Conquistar a independência financeira das mulheres ainda é uma jornada cheia de obstáculos. Um dos mais silenciosos — e persistentes — é a sobrecarga. Segundo uma pesquisa da Serasa em parceria com a Opinion Box, nove em cada dez brasileiras apontam a jornada dupla — entre o trabalho profissional e as tarefas domésticas — como um dos principais entraves para sua autonomia financeira e realização profissional.
Essa sobrecarga afeta o tempo, a energia e as escolhas das mulheres. Em dias tomados por múltiplas funções, sobra pouco espaço para estudar, buscar promoções ou investir em um negócio próprio. Entre as quase 1.400 mulheres entrevistadas, muitas relataram a dificuldade de conciliar as exigências da vida com os próprios planos de futuro.
Foto: TippaPatt/Shutterstock
Cada mulher tem uma realidade e é por aí que tudo começa
A educadora financeira Janina Jacino explica que não existe um único modelo de independência financeira. “Com base na educação financeira comportamental, que é personalizada, digo que o impacto maior da sobrecarga está ligado ao estilo de vida, à construção familiar e à rede de apoio de cada mulher”, afirma.
Segundo a especialista, o primeiro passo rumo à longevidade financeira é entender a própria realidade — sem comparações. “É importante que cada mulher identifique o que deseja para sua vida e o que representa, para ela, a independência financeira. Esse é o ponto de partida. Depois, é preciso parar de se comparar com outras mulheres, com outras realidades, e focar em seus próprios objetivos".
Empreender com sobrecarga é mais difícil, mas é possível com apoio
No universo do empreendedorismo, os dados mostram que o desafio se repete. Setenta e três por cento das mulheres que comandam seu próprio negócio dizem que o trabalho doméstico atrapalha diretamente suas atividades.
Mesmo com um CNPJ ativo, muitas ainda precisam complementar a renda com bicos ou trabalhos paralelos: 74% seguem nesse cenário. Além disso, 87% já tiveram o nome negativado. Isso dificulta o acesso ao crédito e ao crescimento sustentável de seus empreendimentos.
“É preciso planejamento e clareza para transformar esse cenário”, diz Janina. “Alguns passos são fundamentais: reconhecer a própria realidade, manter vivos os sonhos e buscar o equilíbrio financeiro no presente. Isso pode significar abrir mão de certos supérfluos para alcançar algo maior e melhor no futuro. Sonhar é preciso e, para tal, é preciso buscar o equilíbrio financeiro e a contenção de gastos desnecessários, que comprometem o alvo almejado", afirma Janina.
A independência financeira das mulheres começa com estrutura
Para além da mudança individual, Janina reforça a necessidade de suporte coletivo. “As políticas públicas são fundamentais para as mulheres, especialmente em atividades que ainda são desvalorizadas e mal remuneradas em comparação com os homens. Mas, para que elas sejam efetivas, é preciso envolvimento real da sociedade civil. Ou seja, homens, mulheres, jovens e idosos, respeitando as diversidades e peculiaridades de cada mulher".
A independência financeira das mulheres, portanto, não deve ser vista apenas como uma questão individual. É social, econômica e geracional, exigindo acesso à educação financeira, apoio prático e uma rede que reconheça e responda às realidades femininas.
Quer aprender a planejar melhor suas finanças? Baixe nosso Guia da Longevidade Financeira!
Guia da Longevidade Financeira
Baixe gratuitamente nosso Guia e tenha em mãos tudo que precisa saber para ter uma vida financeiramente estável e longeva.

Leia também:
Mulheres contraem mais dívidas e seguem enfrentando barreiras financeiras
Insegurança financeira das mulheres é algo comum: como mudar essa realidade?