Um estudo lançado pela consultoria Deloitte mostrou que aproximadamente 20% das mulheres estão pensando em deixar o mercado de trabalho no Brasil por causa de problemas causados pela pandemia.
Entre os principais motivos apontados, a sobrecarga se destaca em primeiro lugar, com 41% das respostas. Na sequência, vêm redução de salário mesmo diante de maior número de horas trabalhadas (35%), maior comprometimento profissional aliado a mais cuidados familiares (13%) e dificuldade de ter um equilíbrio pessoal e profissional (10%). Para agravar o quadro de insatisfação, cerca de 30% delas acham que suas carreiras não estão evoluindo conforme esperavam.
Ao todo, os pesquisadores ouviram 500 mulheres no país, sendo 63% mães, 23% que cuidam de outros familiares e 71% trabalhando de forma integral. Do total, 11% ocupam cargos de chefia (C-Level) e 51% trabalham em empresas com faturamento anual de US$ 1 bilhão a US$ 5 bilhões.
Mercado de trabalho no Brasil: mulheres sofrem com sobrecarga. Foto: FamVeld / Shutterstock.
Líder do programa All In, da Deloitte, Ângela Castro explica que muitas dessas demandas já estavam por aí antes da pandemia, mas a existência de uma rede de apoio, como escola das crianças e disponibilidade para contratar serviços domésticos, tornavam a rotina menos pesada.
“Na pandemia, as crianças vieram junto, o trabalho veio para casa e, para muitas delas, pais e parentes também”, afirma Ângela.
De acordo com a Deloitte, os números do mercado de trabalho no Brasil estão alinhados com os resultados da pesquisa global, que ouviu mais de 4,5 mil mulheres em nove países.
Mercado de trabalho no Brasil: mulheres têm dificuldade de se desligar dos problemas
A pesquisa avaliou ainda que parte da sobrecarga e da falta de equilíbrio pessoal e profissional está na disposição das profissionais em se manterem sempre conectadas e disponíveis ao trabalho. Um quinto das entrevistadas contaram que sentem muita dificuldade para se desligarem do trabalho. O principal motivo que as leva a isso é o medo de serem prejudicadas ou de estarem decepcionando suas equipes.
No entanto, o estudo também aponta que muitas dessas questões do mercado de trabalho no Brasil estão ligadas a problemas nas empresas. Segundo a pesquisa, apenas 35% das participantes contaram que suas empresas ofereceram algum tipo de suporte durante a pandemia. O número é menor que a média mundial, que ficou em 39%.
Ainda sobre ambiente de trabalho, 50% confirmaram ter sofrido algum tipo de agressão no último ano: 7% reclamaram de tratamento desrespeitoso; 6% relataram ter recebido menos oportunidades do que seus colegas homens; 6% afirmaram ter tido menos conversas individuais com seus líderes do que homens da equipe; 5% tiveram seu julgamento questionado; e 5% receberam comentários sexistas.
Só quem participa do grupo de Whatsapp do Instituto de Longevidade recebe os melhores conteúdos informativos. Clique aqui e faça parte!
Leia também:
- Renda extra em 2021: brasileiros buscam alternativas financeiras
- Casos de Burnout aumentam com pandemia: conheça os direitos trabalhistas e previdenciários dos pacientes
- OMS classifica síndrome de Burnout como doença resultante de estresse crônico
- Salário das mulheres cresce mais que de homens, mas ainda é menor
- Home office: veja 5 erros que podem comprometer a sua produtividade durante a pandemia