Longevidade. Segundo o dicionário Houaiss, o termo significa, entre outras coisas, “duração da vida mais longa que o comum”. E quem não quer conquistar longevidade com muita saúde e bem-estar? Já quando falamos em Longevidade Financeira, tratamos de um conceito semelhante, mas relacionado às finanças. Quem não deseja envelhecer bem e também com as contas em dia e equilíbrio no bolso?

Quando se trata de dinheiro, apesar das coisas mais importantes da vida - como saúde ou amor - não serem compradas por ele, é inegável que outras, que tornam a vida bem mais fácil, são. Deveríamos, portanto, aprender a lidar bem com dinheiro o quanto antes. Não apenas nas aulas de matemática, mas nas mais diversas situações da vida.

Isso significa aprender a consumir de forma consciente, adquirir o hábito de poupar desde cedo ou, ainda, saber como ganhar renda extra. São essas situações que, se bem administradas ao longo do tempo, com disciplina, permitem que se conquiste Longevidade Financeira.

O fato é que não adianta tratar de Longevidade Financeira apenas na maturidade ou perto da aposentadoria. É preciso começar o quanto antes, eu diria que a partir dos primeiros anos de vida. Mas, se nada foi feito até então, sempre é tempo de  corrigir os erros para que seja possível acertar as contas e repassar às próximas gerações conceitos melhores e atitudes mais sábias com relação ao uso do dinheiro.

bons hábitos para adquirir Longevidade Financeira

Crédito: Dmitry Demidovich/Shutterstock

Longevidade Financeira é uma conquista e não algo instantâneo

Faz algum tempo que escrevo sobre educação financeira e investimentos. Ao longo de 20 anos de carreira, já testemunhei as mais diversas histórias: ricos que perderam tudo, pessoas viciadas em compras se endividando sem conhecer os porquês, pessoas investindo e entrando no cheque especial ao mesmo tempo, trabalhadores com um salário pequeno conquistando diversos objetivos devido à muita disciplina e etc.

Penso que se fôssemos estimulados a consumir conscientemente e a poupar pelo menos um pouco de tudo que entra desde cedo, ficaria muito mais fácil conquistar Longevidade Financeira. Você consegue imaginar o poder dos juros sobre juros em uma conta que - ainda que com depósitos pequenos, mas frequentes - começa aos 20 anos de idade, por exemplo?

O problema é que acontece normalmente o contrário: assim que começamos a trabalhar, somos estimulados a comprar, a financiar, a conquistar determinados bens como se eles fossem a expressão do sucesso na vida. E, muitas vezes, passam-se anos e muitas “lambanças” financeiras até que consigamos ver que não é bem assim. 

No livro "Pai Rico, Pai Pobre", Robert Kiyosaki usa o termo "corrida dos ratos" para tratar disso. Ou seja, do fato de que boa parte das pessoas trabalham muito para comprar coisas que farão com que tenham que trabalhar ainda mais para pagar empréstimos e financiamentos. Desta forma, o ciclo financeiro ao longo da vida se torna extenuante e sem espaço para que possam traçar caminhos melhores.

Além disso, falta informação adequada. Boa parte da população ainda procura as respostas para suas questões financeiras diretamente na mesa do gerente bancário. Não quero generalizar, mas é preciso considerar que existem metas por trás de cada venda e sugestão de produto. Em minha família mesmo avaliei um caso em que a pessoa estava no cheque especial e pagando consórcio e título de capitalização ao mesmo tempo.

Aprendizado nas escolas

Felizmente, parece que algumas coisas estão começando a mudar neste sentido. Hoje, além de muita informação disponível nos mais diversos canais, o Ministério da Educação (MEC) tornou obrigatório o ensino de educação financeira nas escolas. Desde 2020, as instituições de ensino precisam atender às diretrizes da Base Nacional Comum Curricular

É um passo importante, mas traz questões como a formação de professores (afinal como ensinar o que muitas vezes nem eles sabem?), a qualidade do material didático e o fato de que a educação financeira ainda é desenvolvida especialmente dentro da disciplina de matemática. 

De forma geral, a grande questão é que, na escola e em casa, trazer o tema da educação financeira para a mesa é essencial. São as atitudes praticadas ao longo da vida que propiciarão que se conquiste Longevidade Financeira com naturalidade.

Envelhecer bem também depende da forma como lidamos com dinheiro

Finalmente, entendo que envelhecer bem também depende muito da forma com que lidamos com dinheiro ao longo da vida. Isso porque, apesar de, como disse no começo, dinheiro não comprar algumas coisas essenciais, como amor ou saúde, ele pode propiciar uma vida mais confortável, tratamentos melhores, momentos de lazer e até ajudar pessoas ou projetos que estejam dentro daquilo que acreditamos.

E envelhecer bem  financeiramente é similar ao envelhecer bem com relação à saúde e bem estar. É preciso tempo, disciplina e bons hábitos. Para chegar disposto aos 60, 70, 80 anos é preciso ter mantido hábitos saudáveis como se alimentar bem e realizar exercícios. E quando se trata de finanças também é preciso manter hábitos saudáveis, como poupar e investir ou, ainda, consumir de forma consciente e ter objetivos para o dinheiro. 

Finalizo lembrando que sempre é tempo de acertar o que não está indo bem, mas reforço que o tempo pode ser um grande aliado quando se trata de conquistar Longevidade Financeira, por isso, quanto antes se começa a pensar no tema, melhores os frutos a serem colhidos adiante. Vamos juntos?

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