Selic, Copom, títulos do Tesouro, índices inflacionários. Se você tem ouvido muito esses termos, mas eles ainda parecem “grego”, fique tranquilo, pois vamos te ajudar a entender o que você precisa para o seu dia a dia. O primeiro ponto é: os juros altos imperam no Brasil. Na última reunião do Copom, ocorrida nesse mês de março, eles tiveram um aumento de um ponto percentual e passaram a ser de 14,25% ao ano, havendo possibilidade de chegarem aos 15% ao ano em breve. Trata-se da maior taxa de juros desde 2016. Isso significa uma série de perdas ou oportunidades, por isso é preciso que você esteja atento.
Para começar, quando falamos em juros, falamos em taxa Selic, que é a taxa básica de juros da economia. Ela serve de referência para outras taxas de juros de empréstimos e financiamentos. Por isso, quando ela sobe, estas outras taxas tendem a subir também. Agora ela está bem alta e a explicação é que o governo tenta controlar o aumento de preços subindo os juros.
De forma resumida, com o custo mais alto do dinheiro, as pessoas pegam menos empréstimo e compram menos e, em contrapartida, os preços precisam diminuir para as pessoas comprarem mais. Essa é a ideia.
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Como juros altos podem prejudicar o bolso
Os juros altos podem prejudicar o bolso de quem precisa de dinheiro, pois, como explicamos, o custo dele fica maior. Por isso, a primeira coisa a fazer é checar se você tem dívidas que estejam atreladas à taxa Selic ou está pensando em pedir empréstimo ou fazer um financiamento neste momento. Saiba que agora é a hora de só pegar dinheiro emprestado se for absolutamente essencial. E também de trocar dívidas mais caras por outras mais baratas.
Lembre também que algumas dívidas, como as de cheque especial e cartão de crédito, podem arruinar as finanças. Neste caso, é sempre melhor recorrer a empréstimos pessoais, microcrédito ou consignado, que têm taxas menores. Vale até mesmo checar o penhor de joias da Caixa Econômica Federal.
Ainda assim, cheque se o empréstimo ou financiamento será usado para algo realmente necessário e urgente. Caso contrário, é melhor aguardar por um cenário mais favorável.
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Como juros altos podem ajudar quem quer investir sem risco
Agora vamos ao outro lado da moeda. Com juros de 14,25%, perde quem precisa de dinheiro, mas ganha quem tem dinheiro para investir e não quer correr riscos. Ou seja, tem um perfil mais conservador. É comum que muitas pessoas com esse perfil ainda deixem o dinheiro na poupança. Com os juros altos, porém, existem alternativas muito melhores com a mesma segurança.
Segundo Bruna Kloppel, especialista de Investimentos da Central Ailos, os produtos mais vantajosos nesse contexto são aqueles atrelados ao CDI e à própria Selic. “Tesouro Selic, CDBs pós-fixados e RDCs de cooperativas de crédito são boas alternativas. Eles acompanham diretamente a taxa básica de juros. Além disso, fundos de investimento e previdência com estratégia atrelada ao CDI tendem a oferecer retornos ainda mais atrativos”, explica.
A especialista alerta que é fundamental avaliar a liquidez, o vencimento e possíveis taxas extras. Muitos títulos possuem prazos longos e rígidos para resgate e tributação que diminui ao longo do tempo. Por isso, entender o seu perfil e conhecer em detalhes cada produto é essencial para evitar surpresas.
Saiba mais sobre investimentos atrelados à Selic
Tesouro Direto Selic
O Tesouro Direto Selic rende 100% da taxa básica de juros. Isso significa que, se no início de 2021 o retorno era de 2% ao ano, agora é de 14,25% a.a. Trata-se de uma aplicação considerada por muitos analistas o investimento mais seguro no Brasil. Além de trazer segurança, ele rende mais do que a poupança e caso o resgate seja solicitado até às 13h o recurso é liberado no mesmo dia. Após este horário, a liquidez é em D+1, ou seja, o dinheiro cai na conta no dia seguinte.
CDB – Certificado de Depósito Bancário
Os CDBs são outra opção para quem quer ganhar com a alta dos juros. Quando se investe em CDBs o investidor está realizando um empréstimo para o banco e, por isso, ele o remunera. Os CDBs contam com uma segurança adicional que é a cobertura do FGC (Fundo Garantidor de Crédito) de até R$250 mil por CPF e por instituição, caso o banco emissor venha a falir. Normalmente, as taxas pagas variam conforme o banco e a liquidez do investimento. Se você tende a precisar do dinheiro aplicado a qualquer momento, considere CDBs mais líquidos.
LCIs e LCAS – Letra de Crédito Imobiliário e Letra de Crédito do Agronegócio
As LCIs e as LCAs são títulos emitidos por bancos que emprestam esse recurso para empresas ligadas ao mercado imobiliário e ao mercado do agronegócio. Também contam com a garantia do FGC e são muito parecidas com o CDB, porém, possuem um diferencial muito interessante que é o fato de serem isentas de imposto de renda.
É comum encontrar LCIs que pagam 100% do CDI, mas vale lembrar que por ser isento de IR, uma LCI com vencimento para até 180 dias equivale a um CDB que paga cerca de 129% do CDI, por isso, é preciso fazer as contas e buscar ajuda na hora de escolher.
Fundos de Investimentos Referenciados DI
Os Fundos DI buscam obter retornos que acompanham o CDI. Suas características principais são: baixa volatilidade e baixas taxas de administração. Com frequência são utilizados como caixa ou reserva de emergência por possuírem retornos próximos ao CDI, aliado a liquidez imediata ou D+1. Mas, isso pode variar de fundo para fundo e, por isso, é muito importante ler o prospecto e conversar com um assessor de investimentos para se assegurar de que a escolha está adequada a seu objetivo.
É importante entender que as melhores taxas para esses investimentos costumam estar nas prateleiras das corretoras de valores e não nos bancos, por isso o ideal é abrir uma conta para poder contar com mais opções. Também é possível conseguir alternativas melhores que a da poupança em bancos digitais, que costumam ter CDBs com resgate diário também.
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