Quem nunca ouviu que empreender é ser dono do seu negócio e ser seu próprio chefe? Se tornar um empreendedor, contudo, envolve diversas questões pessoais e financeiras. Para mulheres e, principalmente, as maduras, esse cenário apresenta condições menos acessíveis. Encarar o empreendedorismo feminino e maduro se torna, então, mais do que um negócio. É um propósito.

De acordo com o Mapa de Empresas, até a primeira quinzena de dezembro de 2021, foram abertas mais de 3 milhões e 780 mil empresas no Brasil. Dentre elas, cerca de 111 mil empresas de pequeno porte. Em 2020, foram cerca de 3 milhões e 300 mil. Esse cenário mostra que o empreendedorismo cresce de forma exponencial. Um misto de oportunidades e necessidade.

Segundo o Global Entrepreneurship Monitor, 30 milhões de mulheres brasileiras empreendem hoje. Mas, quando o assunto é empreendedorismo feminino e maduro, as dificuldades de conseguir crédito e conquistar apoio são extremamente baixas.

Empreendedorismo feminino e a dificuldade das mulheres maduras

Bete Marin é cofundadora do Hype50+, do movimento Beleza Pura, do blog Amo Minha Idade e da plataforma Empreendedoras Maduras e teve a sua carreira envolvida na comunicação para pessoas maduras.

Para ela, as empresas possuem um papel fundamental para expandir o conhecimento sobre o preconceito com pessoas mais velhas.

“Chegou num momento em que a gente achou que se a gente não criasse nenhum movimento, alguns projetos, demoraria muito para ter essa engrenagem funcionando. Porque as empresas possuem um papel muito importante nesse trabalho de conhecer esse público maduro e trabalhar para uma qualidade de vida melhor”, conta Bete.

O empreendedorismo feminino, como negócio, nasceu então como uma necessidade de dar suporte para outras mulheres.

“Se as mulheres estão empreendendo e têm dificuldade, imagine as maduras. Em todos os sentidos. A dificuldade em convencer os familiares, em ter apoio. A questão vai se estendendo pela falta de crédito, falta de apoio das empresas, do mundo corporativo."

De acordo com Bete, desenvolver uma plataforma voltada para o empreendimento feminino maduro se deu por compreender as necessidades desse público. É necessário entender o perfil, as dificuldades, as habilidades a serem desenvolvidas e, então, oferecer treinamento e suporte adequados.

Uma mulher com cerca de 55 anos em um jardim, sorrindo e segurando um computador. Imagem para ilustrar a matéria sobre empreendedorismo feminino.

Crédito: Alina Troeva/shutterstock

Empreender: uma necessidade ou vocação?

Bete destaca que, no mercado de trabalho, o processo de inclusão de diversidade ainda é lento. Por mais que exista, as mulheres maduras são as primeiras a serem excluídas do ambiente corporativo.

“Como as mulheres estão sendo excluídas cada vez mais cedo, nós as vimos empreendendo. Porque ninguém pode parar de trabalhar. A longevidade mostra, inclusive, que a gente vai trabalhar por mais tempo. Então, você tem que estar atualizada e pensando no que você pode fazer para estar economicamente ativa.”

No período de pandemia, as mulheres representam um dos grupos mais afetados pelo desemprego. Para Bete, o empreendedorismo tem sido uma resposta para esse grupo social. Contudo, ele não deve apenas existir por falta de opção. É necessário que gere algum impacto social.

Empreendedorismo sustentável, inclusivo e com propósito

Quando uma mulher decide abrir uma empresa, é possível que ela seja de pequeno porte e tenha menos empregados. Bete também aponta que o investimento em tecnologia possivelmente será menor e que as empresas durarão menos. Além disso, elas têm menos acesso a crédito. Quanto o têm, pagam juros mais altos.

O conjunto de fatores não favorece o empreendedorismo feminino. Por essa razão, ter empresas engajadas com conscientização e projetos sociais de apoio são essenciais. Falar também sobre o etarismo e o preconceito que mulheres maduras sofrem é um ponto a ser lembrado.

