Ela geralmente surge após uma separação, após a perda de um amigo ou familiar ou mesmo em períodos de grande estresse emocional. Provoca uma dor forte no peito, falta de ar, palpitações e por muitas vezes pode ser confundida com um infarto.
Considerada um problema psicológico por muitos profissionais de saúde, a chamada Síndrome do Coração Partido, também conhecida de Cardiomiopatia de Takotsuba, é um problema raro que merece a atenção médica como qualquer outra síndrome, já que pode levar seus pacientes à morte.
Estudos hemodinâmicos mostraram que, durante momentos de crise, os ventrículos do coração não contraem corretamente, resultando numa imagem semelhante à de um coração partido. Daí o nome “Takotsuba”, pois o coração fica no formato de um aparelho utilizado pelos japoneses para caçar polvos.
"Quer dizer, essa coisa é possível, porque o coração é o centro do afeto, é muito enervado”
O cardiologista Carlos Alberto Pastore não tem dúvidas dos efeitos da Síndrome do Coração Partido no corpo humano. Em entrevista dada ao programa Canal Livre, da Band, e exibida no dia 9 de julho deste ano, Pastore explica que o problema acontece em pessoas que não apresentam doenças coronárias, mas que desenvolvem quadros de depressão, de tensão e de ansiedade. Em alguns casos, a descarga de adrenalina pode ser tão forte que chega a causar uma constrição no coração.
“Faleceu um idoso e a idosa logo em seguida falecia. Quer dizer, essa coisa é possível, porque o coração é o centro do afeto, é muito enervado”, explica o cardiologista. Ele afirma que a depressão é um fator de risco tão grave quanto ter colesterol alto.
Especialista em atendimento a grupos e casais, a psicóloga e Gestalt-terapeuta Valéria Daumas explica que a Síndrome do Coração Partido também pode estar ligada à não conquista de algum cargo desejado há tempo, em especial quando alguém recém-chegado na empresa fica com a vaga almejada.
“A Síndrome do Coração Partido traz dor real, doe mesmo. Surgem sintomas do infarto ou até mesmo o próprio infarto. A dor emocional doe tanto que é possível que o paciente venha até a desenvolver uma cardiopatia de verdade”, garante Valéria.
Depressão e até suicídio, em alguns casos, também são possíveis, alerta a especialista. Nessas situações, o melhor a fazer é buscar ajuda de um médico cardiologista e na sequência um acompanhamento com psicólogo. “Normalmente são casos de fácil resolução. Porém, o acompanhamento se faz necessário para que se identifique o verdadeiro gatilho disparador para tamanha dor”, explica.
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O caiçara Augusto Meira é formado em administração de empresas e trabalhou por mais de vinte anos com organização de eventos na área de telecomunicações. Em 2017, aos 51 anos, Meira se viu desempregado e sem perspectiva de conseguir um novo emprego. Solteiro, tentou se recolocar no mercado de trabalho por 8 meses, até que todas as suas reservas financeiras se esgotaram e ele se viu obrigado a voltar a morar com os pais. “Fui parar 3 vezes na emergência do hospital com dores no peito, dormência pelo corpo e tontura. Minha pressão, que normalmente é 12x8, chegou a 17x10”, comenta Meira.
Ele conta que quando o médico perguntou se ele estava passando por algum estresse e ele respondeu que estava há 8 meses desempregado, o alívio do médico foi imediato. “Ele me prescreveu um calmante e me disse para ficar tranquilo, pois o Brasil inteiro estava passando por uma crise que logo teria fim. Naquele momento, parei de me culpar pelo meu desemprego e me senti melhor”, afirma.
O uso de alguns remédios também pode produzir hormônios do estresse e provocar a Síndrome, como Epinefrina, Dobutamina, Duloxetina ou Venlafaxina.
Veja os sintomas mais comuns da Síndrome do Coração Partido:
- Tonturas e vômitos;
- Dificuldade para dormir;
- Aperto no peito;
- Dificuldade para respirar;
- Perda de autoestima, sentimentos negativos ou pensamento suicida;
- Raiva, tristeza profunda ou depressão;
- Cansaço excessivo;
- Perda de apetite ou dor no estômago.
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