Os modelos de moradia para pessoas idosas mais conhecidos no Brasil são as Casas Geriátricas e as Instituições de Longa Permanência para Pessoas Idosas (ILPIs). Além disso, existem outros formatos, em crescimento, como os Centros de Convivência, Centros-Dia e Hospitais de Transição. O propósito desses tipos de lares é apoiar a promoção da longevidade.

A Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) 502/21 é a norma que dispõe sobre o funcionamento de Instituição de Longa Permanência para Idosos, de caráter residencial. Mesmo que sirva para regulamentar modelos de moradia, suas regras acabam não permitindo que novos tipos existam.

De acordo com Joseph Nigri, engenheiro civil, especializado em incorporação imobiliária, o que existe, hoje em dia, é “basicamente o que chamam de asilo e casas de repouso”. Para Joseph, que faz parte da Naara, uma incorporadora com foco em desenvolver projetos imobiliários voltados para idosos, existe muito a melhorar. Principalmente no quesito arquitetura e serviços.

“Um ambiente exclusivamente para idosos deveria ser não só acessível e preparado para as condições físicas do idoso, como também ter atividades comuns voltadas para a socialização, a prática de atividades e o bem-estar. O idoso precisa de vários serviços no dia a dia. Principalmente um serviço de emergência”, comenta Joseph.

Para o especialista, a acessibilidade pode estar na presença de cadeira de rodas, piso antiderrapante no banheiro, barras de apoio. Mas o ambiente pode proporcionar ainda mais conforto, como luz de baliza para ir ao banheiro à noite, por exemplo. “O idoso deveria viver em um empreendimento onde ele tivesse áreas de vida comum”, completa.

Modelos de moradia para pessoas idosas: o que falta para que sejam melhores?

Segundo dados do Into (Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia), todos os anos, 40% dos brasileiros acima de 80 anos sofrem quedas. Mesmo incidentes simples, como quedas de sua própria altura, podem levar a fraturas, lesões musculares ou até mesmo danos neurológicos.

Por esse motivo, os modelos de moradia para pessoas idosas devem estar preparados para incidentes. Segundo Joseph, pessoas idosas “deveriam morar em um lugar onde, caso aconteça qualquer incidente, possam ter um atendimento rápido. Seja uma queda, um infarto, um AVC, um engasgo. Isso pode salvar a vida dele ou até evitar sequelas”.

Mesmo que estejamos avançando na criação de novos modelos de moradia para pessoas idosas, ainda há muito a melhorar. Para Joseph, o que falta nos modelos atuais é “um padrão construtivo alto”. Ou seja, um nível mais elevado de construção e que ofereça algo a mais para os moradores. Por exemplo, no quesito entretenimento e serviços, seria um lugar com todos diversos tipos de atividade.

“Um restaurante onde as pessoas podem comer o que quiserem, a hora que quiserem, com quem elas quiserem. Uma área de bem-estar que mais pareceria um spa, onde as pessoas possam fazer massagem, sauna, hidroterapia. Além de áreas de convívio onde possam socializar, fazer amigos, conversar, interagir, jogar jogos, fazer vários tipos de atividade”, sugere Joseph.

A socialização é de extrema importância

Um dos pontos levantados por Joseph é a dificuldade da socialização em alguns modelos de moradia para pessoas idosas. O contato social, um fato de extrema importância para a saúde do cérebro, em alguns casos, não é o foco do ambiente. Além disso, a socialização com a família pode acabar diminuindo. O que reduz ainda mais as relações sociais e afetivas.

“Os filhos não conseguem dar a atenção que os pais merecem. Ao mesmo tempo, eles têm que gerenciar toda a vida deles, o cuidador, o ajudante, e a enfermeira”, afirma.

Por esse motivo, um empreendimento que proporciona atividades coletivas e a socialização de pessoas idosas ganha destaque. “Tudo isso poderia ser resolvido com um empreendimento voltado exclusivamente para resolver esse problema do envelhecimento. Um lugar em que as pessoas possam envelhecer ativamente”, completa Joseph.

Uma senhora, com óculos, sentado em uma cadeira de rodas e sorrindo para uma enfermeira. Imagem para ilustrar a matéria sobre modelos de moradia para pessoas idosas. Crédito: Ground Picture/Shutterstock

Modelos de moradia para pessoas idosas fora do Brasil

Diferente do Brasil, alguns países contam com variedade em modelos de moradia para pessoas idosas, explorando mais possibilidades de convivência e atividades. Veja abaixo alguns modelos comuns em países envelhecidos.

