Você provavelmente já ouviu falar que beber durante a refeição faz mal e talvez até evite ingerir líquidos enquanto come. Dentre tantos mitos e verdades em relação ao assunto, você sabe quais são os reais motivos para isso? A fim de tirar todas as dúvidas, o Instituto de Longevidade Mongeral Aegon conversou com a nutricionista Taissa Machado.
Para começar é importante entendermos que o ato de beber enquanto comemos não passa de um hábito, do que uma necessidade propriamente dita. A especialista explica que a ingestão de líquidos durante a refeição é uma questão de adaptação, assim como a mastigação.
“O processo digestivo começa na boca com o mastigar e o auxílio da saliva, que possui enzimas e sais que são liberados para triturar os alimentos. Dessa forma, eles chegam ao estômago em um estado ‘pré-digerido’ facilitando o processo”, explica Taissa.
Quando ingerimos líquidos – seja ele qual for, inclusive água – estamos diluindo o suco gástrico, atrapalhando a chegada e a ação de enzimas, ambos fundamentais para a quebra e digestão dos alimentos. Acabamos “sobrecarregando o processo digestivo e reduzindo a absorção de vitaminas e minerais”, completa.
Além disso, beber durante a refeição influencia também na dilatação do estômago, segundo a nutricionista. “Aumenta o volume do bolo alimentar dando a falsa sensação de saciedade e podendo apresentar sintomas como distensão abdominal, indigestão, queimação [azia] e refluxo”.
Se ainda assim você não estiver convencido a mudar o hábito, mostramos outras razões para fazê-lo.
Beber durante a refeição pode engordar
Taissa expõe duas formas disso acontecer: direta e indiretamente. A primeira está associada ao aumento de calorias da refeição. “Dependendo do líquido ingerido, pode haver picos de açúcar no sangue”. Já a segunda interfere no controle da fome, dando a falsa sensação de saciedade.
“Ao ingerir líquidos durante as refeições, ocorre a distensão da parede do estômago, que é flexível, propiciando uma falsa impressão ao cérebro de que estamos satisfeitos. Assim, reduzimos a ingestão de alimentos e nutrientes necessários para o corpo e em poucas horas estamos com fome.”
Provavelmente você já sabe o resultado desse processo: vontade de comer mais. O consumo alimentar na próxima refeição será maior, pois você sentirá a necessidade de compensar. Outro fator que influencia é que na maioria das vezes os líquidos escolhidos para acompanhar as refeições possuem calorias vazias.
“Normalmente essas bebidas têm muito açúcar, gás, adoçantes artificiais, corantes, aditivos químicos e nenhum nutriente. Estamos falando dos refrigerantes, sucos de caixinha ou em pó e composições açucaradas.”
De acordo com a especialista, esses tipos de líquidos são altamente inflamatórios e ricos em açúcar, podendo favorecer a obesidade, refluxos, gases e arrotos, alterações no controle da glicemia, sobrecarrega no fígado e atraso no trânsito intestinal.
5 dicas para uma hidratação adequada
É preciso se manter hidratado ao longo do dia, reforça Taissa. “Não podemos deixar para beber durante a refeição apenas”. Mas então qual é a forma adequada de se hidratar? A nutricionista lista cinco dicas para aplicar à sua rotina:
1. Beba água mineral até 30 minutos antes e de 15 a 20 minutos após as refeições
“O ideal é evitar ao máximo a ingestão de qualquer tipo de bebida durante a refeição, mas, havendo necessidade, como por exemplo quem tem salivação reduzida, a melhor opção é beber um copo água natural [200ml].”
2. Chás podem ajudar na digestão
Para quem tem gastrite, distensão abdominal ou má digestão, a nutricionista recomenda tomar uma xícara de chá 30 minutos após a refeição. Para o preparo da bebida, a sugestão é usar erva-cidreira, erva-doce, hortelã, cominho e coentro, gengibre ou espinheira santa. Eles ajudam no processo digestivo e minimizam os sintomas.
3. Atenção ao excesso de sal
Você sente muita sede após as refeições? Cuidado! Pode ser um sinal de que a comida está muito salgada. “Diminua a sua quantidade no preparo e evite adicionar o sal diretamente ao prato. Além de reduzir a sede, é uma excelente forma para controlar a pressão arterial”, argumenta.
4. Use especiarias naturais para temperar
Taissa é categórica: “realce o sabor das comidas usando temperos naturais, como orégano, pimenta, alecrim, páprica, cebola, alho, entre outros”. Existem diversas especiarias que podem surpreender no sabor. Já experimentou fazer um omelete sem adição de sal, mas com orégano e pimenta do reino? Vale tentar!
5. Sucos podem ajudar a tratar anemia, má digestão ou distensão abdominal
Em alguns casos, é preciso dar uma forcinha ao organismo para que ele absorva os nutrientes ou digira os alimentos com mais facilidade. Nestas situações, a nutricionista indica beber um copo (200 ml) de sucos naturais de frutas cítricas e ricas em vitamina C. Mas é importante que eles não sejam coados e não levem adição de açúcar ou adoçante.
Para ajudar na absorção dos nutrientes, aposte nos sucos de laranja, limão, melão ou tangerina. Normalmente são consumidos por quem tem anemia, pois eles têm dificuldades em absorver o ferro, principalmente oriundos dos vegetais. Já para quem tem aquela sensação de peso após comer carne vermelha, ou seja, má digestão ou distensão abdominal, é recomendável beber suco de abacaxi. Mas lembre-se! Sempre um copo (200 ml), sem ser coado e sem adição de açucares.
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