC com a Fundação Getulio Vargas (FGV) estima que 57% da força de trabalho no Brasil terá 45 anos ou mais em 2040.  “Uma vida mais longeva vai afetar modelos de negócios, ambições, talentos e custos de aposentadorias. Trabalhadores mais velhos vão precisar aprender novas habilidades e trabalhar por mais tempo”, destaca análise da PwC sobre as forças de trabalho do futuro.

Ou seja, se adaptar é preciso, e rápido, afinal, 2040 está logo aí. Para mudar o cenário de preconceito com os trabalhadores mais experientes, fazem-se necessárias grandes mudanças. Elas devem ser coletivas, realizadas pelas empresas e pelos empregados, independentemente da idade.

Veja algumas dicas de Fabi Granzotti para combater o preconceito etário contra idosos no mercado de trabalho

Para empresas e trabalhadores mais jovens

  • Preparar as pessoas, em especial os líderes, e colocar pessoas engajadas na mudança de cultura para atuarem como embaixadores. “Não é um processo rápido, exige várias etapas, um acompanhamento grande e rico de todos os envolvidos”, destaca Granzotti.
  • Trabalhar com mentoria e mentoria reversa, com os mais jovens ensinando o que sabem para os mais velhos. “Essa relação intergeracional é o que faz com que a cultura mude”, opina a especialista.
  • Abrir vagas estratégicas para os trabalhadores maduros. “Percebemos que as ofertas de mercado muitas vezes são operacionais e isso é limitar a capacidade dessas pessoas. Muitos foram líderes e diretores por muito tempo, então têm muito a oferecer”, destaca.

Para os trabalhadores 50+

Fabi destaca que os preconceitos não existem só de um lado: “A gente também vê preconceito de pessoas mais velhas com os jovens, então é uma questão de quebrar paradigmas como um todo”, recomenda. Portanto, os trabalhadores maduros também devem fazer sua parte, não se conectando apenas com pessoas da sua geração, mas com todas as gerações.

  • Se relacionar com mais frequência com pessoas de diversas idades, entendendo o contexto de cada uma delas. Para isso, interaja, pergunte, aprenda e contribua com suas próprias experiências. “A empregabilidade depende também de ter uma continuidade de atualização, não só técnica, mas comportamental e relacional. Por isso o networking é tão importante”, explica a especialista.
  • Se atualizar constantemente ao longo de toda a jornada praticando o chamado “life-long learning”. Expandir o conhecimento para vários assuntos pode, inclusive, abrir novas oportunidades de carreira e de empreendedorismo.
  • Estar aberto às novas formas de trabalho. São os casos de regimes de contratação pontual como freelancer, como especialista ou consultor e o trabalho como Pessoa Jurídica. “O mercado de trabalho como conhecíamos antes mudou e mudou muito rápido. É importante saber sobre essas diferentes culturas corporativas”, explica a especialista.

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