Muitas crianças costumam escutar a pergunta: o que você quer ser quando crescer? Ao envelhecer, passando pelas diversas fases da vida, a escolha da carreira ideal se torna uma prioridade para muitas pessoas. No entanto, a insatisfação com o trabalho ou a busca de novos desafios faz com que o fenômeno da segunda carreira esteja presente na vida de muitos profissionais consolidados.
Um levantamento feito pelo Linkedin indicou que 63% dos participantes de uma pesquisa sobre satisfação profissional se sentiam infelizes ou sem inspiração. O estudo foi realizado em 2019 e relevou que a faixa etária de 18 a 34 anos tende a levar, em média, oito meses antes para decidir trocar de emprego. Já a faixa entre 45 e 54 anos tem maior probabilidade de permanecer, apesar desses sentimentos durarem em média 20 meses.
Crédito: LTim/shutterstock
A insatisfação pessoal e profissional promove um desgaste psicológico que pode levar muitas pessoas a pensarem em um plano B. Buscando uma segunda carreira, o objetivo de trabalhar associando a carreira profissional às necessidades financeiras e também à felicidade se tornam, então, um propósito.
Contudo, começar uma segunda carreira não necessariamente significa abrir mão de todo o conhecimento já adquirido. Uma mudança dentro da própria área também configura um novo ciclo.
Segunda carreira: uma mudança necessária
A escolha de uma segunda carreira pode acontecer quando o profissional enxerga a necessidade de crescimento, mudança, busca da realização pessoal e profissional, e também quando acredita que é capaz de alçar voos mais altos.
Danielle Nascente e Márcia Araújo são professoras que decidiram estudar e se aprofundar em psicopedagogia para entender melhor a cabeça de seus alunos e também para poder ajudar outras diversas crianças.
Danielle tem 45 anos e é professora de português e inglês, e Márcia, de 53 anos, leciona matemática e é coordenadora pedagógica em uma escola do estado do Rio de Janeiro. Ambas se interessaram pela pós-graduação em Psicopedagogia Institucional e Clínica e, ao realizarem o curso e agregarem o ensino ao que já praticam, decidiram abrir um espaço de psicologia infantil. Surgiu assim o Afetar Ser e Aprender.
A motivação delas foi querer crescer profissionalmente ao compreender que poderiam fazer muito mais pelos alunos. Danielle destaca que tem dificuldade em ver resultado na forma de ensino que aplica e que, ao trabalhar com diversas crianças do ensino público, sente muita dificuldade de aprendizado. Esses foram os principais estímulos para que ela se aprofundasse em outra especialização e decidisse abrir a clínica.
“Fomos estudar para saber como ajudar a essas crianças.”
Com Márcia, não foi muito diferente. Lecionando matemática, sempre sentiu os alunos distantes e viu as enormes dificuldades que tinham. Por se colocar no lugar deles, queria entender o motivo de terem tanto sofrimento para aprender. Ao se tornar coordenadora, descobriu sua paixão pela questão humana e quis estar cada vez mais inserida nesse meio.
Crédito: Inside Creative House/shutterstock
A primeira carreira pode ser fundamental para a realização da segunda
De acordo com Danielle, tomar a decisão de ter uma segunda carreira se torna menos difícil pelo fato de já ter uma primeira carreira consolidada.
“Isso me dá uma segurança para escolher uma segunda carreira e não ficar preocupada se vou conseguir viver ou não dessa profissão, porque eu já vivo da primeira.
Além disso, o planejamento financeiro faz parte do processo de nossas especializações, principalmente no momento em que estão abrindo uma clínica de psicologia. Márcia destaca que, ao escolher o espaço, elas sabiam qual realmente serviria no orçamento, já que o dinheiro para esse investimento seria do salário das sócias.
“Nós temos a nossa renda e não podemos sacrificar um lado para que isso não vire um peso. A gente não quer que esse espaço vire um peso nem financeiro e nem profissional.”
Para ela, o crescimento profissional também tem relação direta com o pessoal e estar parada não é uma opção.
“Estacionar na vida é muito ruim. A gente precisa estar sempre em movimento, mesmo que não seja pela questão financeira. As pessoas, às vezes, se aposentam e não fazem mais nada. Mas elas ainda têm muita coisa para viver, para doar para o outro. Até mesmo a questão de ser um exemplo para o outro, uma motivação. É nessa mensagem que eu acredito.”
Crédito: fizkes/shutterstock
Como seguir uma segunda carreira após os 40?
O primeiro passo para iniciar uma especialização, segunda carreira ou agregar àquilo que você já pratica profissionalmente é entender as suas necessidades. Segundo uma entrevista da Silvio Celestino, diretor da Alliance Coaching e coach executivo no Brasil e no exterior, dado ao Vagas.com, a mudança tem que vir acompanhada de muita reflexão e novas ações.
Silvio indica algumas etapas para essa nova jornada:
- Estude algo novo ou revisite o que já aprendeu
Uma especialização ou pós-graduação são formas de iniciar algo novo sem desperdiçar a experiência que já possui. Se possível, faça cursos online.
- Tenha o networking em dia
Resgate seus contatos profissionais e também os acadêmicos para que eles vejam a sua nova jornada. Mantenha os laços e, em oportunidades, converse sobre trabalho.
- Analise suas habilidades e interesses
Entenda sobre o que você gosta e sobre o que você sabe fazer melhor.
- Reflita sobre o que traz felicidade
A realização pessoal e financeira precisa estar atrelada à profissional. Pensar no propósito para a mudança de carreira, como qualidade de vida e maiores remunerações, deve ser estudado para que a nova carreira seja desenvolvida.
- Trace planos concretos
É importante refletir sobre o que deve ser estudado, quais conhecimentos e competências precisam ser adquiridos e como alcançar as suas próprias metas. Após entender essas necessidades, basta colocar os planos em prática.
Saiba que fazer um planejamento financeiro é fundamental para seus planos serem bem sucedidos! Para entender o que é necessário considerar baixe o nosso Guia de preparação financeira para transição de carreira após os 45. É gratuito!
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