Caros amigos e amigas do Instituto de Longevidade MAG,

Vamos entrar em junho e gostaria de dedicar neste texto alguns pensamentos sobre a importante efeméride que se celebra neste mês. Dia 15 é o Dia Mundial de Conscientização sobre a Violência Contra a Pessoa Idosa. Uma data em que todos somos chamados a refletir sobre as formas de agressão praticadas contra pessoas mais velhas ao redor do mundo.

Começo por dizer que o Brasil é um caso peculiar, em meio à discussão global desta pauta. Sabe-se que o nosso país aporta em benefícios previdenciários e assistenciais para pessoas mais velhas um valor similar ao de países muito mais envelhecidos, visto como proporção do PIB. E isto se dá em um cenário em que muitas demandas sociais relevantes não são bem atendidas. Para não estender demais a lista, citemos duas, e guardemo-las em mente: a inexistência de saneamento básico universal e a insegurança pública.

Isto quer dizer que as pessoas idosas não devem receber proteção previdenciária e assistencial? Evidente que não é disto que se trata. No entanto, o fato de que aportamos importantes benefícios para os mais velhos, de um lado; e de outro que há evidente subinvestimento em outras necessidades sociais relevantes, revela um importante desequilíbrio de prioridades.

Podemos, portanto, concluir que o Brasil é pró-idoso, ao menos quando visto a lista dos investimentos públicos. E isso não é pouco, nem em termos simbólicos, nem em termos materiais. Com base em tais fatos, podemos dizer que o Brasil é um país que promove um combate ativo à violência contra a pessoa idosa, por meio da segurança financeira que garante.

Tal conclusão não nos autoriza a deduzir que somos, por oposição, um país “contrário à juventude”, porém não deixa de ser verdade que a falta de saneamento básico afeta majoritariamente as crianças de 0 a 10 anos, e que os jovens de 15 a 19 anos sejam os que mais morrem por mortes violentas, fato sem dúvida atribuível à insegurança pública.

O ponto ao qual quero chegar é que, por mais que pautas protetivas de segmentos específicos sejam importantes, creio que a verdadeira agenda de promoção do bem-estar da pessoa idosa esteja na promoção da coesão e colaboração entre as gerações. O tão falado pacto intergeracional precisa ser reinventado e recriado em novas bases.

Não mais presumindo a dependência de uma geração por outra, mas sim a de uma interdependência. Os idosos não são, nem querem ser vistos exclusivamente como o polo passivo, simples objeto dos cuidados dos mais jovens. Nem os jovens devem deixar de ser protegidos dos riscos que lhes acometem, como os que citei acima.

E o caminho para esta repactuação entre as gerações é a educação para a longevidade. Com ela, vamos alertar para as várias formas de violência contra a pessoa idosa,  como fazemos nesta Cartilha. Mas vamos também educar os mais velhos para a digitalização, mantendo-os capacitados para o trabalho e para a vida social contemporânea. Neste caso, um bom exemplo é a websérie Digital Sem Medo , que agora começa a explorar o tema Desviando dos perigos na Internet. Eu, velho que sou, sei da relevância disto.

Em resumo, minha gente: neste junho em que cerramos fileiras para proteger as pessoas idosas, guiemos nossas ações pela ótica da intergeracionalidade. E tenhamos em mente que uma velhice segura também requer uma juventude saudável, viva e educada.

Cordialmente, Nilton Molina.

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