Você já tem um plano de aposentadoria privada? Se não, trazemos uma notícia que pode ser desagradável: você pode ter perdido um tempo valioso para ter um amanhã seguro e tranquilo.
Quanto antes você começar o preparo para se aposentar, melhor. Mas se você ainda não se planejou para uma vida com longevidade, não se preocupe. Como diz o ditado, “antes tarde do que nunca!”.
Estamos aqui para te ajudar a entender tudo sobre a aposentadoria privada, uma forma de investimento que vem sendo cada vez mais importante diante de um cenário de pressões sobre os sistemas de aposentadorias no mundo todo.
O que é aposentadoria privada?
A previdência privada é um tipo de aplicação financeira. Ao optar por um plano de aposentadoria privada, você fará uma poupança para o futuro. O objetivo é que você tenha uma reserva financeira para usar quando não puder ou não quiser mais trabalhar e não puder gerar rendimentos financeiros como fruto do trabalho.
Qual a importância de planejar uma aposentadoria privada?
O perfil da população brasileira vem mudando ao longo das últimas décadas. A expectativa de vida aumentou e a taxa de natalidade vem reduzindo. Essa maior longevidade também impacta sobre as aposentadorias.
As tábuas de mortalidade do IBGE são usadas pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) para calcular os benefícios. A conta leva em consideração a idade do segurado ao se aposentar, o tempo de contribuição para a Previdência Social e a expectativa de sobrevida.
“Os benefícios serão menores”, sinalizou em entrevista ao Instituto de Longevidade a advogada Roberta Fattori Brancato, mestre e especialista em direito previdenciário, do escritório Rodrigues Faria Advogados.
Cada vez mais, poucos jovens têm contribuído para a Previdência Social e mais pessoas têm pedido a aposentadoria. Neste cenário, a aposentadoria privada ganha cada vez mais importância para garantir uma aposentadoria complementar à do INSS.
Crédito: perfectlab/shutterstock
Como funciona a aposentadoria privada?
Na previdência privada você efetuará um depósito único ou vários depósitos ao longo do tempo. Esse valor vai render juros conforme o tipo de investimento feito pelo plano. Depois, na aposentadoria, você poderá sacar o saldo combinado do que investiu mais os rendimentos. O saque pode ser de todo o montante de uma vez ou de um valor fixo por mês.
O valor que você investir na aposentadoria privada será administrado pela instituição financeira escolhida. Ela fará aplicações com o seu dinheiro em ativos de renda fixa ou variável. Dessa forma, o investimento em aposentadoria complementar pode ter juros fixos ou variáveis.
Para realizar essa administração, a instituição financeira cobra taxas que variam conforme o plano. Portanto, fique atento antes de adquirir sua previdência privada para obter o melhor custo-benefício.
Qual a diferença em relação à Previdência Social?
O plano de previdência privada não tem nenhum vínculo com o plano de previdência social do INSS. É uma aposentadoria contratada à parte.
É preciso ficar claro que se você pensa em investir em uma aposentadoria privada para deixar de contribuir com o INSS isso não é possível. A contribuição com a previdência social é obrigatória para os trabalhadores em regime CLT. Por isso, a aposentadoria privada é considerada um complemento ao INSS.
Já se você é autônomo, você pode optar por contribuir para um dos dois. Porém, em entrevista ao Instituto de Longevidade, o professor de Finanças Pessoais da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e colunista do portal Warren, Jurandir Sell, observaram que as duas modalidades não devem ser pensadas como caminhos opostos. E, em muitos casos, podem funcionar de maneira complementar. “O maior erro que as pessoas cometem é achar que a previdência privada substitui o INSS”, afirmou o especialista.
Veja no quadro algumas diferenças da previdência privada e a previdência social:
Previdência Social |
Previdência Privada |
Administrada pelo governo (INSS)
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Administrada por banco ou corretora da sua escolha
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Regras são definidas pelo governo
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Regras são definidas no contrato conforme regulação do Ministério da Economia
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Contribuição mensal obrigatória para celetistas
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Você escolhe o seu plano e cronograma para contribuir
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Tem teto para aposentadoria
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Não tem teto para aposentadoria
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A contribuição do usuário paga a renda de quem está aposentado
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A contribuição do usuário mais os rendimentos serão utilizados para pagar a própria a renda no futuro
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Tem prazo mínimo para realizar o saque
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O saque pode ser feito quando você quiser
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Crédito: RossHelen/shutterstock
Vantagens e desvantagens da aposentadoria privada
Agora que você já sabe a diferença da previdência privada para a previdência do INSS, vamos entender mais a fundo quais as vantagens e desvantagens da primeira opção.
