No Brasil, encontrar trabalho depois dos 50 anos tem se tornado um desafio crescente para muitos profissionais. Apesar das qualificações e experiência, os 50+ enfrentam dificuldades significativas para se recolocar no mercado de trabalho.

A dificuldade de recolocação para pessoas com mais de 50 anos é evidente. Uma pesquisa realizada pelas companhias Robert Half e Labora mostra que cerca de 70% das empresas contrataram muito pouco ou nenhum profissional dessa faixa etária. Apenas 5% das novas contratações incluem pessoas com mais de 50 anos.

Além disso, os números da empresa IDados revelam que, em 2012, havia 508,9 mil desempregados 50+. Atualmente, esse número é de aproximadamente 1,4 milhão. O que reflete um aumento significativo da quantidade de pessoas que buscam encontrar trabalho depois dos 50 anos.

Cláudia Batiston, advogada especialista em Direito Autoral, compartilha sua experiência pessoal, destacando a dificuldade enfrentada pelos profissionais mais velhos. “Para uma pessoa 50+ o mercado de trabalho não é um ambiente próspero. Na verdade, é bem desafiador. Se você está trabalhando, é fácil ouvir piadas e comentários inadequados sobre sua idade.”

Após uma demissão, ela conseguiu se recolocar no mercado de trabalho, porém com muita dificuldade. “Fiquei mais de seis meses desempregada, enviando currículo e, várias vezes, nem resposta eu tive”, comenta.

Impactos da pirâmide etária e aposentadoria

A inversão da pirâmide etária no Brasil e o aumento da expectativa de vida mudou o cenário brasileiro. Agora, é cada vez mais comum ver pessoas mais velhas ativas no mercado de trabalho. Entretanto, a ideia de que o país é formado majoritariamente por jovens já não condiz com a realidade. As empresas ainda não se adaptaram completamente a esse novo cenário demográfico.

Foco das mãos de um recrutador e de um entrevistado, um homem tentando encontrar trabalho depois dos 50 anos. Entrevista de emprego. Crédito: Elle Aon/Shutterstock 

Preconceito inconsciente e barreiras no processo seletivo

Embora seja ilegal estabelecer limites de idade em anúncios de emprego, muitas empresas ainda reproduzem o etarismo. Seja de forma direta ou indireta, o preconceito etário pode acontecer durante os processos seletivos. Para mudar essa realidade, é necessário implementar políticas de inclusão efetivas desde as primeiras etapas da entrevista. O foco precisa ser nas competências e qualificações dos candidatos em vez da idade.

Cláudia Batiston destaca barreiras significativas: “Se estiver procurando emprego, é muito mais difícil se recolocar, porque a maioria das pessoas tem a ideia de que as pessoas 50+ são lentas ao realizar suas tarefas, desatualizadas quanto ao avanço tecnológico e que irão tentar impor seu conhecimento arcaico dentro da empresa. E isso muitas vezes não é verdade. Outra dificuldade para se recolocar no mercado se refere a saúde, a ideia de que uma pessoa mais velha irá faltar mais vezes por conta de tratamento médico.”

Ela ainda pontua que a remuneração também pode ser um problema enfrentado pelos profissionais que buscam encontrar trabalho depois dos 50 anos. “Normalmente uma pessoa nessa faixa etária possui muita experiência e conhecimento, o que é um fator para uma remuneração mais elevada. Porém, como o mercado de trabalho é muito competitivo, as empresas preferem contratar mais jovens com salário menor e estimular que eles busquem uma formação superior”, comenta.

Por outro lado, ela reforça a dedicação dos profissionais em se manter atualizados, potencializando suas competências:

“A maioria das pessoas 50+ está aberta a adquirir conhecimento e busca crescer profissionalmente.”

Encontrar trabalho depois dos 50 anos é ainda mais difícil para as minorias

Mulheres com mais de 50 anos enfrentam ainda mais dificuldades para se recolocar no mercado de trabalho. Muitas vezes começam a sentir os efeitos do envelhecimento profissional aos 40 anos. A cobrança excessiva em relação à aparência e os estereótipos de gênero intensificam esses desafios. A situação é ainda mais complicada para mulheres negras e para a população LGBTQIAP+, que enfrentam múltiplas formas de discriminação.

Para aumentar a inserção desses profissionais no mercado de trabalho, é necessário adotar uma abordagem multifacetada, que inclua iniciativas governamentais, mudanças nas práticas organizacionais e ações individuais. Investir na capacitação tecnológica e adaptar as funções às capacidades dos trabalhadores mais velhos são passos importantes para aproveitar ao máximo o potencial dessa força de trabalho.

Para Cláudia, uma abordagem proativa durante as entrevistas é algo que faz diferença para o profissional. “Eu acho que o mercado ainda é muito fechado e não evoluiu. A maioria dos gestores tem claros preconceitos com as pessoas 50+. Por isso, a melhor estratégia foi me posicionar com firmeza e clareza durante as entrevistas, respondendo às perguntas de forma a mostrar minhas qualidades e qualificações”, comenta.

O depoimento de Cláudia evidencia a necessidade de uma mudança cultural e estrutural para que os profissionais 50+ possam ser valorizados e aproveitados adequadamente no mercado de trabalho.


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