Se você tem o costume de fazer compras no supermercado ou açougue deve ter reparado: o preço da carne está alto, seja ela bovina, suína ou de aves. Segundo dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA), o preço das carnes acumula alta de 35,68% nos últimos 12 meses. Os números foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no final de maio. E o pior: não há indicativos de que os preços possam baixar, pelo contrário: devem subir ainda mais.
Entenda por que o preço da carne deve continuar em alta
Há alguns motivos para isso. O primeiro é alta do dólar e o real barato. Isso faz com que seja mais atraente para os produtores exportarem os produtos brasileiros ao invés de vendê-los no mercado interno.
Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento – Conab, o Brasil tem hoje, anualmente, disponibilidade de 26,4 kg de carne bovina por habitante. Em 2015, esse número era de 33,2 kg/hab. Ou seja, há redução na disponibilidade de carne bovina para abastecimento do mercado brasileiro, tornando os preços mais caros.
Além disso, a China, maior importador de carnes no mundo, sofreu com um surto de peste suína que dizimou os rebanhos em 2018. Depois, foi vez das relações diplomáticas com a Austrália – terceiro maior fornecedor de carne bovina para a China – impactarem no mercado.
As importações das carnes australianas foram suspensas e, com isso, os chineses passaram a demandar mais de outros países para abastecer o mercado chinês. Hoje, China e Hong Kong compram 60% de toda a carne bovina exportada pelo Brasil
O outro motivo é a alta no custo de produção da proteína animal. Dentre os custos do setor estão o milho e a soja, usados na alimentação dos bichos. Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), os dois produtos compõem 70% dos custos do setor e enfrentam alta histórica.
De acordo com Índice de Custo de Produção (ICP) produzido pela Central de Inteligência de Aves e Suínos da Embrapa, os custos de produção para frango e porcos acumulam, nos últimos 12 meses, alta de 48,30% e 48,74%, respectivamente.
“Se por um lado vemos os custos de grãos dobrarem no comparativo anual de diversas praças, por outro verificamos uma alta nos preços dos alimentos, que não conseguem acompanhar o aumento dos custos. Por isso, é inevitável que novas altas alcancem as gôndolas nos próximos meses”, explicou em nota o presidente da ABPA, Ricardo Santi.
Segundo Santi, o preço deve aumentar ainda mais porque o valor que vemos nas gôndolas hoje ainda refletem o custo de produção de meses atrás. “O repasse de custos é inevitável. Os índices que vemos agora são reflexos da utilização de insumos comprados há meses, em valores inferiores aos atuais. Por isso, é provável que novas altas alcancem as gôndolas nos próximos meses”, analisou.
Alta no preço da carne obriga mudança de comportamento do consumidor
Com o preço nas alturas e um cenário de crise econômica em razão da pandemia da Covid-19, o brasileiro se viu diante da necessidade de mudar os hábitos. Dentre eles, a redução no consumo de carnes.
O índice de consumo de carne no Brasil chegou ao menor patamar em 24 anos - desde que teve início a série história da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Hoje, a estimativa é de que cada brasileiro consuma 26,4 quilos de carne bovina ao ano. O número é 14% menor que em 2019, antes da pandemia da Covid-19.
Por outro lado, o consumo de ovos cresceu. Em 2020, foi recorde: o brasileiro consumiu, em média, 251 ovos ao ano. Há dez anos o número era quase a metade disso: 148 ovos.
Apesar de ser uma boa estratégia para driblar os preços das carnes e ainda manter o consumo de proteína, o preço desse produto também aumentou. Segundo dados do Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Getulio Vargas (FGV), o preço do ovo acumulou alta de 11,45% no último ano, índice bem acima da média da inflação geral, estimada em 6,35%.
E, assim como as proteínas animais, o valor do ovo deve seguir aumentando. Afinal, o produto vem da galinha e, como já vimos, também está mais caro alimentar a ave.
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