O modelo de aposentadoria mais usado no mundo teve origem na Alemanha. Assim como no país de origem, muitos outros definiram a idade para se aposentar como uma estratégia política. Nos EUA, em 1935, por exemplo, foi estabelecido 65 anos como idade para aposentadoria, mesmo que menos de 60% dos adultos tivessem essa expectativa de vida. Porém, pensando nos impactos na saúde, qual seria a idade ideal de aposentadoria?
O aumento da expectativa de vida mundial afeta diretamente as condições sociais e econômicas relacionadas à aposentadoria. Por exemplo, uma aposentadoria tardia pode trazer benefícios do ponto de vista econômico.
Como reação a essa tendência, diversas nações, com destaque para a França, onde a aposentadoria tem início aos 62 anos e a expectativa de vida é de 82, estão discutindo a possibilidade de aumentar essa idade. O objetivo é lidar com as pressões econômicas decorrentes do envelhecimento da população e garantir a sustentabilidade desses benefícios ao longo prazo.
Contudo, para além das questões econômicas, quais são os impactos físicos e mentais do aumento de idade do benefício? Como definir uma idade ideal de aposentadoria de forma que não afete a saúde?
Idade ideal de aposentadoria: o que dizem os especialistas?
Pesquisadores definem o conceito de "vida laboral" como o período em que alguém pode desempenhar atividades laborais com eficácia, sem incapacidades. De acordo com o economista Gal Wettstein, a expectativa de vida laboral das pessoas é, em média, de 73 anos.
Ainda, de acordo com o especialista em gerontologia Pinchas Cohen, “uma idade de aposentadoria inferior a 65 anos não faz sentido”. A afirmação é válida para aqueles que trabalham em ocupações centradas no conhecimento, mas o especialista ressalta que essa realidade não se aplica a todos.
Em seu ponto de vista, por exemplo, os trabalhos manuais podem ser extremamente desgastantes. Aqueles que atuam aos 65 podem não conseguir mais trabalhar por conta de ocupações exaustivas.
Além disso, é importante destacar que a expectativa de vida e a qualidade da saúde podem variar de acordo com a raça, gênero e condições sociais.
Crédito: Robert Kneschke/Shutterstock
Expectativa de vida laboral
A expectativa de vida laboral, uma forma de encontrar a idade ideal de aposentadoria, se tornou tema de pesquisa do economista Gal Wettstein. Ela se refere à observação das mudanças na vida em termos de saúde. Ou seja, por quanto tempo alguém consegue trabalhar de forma saudável e livre de incapacidades.
Em seu estudo sobre a expectativa de vida laboral, Wettstein examinou a correlação entre idade e potencial de emprego. Os resultados revelaram que indivíduos americanos com uma saúde robusta aos 50 anos podem esperar aproximadamente 23 anos adicionais sem incapacidades. Após esse período, eles conseguem viver de 8 anos convivendo com as incapacidades.
Em resumo, a expectativa máxima de vida laboral para essas pessoas é, em média, de 73 anos.
“Não há dúvida de que, com o aumento da expectativa de vida, também aumentou a capacidade de trabalhar. Isso se deve em parte aos avanços médicos, bem como às mudanças na forma como o trabalho é realizado”, comenta o especialista.
No ano de 2020 aproximadamente 45% dos norte-americanos em idade laboral estavam empregados em setores administrativos. Também atuavam em áreas de negócios e finanças, assim como nas áreas de educação e cuidados de saúde.
Em 1935, por exemplo, essas ocupações representavam apenas 6% da força de trabalho. Diante desse contexto, Pinchas Cohen, reitor da Escola de Gerontologia da Universidade do Sul da Califórnia, afirma que "uma idade de aposentadoria inferior a 65 anos não faz sentido". Ele ressaltou, no entanto, que essa perspectiva se aplica especificamente a "pessoas que trabalham em empregos baseados no conhecimento".
É possível existir uma idade ideal de aposentadoria igual para todos?
As médias nacionais de saúde e incapacidade não fornecem informações completas. Alguns indivíduos mantêm a saúde e seguem trabalhando até os 80 anos. Outras ocupações, por outro lado, são mais exigentes fisicamente, impactando a saúde das pessoas. Segundo Cohen, “há indivíduos que fazem trabalhos manuais, e aos 65 anos realmente não conseguem mais trabalhar porque é desgastante. Sua necessidade de aposentadoria, portanto, deve ser respeitada”.
A médica Lisa Renzi-Hammond diz que “quando se trata desses tipos de empregos, a aposentadoria pode realmente melhorar a saúde. Portanto, se o trabalho for fisicamente prejudicial e causar estresse e problemas para dormir, a aposentadoria é uma excelente opção”.
É importante ressaltar que diferentes grupos executam tarefas específicas, o que pode resultar em níveis distintos de estresse no corpo. Segundo Wettstein, aos 50 anos, os homens negros apresentam uma expectativa de vida laboral aproximadamente 17 anos superior. Enquanto isso, as mulheres brancas podem continuar trabalhando por mais cerca de 24 anos.
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