Moradia de Vida Independente (Independent Living)

Um ambiente que permite que os idosos desfrutem de suas casas de maneira autônoma e independente à medida que envelhecem, sem comprometer suas atividades diárias. Existem diferentes modalidades que usam essa abordagem.

Em primeiro lugar, temos o "Envelhecimento no Local" (Aging in Place), que são moradias individuais ou familiares. Em seguida, a opção de "Moradia Colaborativa" (Co-Living) oferece uma única habitação coletiva, como uma casa ou apartamento. Nesse ambiente, os moradores podem ou não ter quartos individuais, compartilhando instalações como banheiros, cozinha, salas e lavanderia.

Outra alternativa é o "Condomínio Colaborativo" (Co-Housing), composto por diversas casas ou apartamentos. Essa modalidade apresenta áreas comuns para convivência e lazer compartilhadas entre os residentes.

Quanto à assistência, a ênfase recai na promoção da vida independente, sem a necessidade de assistência ativa. No entanto, alguns empreendimentos oferecem serviços adicionais, como segurança, limpeza, alimentação, entretenimento, lazer, educação, esportes, beleza e cuidados de prontidão. A proposta é ter um ambiente que atenda às necessidades diversas dos idosos que escolhem viver de forma autônoma em suas próprias moradias.

Moradia Assistida (Assisted Living Facilities)

Quando existe algum tipo de comprometimento das atividades diárias de pessoas idosas, a assistência é necessária e deve ser realizada por profissionais capacitados. Em geral, são os cuidadores. Este modelo de cuidado é similar às Instituições de Longa Permanência para Pessoas Idosas com grau de dependência I.

Nesse modelo, a assistência abrange a prestação de serviços de auxílio intermitente ou contínuo por cuidadores formais. Além disso, são estabelecidas rotinas de atividades supervisionadas, proporcionando um ambiente que contempla serviços diversos. Entre eles, segurança, limpeza, alimentação, entretenimento, lazer, atividades educacionais, esportivas, artísticas, estímulo cognitivo, integração, inclusão e socialização.

O cuidado inclui monitoramento e supervisão nas administrações de medicamentos, higiene e alimentação, garantindo suprir as necessidades específicas das pessoas idosas que necessitam desse suporte.

Moradias com Serviços Qualificados de Enfermagem (Skilled Nursing Facilities)

Esse modelo de moradia para pessoas idosas se destaca pela exigência de assistência intensiva e especializada por profissionais da enfermagem. Ela se assemelha às Instituições de Longa Permanência para Pessoas Idosas com grau de dependência II.

Nesse empreendimento, a assistência é proporcionada por uma equipe de enfermagem altamente qualificada, juntamente com cuidadores auxiliares, em um regime contínuo. A presença constante desses profissionais garante um cuidado mais personalizado e adaptado às necessidades específicas dos idosos com maior dependência.

Com isso, pessoas idosas contam com um suporte essencial para as atividades diárias, bem como monitoramento constante da saúde e administração adequada de cuidados médicos. Essa modalidade busca assegurar um ambiente seguro e propício para uma qualidade de vida aprimorada para quem necessita de alto nível de assistência.

Moradias de Assistência à Demência (Memory Care)

Essas residências têm o objetivo de proporcionar uma melhor qualidade de vida para indivíduos que enfrentam algum tipo de demência. Os cuidadores e profissionais de enfermagem que atuam nesse ambiente passam por treinamento específico. Muitas das pessoas abrigadas podem estar fisicamente saudáveis, mas enfrentam desafios cognitivos irreversíveis e progressivos.

Essa abordagem se assemelha às Instituições de Longa Permanência para Pessoas Idosas com grau de dependência III. Nesse ambiente, a assistência é prestada por uma equipe de enfermagem altamente qualificada e especializada no atendimento às demências. Além disso, são designados cuidadores auxiliares em um regime contínuo.

Esse modelo foca em garantir um ambiente seguro e dedicado, onde as demandas cognitivas dos residentes são atendidas de maneira sensível e compreensiva. O que promove uma melhor qualidade de vida para aqueles que enfrentam desafios decorrentes de condições mentais.


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