“Esse movimento está crescendo, mas ele nasceu com pessoas que trabalham na área. Ainda está um pouco dentro da bolha. Tem muito espaço e, com certeza, a gente tem que continuar a fazer esse trabalho”, destaca Bete.

Para Bete, o empreendedorismo feminino e maduro é uma questão de necessidade e não apenas de capacidade. “A aposentadoria não será suficiente. Se vamos continuar trabalhando após envelhecer e é necessário se manter economicamente ativa, empreender é necessário”, reforça.

Ao aliar a experiência com um propósito de vida, o empreendimento feminino e maduro será uma maneira de contribuir com a sociedade, com a comunidade e com a vida de diversas mulheres.

“Dentro do seu amadurecimento, você vai se questionando se suas escolhas fazem sentido. Será que não deveria investir em outra coisa, outro trabalho, algo que pudesse contribuir mais com a sociedade, que eu pudesse deixar um legado, fizesse eu me sentir melhor, mais útil?”, questiona Bete.

“À medida que você vai crescendo de forma sustentável, vai se fortalecendo e agregando propósito.”

Uma necessidade, uma oportunidade

O envelhecimento da população cria diversas oportunidades de empreender. Como o mercado muda com extrema frequência e existe um público, mais velho e com diversas necessidades, pequenos produtos podem ser mais rápidos em identificar a insatisfação, pensar em solução e oferecer um produto ou serviço.

“O mercado é tão grande e com tantas oportunidades para crescer que as próprias pessoas maduras podem olhar para isso como uma grande oportunidade”, destaca Bete.

Além disso, Bete também pontua que empreender representa a liberdade para diversas mulheres. Conforme cria-se autonomia, dependendo menos de um parceiro, é possível que mulheres que sofram com violência psicológica, física ou econômica no lar, se separem. A oportunidade, aqui, é de independência.

Por isso é importante que esse crescimento se torne sustentável. “Para que essas empresas sejam fortes e impactantes para essa mulher, para essa família e para essa comunidade. Gerando um impacto muito forte para toda a sociedade”, completa.

Uma mulher com cerca de 50 anos sorrindo. Imagem para ilustrar a matéria sobre empreendedorismo feminino.

Crédito: MIA Studio/shutterstock

Começar a empreender é possível

Bete Marin destaca dois pontos fundamentais para quem deseja começar a empreender:

  • Junte-te a outras mulheres;
  • Busque inspiração em casos de sucesso.

Ela aconselha que busquem mulheres mais velhas que tiveram coragem de começar e conquistaram seu próprio negócio.  Se associar a plataformas como o Empreendedoras Maduras, participar de eventos, encontros, fazer cursos, são formas de começar.

Bete também reforça que não podemos achar que as empresas vão mudar e dar emprego para mulheres maduras. “A gente tem que achar a nossa alternativa. O mercado prateado e a economia prateada estão enormes e crescendo, com consumidores que estão se sentindo insatisfeitos com produtos. Vamos atender esse pessoal”, completa.

“É preciso olhar para um lugar que você sabe que vai te encher de motivação. A gente tem que se fortalecer emocionalmente e financeiramente, porque, para encarar o empreendedorismo, você vai encontrar muitos obstáculos. Mas, quando se está preparado e, obviamente, com paixão e propósito, é possível vencer cada um deles. Hoje, a gente tem em quem se inspirar.”

Para vencer as barreiras é preciso estar pronto e investir em você mesmo. Estudar sobre marketing pessoal, empreendedorismo e se aprofundar em seu negócio é um dos caminhos mais garantidos para se engajar no seu propósito.

Por isso, o Instituto de Longevidade MAG disponibiliza mais de 200 cursos para você começar a empreender hoje. Torne-se um associado do Programa ViverMais e dê o primeiro passo para realizar os seus sonhos.



Leia também:

Leilane Neubarth: ela se reinventa a cada dia e pretende direcionar a profissão para o caminho da longevidade

Etarismo: conheça o preconceito por idade e saiba como lidar com ele

Segunda carreira: como iniciar essa jornada profissional e alcançar a satisfação pessoal e financeira?

Compartilhe com seus amigos

Receba os conteúdos do Instituto de Longevidade em seu e-mail. Inscreva-se: