A altas temperaturas que têm castigado o Brasil devem persistir até o outono. Especialistas alertam que as condições de alta pressão atmosférica mantêm os dias de calor, transformando regiões populosas em verdadeiras fornalhas. Nesse cenário, os idosos são um dos grupos mais vulneráveis, exigindo cuidados especiais para evitar complicações de saúde.
Fevereiro foi marcado por temperaturas recordes em várias regiões do país, especialmente no Sudeste e Sul. No Rio de Janeiro, as temperaturas ultrapassaram 35°C diariamente, com chuvas 93% abaixo da média. A falta de umidade e o calor intenso criaram um cenário propício para problemas de saúde, especialmente entre os idosos.
O climatologista José Marengo, do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), explica que a alta pressão atmosférica bloqueia a formação de chuvas, mantendo o clima seco e quente. "Sem uma frente fria muito intensa, o que é improvável nesta época, o calor seguirá. Estamos com risco de fogo no que deveria ser a estação chuvosa", destaca Marengo.
Regina Rodrigues, professora da Universidade Federal de Santa Catarina, reforça que o sistema de alta pressão, que antes ficava no oceano, agora se desloca para o continente, agravando a situação. Ela explique que o ar quente não sai, e as frentes frias não entram. É um ciclo que se retroalimenta.
Por que o calor está tão intenso?
O calor extremo deste verão tem uma explicação científica. Um sistema de alta pressão atmosférica, conhecido como anticiclone, estacionou sobre o continente, impedindo a formação de nuvens e chuvas. Esse fenômeno, aliado às mudanças climáticas, tem intensificado as ondas de calor.
Estudos recentes publicados na revista Frontiers in Climate mostram que a duração das ondas de calor no Brasil aumentou de cinco dias antes dos anos 2000 para 15 a 20 dias atualmente. Além disso, a Oscilação de Madden-Julian (MJO), um sistema atmosférico que se origina no Oceano Índico, tem gerado ondas de Rossby, que deslocam o anticiclone para o continente.
Cuidados com os idosos nos dias de calor
Em meio aos dias de calor, os idosos são especialmente vulneráveis à desidratação. A nutricionista Aline Nascimento alerta que, muitas vezes, eles não sentem sede, o que aumenta o risco de complicações. "É muito importante oferecermos água ao idoso durante todo o dia. Os familiares devem criar uma rotina, como por exemplo, manter uma garrafinha térmica junto a ele", recomenda.
A desidratação em idosos pode levar a sintomas graves, como confusão mental, fadiga, tonturas e até problemas cardíacos. Além disso, a pele ressecada e as cãibras musculares aumentam o risco de quedas e lesões. Por isso, a hidratação constante é essencial.
Crédito: Kleber Cordeiro/Shutterstock
Dicas para proteger os idosos
-
Hidratação Contínua: ofereça água regularmente, mesmo que o idoso não sinta sede.
-
Ambiente Fresco: mantenha os cômodos arejados e use ventiladores ou ar-condicionado, se possível.
-
Roupas Leves: opte por tecidos leves e claros, que ajudam a dissipar o calor.
-
Alimentação Balanceada: priorize frutas e legumes ricos em água, como melancia e pepino.
-
Evitar Sol: limite atividades ao ar livre nos horários mais quentes, entre 10h e 16h.
Previsões para os próximos dias
Enquanto os dias de calor continua a afetar grande parte do país, uma nova frente fria está chegando à Região Sudeste, trazendo alívio para algumas áreas. A partir de 19 de março, a frente fria avançará pela costa de São Paulo, indo em direção ao Rio de Janeiro, estimulando instabilidade e chuvas fortes nos últimos dias do verão de 2025.
As capitais do Sudeste, como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Vitória, podem registrar acumulados significativos de chuva. Entre os dias 18 e 19 de março, são esperados cerca de 45 mm no Rio de Janeiro, 40 mm em São Paulo, 50 mm em Belo Horizonte e 40 mm na região de Vitória. Essas chuvas devem ajudar a amenizar as temperaturas, embora o noroeste de Minas Gerais continue com tempo seco e quente.
O outono começa oficialmente no dia 20 de março, e as mudanças no tempo devem trazer mais conforto térmico para a região. No entanto, é importante continuar atento aos cuidados com os idosos, especialmente durante os períodos de transição climática, quando os riscos de desidratação e problemas de saúde ainda são altos.
Quer ter acesso a uma série de benefícios para viver com mais qualidade de vida? Torne-se um associado do Instituto de Longevidade MAG e tenha acesso a Tele Saúde, descontos em medicamentos, mais de 200 cursos com certificado, Seguro de Vida e assistência residencial e outros benefícios.
Fale com nossos consultores e saiba mais!
Leia também:
Calor extremo em 2050 deve afetar 23% da população acima de 69 anos
Onda de calor excessivo exige cuidados com a saúde de pessoas idosas
Onda de calor: sintomas associados às altas temperaturas elevam riscos de acidentes com idosos