A ordem do dia é inequívoca: use as tecnologias, ou estarás alijado da sociedade. Por mais que esta verdade se aplique a todos, nem todos se tornam seres digitais, ao segui-la. O virtuoso e libertador uso de equipamentos digitais, por si só, não faz com que algumas camadas da população deixem de ser analógicas. Tenho poucas dúvidas sobre isso, particularmente nas franjas da sociedade, ou seja, para os 30% de Brasileiros analfabetos funcionais e para os 30/40 milhões de idosos. Ou seja, grosso modo, metade da população Brasileira.
Há uma variedade cada vez maior de aparelhos integrados às redes em nosso cotidiano, desde patinetes até as aplicações de inteligência artificial, passando pelo uso dos aparelhos móveis de telefonia e comunicação. No entanto, isto definitivamente não quer dizer que as pessoas, pelo simples uso desses equipamentos, alterem substancialmente sua forma de pensar e agir para um modo “digital”. Definitivamente não é assim que funciona o comportamento humano.
Claro que é um alívio para os diabéticos receberem de forma automática, no seu celular, notícias sobre suas taxas de glicoses. Uma felicidade, salve a tecnologia. Os grandes varejistas, artesãos, artistas etc., ficam muito felizes, e os consumidores também, de poder vender e fazer suas compras conectados à rede. Uma beleza!
Carros elétricos e ou autônomos que poderão ser consertados à distância! Além da economia de combustíveis tóxicos, é uma demonstração inequívoca dos benefícios trazidos pela internet, pelas redes neurais e pela inteligência artificial aplicada. Sem qualquer dúvida a humanidade deve estar grata pelo progresso técnico e científico, pois tudo isto é maravilhoso, facilita o dia a dia das pessoas, traz felicidade, economia de tempos e movimentos. Tudo isto é bom e verdadeiro.
Mesmo assim, repito, tais facilidades não transformam o caráter comportamental das pessoas, particularmente aquela metade da população a que me referi anteriormente. Elas continuam com o caráter analógico. Um excelente exemplo da permanência deste caráter é o uso do bom e velho papel, por pessoas “não digitais”.
Falando em papel, no momento deste devaneio me dei conta que preciso estudar o consumo de papel para impressão, mais precisamente no formato A4, a fim de verificar se o consumo deste tipo de papel tem aumentado ou diminuído. Fui buscar informações e não posso dizer que me surpreendi. Aumentou.
Consultei alguns sites da indústria papeleira e me fixei no estudo da Revista Eletrônica de Negócios de Internet da ESPM e lá verifiquei o seguinte: em relação ao consumo de papel para impressão A4, seu consumo tem aumentado na razão direta do aumento dos investimentos em T.I. Pode-se, portanto, deduzir que o fácil acesso aos equipamentos eletrônicos, leva a impressão desses arquivos eletrônicos. Interessante.
De outro lado, tem diminuído drasticamente a produção e consumo de papel para escrever, me parece claro intuir que as pessoas estão claramente utilizando os computadores para escrever, porém de acordo com o aumento do consumo dos papéis para impressão, estão imprimindo os seus escritos! Durma com um barulho desses. Concluo, com essa última constatação, que sim, continuamos analógicos. Certamente nem todos, meus bisnetos por exemplo, entendo que terão um caráter digital. Salve eles. A pergunta que devemos nos fazer enquanto sociedade é: Quais esforços devemos empreender para garantir o uso qualificado destes novos recursos tecnológicos pelo grande contingente de pessoas ainda de comportamento analógico.
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