Por Brian Beach*

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Enquanto muitas pessoas associam, de forma estereotipada, o Japão a tendências mais joviais, como novas tecnologias, videogames ou animês, aqueles de nós que trabalham no campo de população em envelhecimento têm reconhecido a importância do país, que enfrenta a realidade de mudanças demográficas.

Muitas vezes, discutimos o valor de olhar para o Japão em busca de soluções inovadoras para alguns dos desafios que têm surgido com o tema – já que, por estar “na dianteira” a esse respeito, explorou tais oportunidades.

Em maio de 2017, colegas do Centro Internacional de Longevidade – Reino Unido (ILC-UK) e eu aproveitamos a conexão com nossa organização-irmã, o ILC-Japan, para conduzir um estudo sobre envelhecer no Japão. Com o suporte financeiro da Daiwa Anglo-Japanese Foundation e da Great Britain Sasakawa Foundation, exploramos abordagens japonesas para enfrentar os desafios da mudança demográfica e aproveitar as oportunidades proporcionadas por vidas mais longas.

A viagem de estudo incluiu sete visitas em três áreas e ao redor de Tóquio – duas das quais a escritórios do governo local, que tomaram medidas importantes para promover atividades para apoiar pessoas mais velhas.

Antes de embarcar, nossa viagem começou com uma sessão de troca de conhecimento, no qual cada equipe do ILC descreveu as abordagens para os cuidados de longo prazo em nossos respectivos países. O ILC-Japan também ofereceu um panorama das tendências de envelhecimento no país.

Até 2025, a população em envelhecimento no Japão se tornará um fenômeno urbano, em vez de rural, devido a históricas migrações internas para as cidades. Também – em oposição à tão falada suposição de que as sociedades asiáticas apresentam altos índices de solidariedade e engajamento social – ouvimos que as conexões sociais têm se tornado mais fracas, à medida que a geração Baby Boomer e os moradores de áreas urbanas tendem a dar grande valor à sua privacidade e independência.

“Em algumas áreas, o envelhecimento tem levado a uma situação em que apenas uma pessoa está em posição de cuidar de toda uma comunidade”

Juntamente a cortes nos serviços de governos locais e nacionais nos últimos anos, foi depositada maior responsabilidade pelo cuidado nas famílias e nas comunidades, que já estão experimentando exaustão causada por pressões. Em algumas áreas, o envelhecimento tem levado a uma situação em que apenas uma pessoa está em posição de cuidar de toda uma comunidade.

Novas realidades, novas ideias

Em resposta a essas, por vezes, duras realidades, esforços concentrados têm investigado novas ideias e programas em quatro principais temas:

- Criar uma mudança de mentalidade: algumas abordagens têm procurado encorajar a autoajuda, mas reconhecendo que auxiliar outros pode ter benefícios pessoais.

- Ter pessoas envolvidas antes que elas precisem de ajuda: a ação preventiva e a identificação rápida de questões geram resultados melhores por meio de uma gama de reflexos em saúde e bem-estar; engajar pessoas em centros comunitários, por exemplo, também pode combater o isolamento.

- Fazer novas parcerias entre organizações e governo locais: as organizações dependem do apoio logístico dos municípios, mas permanecem independentes e trabalham colaborativamente, em vez de operarem como subcontratadas para serviços governamentais.

- Desenvolver lugares para que todos tenham um papel: importante no contexto da demência, alguns programas são desenhados para engajar participantes na maior extensão possível, por exemplo, organizando pequenas oportunidades de trabalho na comunidade, como um grupo.

 “No Japão, existe uma forte ênfase na noção de envelhecimento produtivo, fomentado pela integração e pelo desenvolvimento de vínculos comunitários”

No Japão, existe uma forte ênfase na noção de envelhecimento produtivo, fomentado pela integração e pelo desenvolvimento de vínculos comunitários. De fato, reformas nos cuidados de longa duração na década passada têm promovido o estabelecimento de uma abordagem de cuidados integrados baseados na comunidade. Por ele, facilidades médicas, apoio de enfermagem e grupos de atividade social estão acessíveis a até 30 minutos da casa da pessoa.

