O uso da linguagem infantilizada com idosos vem sendo cada vez mais questionado por especialistas em envelhecimento e saúde mental. Frases como “vamos tomar sua comidinha” ou “deixa eu ajudar, vozinho” podem parecer afetuosas. No entanto, escondem uma atitude de desrespeito à autonomia da pessoa idosa.
Reportagem publicada no jornal The New York Times destaca estudos feitos nos Estados Unidos. Pesquisadoras analisaram dezenas de vídeos com interações entre cuidadores e idosos em instituições de longa permanência. Em 84% dos casos, identificou-se o uso de uma fala infantilizada.
Linguagem infantilizada com idosos reforça estereótipos negativos
Clarissa Shaw, pesquisadora da Universidade de Iowa, e Kristine Williams, gerontóloga da Universidade do Kansas, conduziram o estudo. Elas observaram que a linguagem infantilizada com idosos é frequentemente usada de forma inconsciente. Ainda assim, os efeitos são negativos.
“Como alimentamos estereótipos negativos em relação à velhice, mudamos a forma de falar quando nos dirigimos aos velhos. As pessoas não fazem por mal, mas não se dão conta de que a mensagem que passam é negativa”, afirmou Williams.
A fala muda em tom, ritmo e até entonação, como se os idosos fossem crianças. Isso contribui para a perda de autonomia e aumento da resistência. Segundo Williams, muitos idosos gritam, viram as costas ou empurram cuidadores em resposta ao tratamento.
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Mudança de comportamento reduz conflitos e uso de medicamentos
Com base nos resultados, foi criado o programa “Changing Talk Online Training” (CHATO). O treinamento tem três horas de duração e está disponível on-line. O objetivo é remodelar o padrão de comunicação adotado por profissionais de cuidado.
Após a aplicação do programa, os resultados foram significativos. A resistência dos idosos diminuiu. O uso da linguagem infantilizada com idosos também foi reduzido. Segundo as métricas, houve queda até no uso de medicamentos antipsicóticos.
Os dados reforçam que a forma de falar com a pessoa idosa precisa ser revista com urgência. O respeito à trajetória de vida e à autonomia é fundamental para relações saudáveis.
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