Como você viu, a aposentadoria privada traz maior controle sobre a sua aposentadoria do que a previdência social. Isso, via de regra, é um ponto positivo. Mas não adianta ter maior controle sobre ela se você não souber poupar e tiver uma vida financeira descontrolada.
Além disso, o prazo que você planeja para manter seu investimento em previdência privada é fundamental para que ele seja vantajoso ou não. Ganha mais quem encara a aposentadoria privada como um investimento de longo prazo (saiba mais na tabela de alíquotas abaixo).
Ao contratar uma aposentadoria privada você também deverá pagar taxas de administração para a instituição que vai cuidar do seu investimento. Além da taxa administrativa, alguns planos também cobram taxas de saída e taxas de carregamento, o que podem significar uma surpresa desagradável no momento do resgate.
Outro ponto a ser avaliado para garantir que o seu plano de previdência privada será vantajoso é a tributação do Imposto de Renda.
Como aspecto positivo, podemos citar também o fato de que os planos de previdência privada não entram em inventário. Essa informação segue válida até setembro de 2024. Ou seja, Caso o titular morra, o dinheiro acumulado pode ser liberado rapidamente para os beneficiários.
Quais são os tipos de Previdência Privada?
Os planos de previdência podem ser classificados em dois tipos conforme quem pode participar deles:
1. Planos de Previdência Privada Abertos: são aqueles que são vendidos por instituições financeiras e podem ser adquiridos por qualquer pessoa. Esse tipo de plano segue as normas definidas pela Superintendência de Seguros Privados (Susep), do Ministério da Economia.
2. Planos de Previdência Privada Fechados: também conhecidos como fundos de pensão, são exclusivos para funcionários ou associados de empresas ou entidades. Esse tipo de plano segue as normas definidas pela Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc), também do Ministério da Economia.
Outra classificação dos Planos de Previdência Privada é quanto à forma de declaração dos valores investidos no Imposto de Renda. Nesse caso, são classificados como Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL) ou Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL). Veja a diferença:
1. Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL)
Na previdência privada tipo PGLB o contratante poderá deduzir as contribuições realizadas para a aposentadoria da renda bruta tributável quando fizer a declaração do Imposto de Renda. Funciona de forma semelhante à dedução de despesas com educação ou despesas médicas. Porém, o limite para dedução é de até 12% da sua renda bruta anual.
O ponto negativo é que, ao optar pelo Plano Gerador de Benefício Livre, no momento de resgatar os recursos do plano, o Imposto de Renda vai incidir sobre o valor total que você acumulou no fundo. Ou seja, sobre o valor que você contribuiu e sobre o que esse valor rendeu ao longo dos anos.
Sendo assim, se você tiver contribuído com R$ 300 mil e o rendimento tiver sido de R$ 100 mil, o imposto cobrado será sobre valor de R$ 400 mil.
2. Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL)
Nessa modalidade, você não poderá abater o valor que contribuir no seu Imposto de Renda. Por outro lado, no VGBL, quando for resgatar o dinheiro, o Imposto de Renda só irá incidir sobre o quanto o valor investido rendeu.
Usando o mesmo exemplo anterior, se você tiver contribuído com R$ 300 mil e o rendimento tiver sido de R$ 100 mil, o imposto cobrado será sobre valor de R$ 100 mil.
Crédito: TimeShops/Shutterstock
Tributação na Previdência Privada: Tabela Regressiva x Tabela Progressiva
A tributação é outro fator variável na previdência privada. Trata-se do Imposto de Renda que o investidor vai pagar na hora que resgatar a previdência. Na hora de contratar, você deverá optar pela forma de cobrança de impostos. Também são duas opções: tabela progressiva ou tabela regressiva. Confira a diferença abaixo.
Tabela de impostos progressiva: quanto maior o valor da previdência, maior o valor pago de Imposto de Renda. Funciona com alíquotas, de forma semelhante ao pagamento do imposto sobre o salário.
