O número de brasileiros que continuam ativos no mercado de trabalho depois dos 60 anos nunca foi tão expressivo. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais de 8 milhões de pessoas dessa faixa etária estavam ocupadas no segundo trimestre de 2024. Esse fenômeno é impulsionado por mudanças demográficas e econômicas, obrigando empresas a se adaptarem a um mercado cada vez mais diversificado em termos de idade.

Segundo a Pnad, em 2012, o número de trabalhadores com 60 anos ou mais era de 4,9 milhões. Em pouco mais de uma década, esse número quase dobrou. Especialistas afirmam que o aumento se deve ao envelhecimento da população e à reforma da Previdência, que elevou a idade mínima de aposentadoria. “As projeções indicam uma redução no número de crianças e jovens, enquanto a proporção de idosos continuará crescendo. A tendência é de aumento da quantidade de ocupados com mais de 60 anos de idade”, comenta Lucas Assis, economista da consultoria Tendências, em entrevista ao Estadão.

Trabalho depois dos 60 anos é um desafio para as empresas?

Com o aumento da população idosa, as empresas brasileiras enfrentam um novo desafio. Elas precisam rever suas práticas de contratação e promover a diversidade etária em seus quadros. Fernando Mantovani, diretor-geral da Robert Half América do Sul, destaca que muitas empresas ainda estão no início dessa jornada. “À medida que a população envelhece, as empresas que valorizam a diversidade etária sairão na frente. Mas é preciso reconhecer que o mercado de trabalho brasileiro ainda está em um estágio inicial nesse tema”, afirma.

O envelhecimento da força de trabalho exige uma reavaliação de estereótipos. Muitas empresas acreditam que esses trabalhadores estão próximos da aposentadoria, o que gera dúvidas sobre o retorno desse investimento. No entanto, o potencial de colaboração entre gerações pode agregar valor ao mercado, desde que seja bem aproveitado.

Um senhor eletricista, consertando um ventilador de teto. Imagem para ilustrar a matéria sobre trabalho depois dos 60 anos. Crédito: Lucigerma/Shutterstock

Outro ponto relevante sobre o trabalho depois dos 60 anos é a alta taxa de informalidade. Mais da metade dos trabalhadores dessa faixa etária está atuando de forma informal. Buscando, assim, complementar a renda da aposentadoria, que muitas vezes é insuficiente para cobrir o custo de vida. Segundo dados da Pnad, 53,5% dos trabalhadores com mais de 60 anos estão na informalidade, um índice preocupante.

Essa realidade é reforçada pela precariedade de muitas vagas oferecidas aos mais velhos. "Os profissionais mais velhos estão dispostos a atuar em diversas condições de trabalho, confirmando a vantagem da contratação do trabalhador idoso, pois, se aposentado, a tendência é o trabalhador aceitar uma vaga com baixas garantias trabalhistas", aponta Assis. Essa busca por complemento de renda, aliada à necessidade de manter-se ativo, leva muitos a aceitar condições de trabalho menos vantajosas.

Um futuro de adaptações

O cenário atual do trabalho depois dos 60 anos reflete não só as mudanças econômicas, mas também as transformações na dinâmica populacional brasileira. À medida que a expectativa de vida aumenta e o número de jovens no mercado diminui, o páis precisará aprender a valorizar o potencial de seus trabalhadores mais velhos. As empresas que conseguirem se adaptar a essa realidade, promovendo a diversidade etária, terão uma vantagem competitiva no futuro.

Esses profissionais, por sua vez, também estão se reinventando. Especialistas apontam que, além de serem uma força de trabalho qualificada, os mais velhos buscam novas oportunidades de aprendizado e desenvolvimento. Com isso, o mercado de trabalho brasileiro está cada vez mais aberto para a inclusão desses trabalhadores, que continuam a contribuir de forma significativa para a economia, seja por necessidade financeira, seja pela vontade de permanecerem ativos.


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