“Estava com a autoestima baixa.” Era assim que se sentia, em 2008, o metalúrgico aposentado Reginaldo Carlos da Costa. Na época, teve que parar de trabalhar, em decorrência de artrose no joelho. Parou de andar e abandonou as aulas como professor de judô, que ministrava no período noturno. “Eu tinha que encontrar algo para fazer”, lembra ele, hoje com 68 anos de idade.
Finalizou o ensino médio e, em 2010, prestou vestibular. Cursou um ano e meio de educação física, mas a mensalidade consumia “metade do salário”. Decidiu prestar Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), que poderia lhe garantir uma bolsa de estudos. Aceito como forma de acesso ao ensino superior, o exame também é usado em programas governamentais de financiamento ou de apoio ao estudante da educação superior.
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Assim como Costa, milhares de brasileiros com mais de 50 anos de idade buscam no exame uma forma de ingressar na universidade. Para o metalúrgico, voltar a estudar as disciplinas do ensino médio exigiu foco. Começou com o que tinha de material do Encceja (Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos), destinado a jovens e adultos que desejam concluir o antigo 2º grau. Depois, buscou material na internet – que, segundo ele, é uma mina de conteúdos gratuitos para quem quer se preparar para o Enem.
A disciplina é um dos fatores-chave na preparação. Mas, como lembra Luiz Francisco Jr., life coach e professor de psicologia da Fadisp, dependendo da dosagem, ela pode ser o remédio ou o veneno. A recomendação é uma combinação de consciência dos próprios limites, metas e objetivos claros e tempo para descanso e lazer.
E era dessa maneira que Costa se organizava. Todos os dias, preparava-se para as provas. Dava atenção especial a português e matemática. Também pesquisava pelas aplicadas em anos anteriores para respondê-las – outra forma de preparação que, segundo ele, pode ajudar muito.
ENEM 2019
As inscrições para o Enem 2019 começam na próxima segunda-feira (06) e terminam no dia 17 de maio. As provas estão marcadas para os dias 3 e 10 de novembro. No primeiro dia, os estudantes terão 5h e 30 minutos para fazer a redação além das provas de linguagens e ciências humanas. No segundo dia, os participantes terão 5h para resolver as questões de matemática e ciências da natureza.
O que cai na prova
Quem está há algumas décadas distante dos livros de ensino médio pode começar pela disciplina que tem mais dificuldade, orienta a professora Andréia Tassiane Antonacci, coordenadora do curso de direito da Fadisp. Dessa forma, completa, “o estudo é mais facilmente absorvido”.
No Enem, são avaliadas quatro áreas do conhecimento, com 45 questões cada uma:
- Ciências humanas e suas tecnologias
- Ciências da natureza e suas tecnologias
- Linguagens, códigos e suas tecnologias
- Matemática e suas tecnologias
O exame também inclui uma redação, de até 30 linhas. A partir de um tema, é pedido um texto dissertativo-argumentativo com base em uma situação-problema – política, social ou cultural. Saiba mais sobre a prova e acompanhe o cronograma em https://enem.inep.gov.br.
Enem sem medo
“Se a pessoa tem mais de 50 anos e manteve durante a vida hábitos como leitura, exercícios de lógica e memorização, estará mais preparado. Manter o cérebro ativo é fundamental para ter um bom desempenho em qualquer tipo de estudo”, destaca o máster trainer William Ferraz, diretor do Instituto Ideah. Segundo ele, não há um tempo mínimo ou máximo para se preparar. Quanto antes, melhor.
Leia também: Fazer faculdade depois dos 50 anos: alunos revelam os benefícios
Ferraz explica que, em relação à concorrência com jovens – que têm frescos na cabeça os conteúdos de ensino médio –, as pessoas da geração com 50 anos ou mais podem sentir menos pressão. Elas “viveram muitas coisas e situações de maior tensão que uma simples prova”. “Uma das vantagens de envelhecer é ao mesmo tempo amadurecer e, com isso, não se deixar levar pela pressão social e pela ansiedade característica da juventude”, complementa Francisco Jr.
Ao mesmo tempo, diz Ferraz, os mais velhos “podem ter criado uma crença de que não conseguem mais, ou que esse tipo de coisa não é para sua idade”. O resultado pode ser desastroso, porque esse tipo de crença aumenta a pressão e reduz o desempenho.
Dicas para os estudos
Segundo os especialistas, vale elaborar algumas estratégias de preparação para a prova. São elas:
- Criar um planejamento, inclusive prevendo possíveis dificuldades;
- Ter alguém junto no processo do estudo, para que um motive o outro em um dia de maior dificuldade;
- Não se comparar com os outros;
- Estabelecer, no início, metas fáceis e aumentar progressivamente o grau de dificuldade;
- Nos dias próximos ao processo de avaliação, ser atencioso e cuidadoso com o sono, a alimentação e os esforços físico, psíquico e mental é um dos passos para ser bem-sucedido.
De volta à faculdade
E por falar em sucesso, Costa obteve nota suficiente para voltar a cursar educação física. Ou, se preferisse, matricular-se no curso de direito em uma faculdade próxima a sua casa. Preferiu a segunda opção. Agora, prestes a se tornar bacharel, prepara-se para fazer a prova da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e poder advogar na área tributária.
Concluir o ensino superior foi um desafio, segundo ele. Havia muito conteúdo para estudar. “Algumas pessoas achavam que eu não ia terminar”, conta Costa. Mas foi em frente, disposto a aproveitar a “segunda chance” que conquistou da vida.
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