Esse tipo de condução tem dois objetivos principais. O primeiro é aumentar a coordenação entre os serviços médicos e os de cuidados de saúde de longo prazo. O segundo é promover a vida ativa e saudável, por meio da participação social, incluindo o suporte necessário para que ela aconteça – como àqueles que têm pequenas questões que impactam sua habilidade de sair com segurança.

Parcerias do governo e de organizações locais

Estações Genki em Yokohama

Nossas visitas em Yokohama, no sul de Tóquio, ilustram alguns dos pontos acima relacionados à prevenção, ao engajamento governamental e às abordagens de viés comunitário. Visitamos a Estação Genki-zukuri, um programa único apoiado pelo governo municipal de Yokohama. O termo é traduzido em algo como “geração saudável” – e essas estações desempenham papéis significativos na promoção da saúde e de várias atividades para mitigar o surgimento da necessidade de cuidados nas 18 instituições de saúde de Yokohama. As atividades variam, mas incluem aulas de ginástica e workshops de prevenção à demência. Quando fomos, havia 253 grupos ativos pela cidade, mas o anseio é desenvolver estações que sejam próximas o suficiente para que as pessoas mais velhas possam chegar até elas andando – em outras palavras, mais de 350.

“Restrições em recursos significam que é necessário que as atividades sejam conduzidas pelas próprias pessoas mais velhas”

As Estações Genki são administradas independentemente por grupos da vizinhança, com apoio de instituições de saúde. De fato, restrições em recursos significam que é necessário que as atividades sejam conduzidas pelas próprias pessoas mais velhas. As instituições fornecem apoio por três meses, para ajudar a preparar a atividade e fazer com que ela se inicie. Um elemento importante disso é o envolvimento de um responsável da casa de saúde local, cujo papel visa à promoção da saúde pública em geral. A instituição não oferece suporte em dinheiro, mas fornece vários suprimentos e cobre outros custos associados à inicialização da atividade.

Além de melhorar a saúde, uma importante meta das Estações Genki é desenvolver o capital social. Elas são obrigadas a apresentar dados sobre a participação duas vezes por ano e realizar pesquisas anuais entre os participantes para examinar a sua eficácia (e as avaliações são uma parte crucial de qualquer intervenção). Um colega do ILC-Japan apresentou uma análise de duas pesquisas em uma estação, abrangendo o período de 2013 a 2015.


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Os resultados apoiam a ideia de que a estação tem efeito positivo na saúde e na participação de atividades em comunidade, além de oferecer acesso e entendimento de novas informações em saúde. No entanto, não há impacto em capital social (medido pelos administradores). Isso pode refletir alguns dos desafios subjacentes das Estações Genki em termos de recrutamento de novos membros e de declínio das taxas de participação.

Reflexão final

Nossa missão de reconhecimento ofereceu muito mais lições e exemplos do que podem ser descritos aqui, mas a Estação Genki demonstra como o esforço coordenado e o suporte governamental pode endereçar algumas das preocupações sobre o envelhecimento da população, mesmo quando há pressão significativa sobre os gastos públicos. Prover suporte para dar impulso a projetos como as Estações Genki pode contribuir para sua consolidação, mas o envolvimento permanente – não necessariamente financeiro – é vital para a continuidade de tais propostas.

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Enquanto as diferenças culturais e institucionais moderam a transferência direta de certos programas a países como o Reino Unido, os exemplos do Japão devem encorajar todos sobre como novas ideias, estratégias inovadoras e engajamento dos próprios idosos – como atores, não apenas beneficiários – podem ajudar nossas sociedades a florescer, enquanto nos adaptamos às realidades do envelhecimento no século XXI.

O relatório completo da viagem da ILC-UK para o Japão, assim como a visita do ILC-Japan a Londres estará disponível em 2018 em http://www.ilcuk.org.uk/.

Por Brian Beach, pesquisador sênior do ILC-UK.

Citação sugerida:

Beach, Brian. 2018. “Looking East: A Rising Sun on Innovations to Support Later Life.” AARP International: The Journal, vol. 11: 30-31. 

Clique aqui e leia o artigo original.

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