O pico da expectativa de vida humana pode já ter sido alcançado. Isso é o que aponta um estudo recente publicado na revista Nature Aging. A pesquisa sugere que, embora os avanços médicos e tecnológicos tenham estendido a longevidade média ao longo do século 20, esse aumento está desacelerando e pode estar próximo do seu limite. Atualmente, alcançar uma idade além dos 89 anos poderá continuar sendo uma raridade, mesmo com novos progressos na medicina.
O estudo analisou dados coletados entre 1990 e 2019 de países como Japão, Suécia, França e Coreia do Sul. Essas são regiões onde a expectativa de vida é alta. Apesar de uma elevação contínua na longevidade, os pesquisadores notaram que o ritmo desse crescimento diminuiu. Somente Hong Kong manteve um aumento constante na expectativa de vida durante o período analisado.
O principal autor do estudo, S. Jay Olshansky, professor de epidemiologia na Universidade de Illinois, afirmou que estamos próximos ao pico da expectativa de vida. Ele estima que a média de longevidade ficará em torno de 87 anos, com uma diferença entre os gêneros. Segundo o pesquisador, serão cerca de 84 anos para homens e 90 para mulheres.
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A chegada ao pico da expectativa de vida pode estar relacionada com desafio de avanços tecnológicos
Nos séculos passados, inovações como saneamento básico e o desenvolvimento de antibióticos permitiram grandes saltos na longevidade. No entanto, o estudo mostra que esse ritmo de avanço está desacelerando. Segundo os pesquisadores, a expectativa de vida não continuará crescendo indefinidamente, como muitos cientistas acreditavam. A redução de mortes antes dos 50 anos, por exemplo, teria um impacto limitado no aumento da expectativa média.
Olshansky argumenta que, mesmo com a eliminação de causas de morte comuns, o envelhecimento biológico continua sendo um obstáculo significativo. O desgaste dos sistemas internos do corpo humano, como os órgãos e os tecidos, parece ser um fator inevitável que limita o tempo de vida.
Perspectivas sobre o futuro da longevidade
Apesar do cenário pessimista, alguns especialistas veem oportunidades de prolongar a vida. Luigi Ferrucci, do Instituto Nacional do Envelhecimento, defende que a saúde preventiva poderia atrasar o aparecimento de doenças crônicas. Ou seja, uma maneira de aumentar a qualidade e a duração da vida. Além disso, há uma aposta crescente no desenvolvimento de terapias anti-envelhecimento, que visam retardar os próprios processos biológicos de envelhecimento.
A visão de que o ser humano atingiu o pico da expectativa de vida é amplamente aceita, mas permanece a possibilidade de avanços científicos radicais no futuro. Para Olshansky, isso exigiria nada menos do que uma intervenção que desacelerasse o processo de envelhecimento, algo que ele acredita ser possível, mas que ainda está longe de se concretizar.
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