As alíquotas variam de 0 a 27,5%. A definição de qual alíquota você vai se encaixar vai depender da sua renda total. Ou seja, além do benefício do plano de previdência privada, também serão levadas em contas outras fontes de renda, como aposentadoria do INSS, rendimento de aluguel, dentre outros.
Veja como está a tabela progressiva em vigor em 2024:
Renda total
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Alíquota (%)
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Valor do Imposto
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Até R$ 2.112,00
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0%
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isento
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De R$ 2.112,01 até R$ 2.826,65
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7,5%
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R$ 169,44
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De R$ 2.826,66 até R$ 3.751,05
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15%
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R$ 381,44
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De R$ 3.751,06 até R$ 4.664,68
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22,5%
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R$ 651,73
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Acima de R$ 4.664,68
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27,5%
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R$ 884,96
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Tabela de impostos regressiva: nessa modalidade, quanto mais tempo de manutenção do investimento, menor a tributação no final. A alíquota pode chegar a apenas 10% se você não fizer retirada do investimento em menos de dez anos.
A ideia é beneficiar o investidor que mantiver o investimento por mais tempo, estimulando essa prática. Portanto, é a melhor opção para quem ainda deve demorar a se aposentar.
Por outro lado, se por uma emergência você precisar sacar o dinheiro antes dos dez anos, pode acabar pagando uma alíquota maior que a da tabela progressiva.
Veja como está a tabela regressiva em vigor em 2024:
Prazo do investimento (anos) |
Alíquota (%) |
Até 2 anos
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35%
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2 a 4 anos
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30%
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4 a 6 anos
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25%
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6 a 8 anos
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20%
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8 a 10 anos
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15%
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Acima de 10 anos
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10%
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Como fazer uma aposentadoria privada?
Os planos de previdência privada estão disponíveis em bancos, corretoras de investimento ou de seguros. Apenas instituições autorizadas pela Susep podem oferecer esses planos. Então, antes de contratar, faça a consulta no órgão regulador para ter certeza de que se trata de uma empresa idônea.
Além disso, consultar sobre a experiência de outros clientes com essas empresas pode ser uma boa estratégia para saber como é o suporte de cada uma no atendimento ao cliente.
Para fazer a contratação você deverá entrar em contato com as instituições e solicitar as informações sobre os planos. Muitas, inclusive, permitem contratar a aposentadoria privada por meio digital, sem necessidade de comparecer em uma agência física.
Porém, há uma etapa prévia à tomada de decisão. Compare os planos de instituições variadas, assim terá uma noção melhor do que corresponde às suas capacidades e expectativas. Esses são alguns dos itens aos quais você deverá ter atenção antes de se decidir:
- Tipo do plano;
- Taxas;
- Resgates;
- Prazos;
- Forma de pagamento.
Crédito: Brenda Rocha - Blossom/Shutterstock
Como fazer o cálculo para aposentadoria privada?
Fazer o cálculo para aposentadoria privada é uma das etapas essenciais para escolher o plano perfeito para você. Mas, antes de fazer somas e multiplicações, é preciso refletir sobre seus objetivos de vida. Dentre as reflexões necessárias, estão:
- Com qual idade você gostaria de se aposentar?
- Quando você se aposentar, pretende parar de trabalhar de uma vez?
- Quais são os seus gastos hoje e qual a sua renda?
- Quais as suas expectativas para sua carreira nos próximos anos?
- Com base no seu estilo de vida, qual o valor mensal necessário para arcar com seus gastos quando você se aposentar?
Quando tiver as respostas, aí sim você terá condições de fazer um cálculo para aposentadoria privada. A conta vai ter as seguintes variáveis: quantos anos você tem hoje, com quantos anos vai se aposentar e quanto pretende pagar mensalmente hoje ou quanto pretende receber no resgate.
Também é possível incluir o valor médio de rentabilidade, que vai depender do seu estilo como investidor (se é mais conservador ou se aceita mais riscos).
Além disso, você precisará descontar os valores das taxas administrativas e Imposto de Renda, conforme o tipo de plano escolhido.
Aposentadoria privada: simulação
Uma boa forma de ter uma visão mais realista e concreta de como funciona um plano de aposentadoria privada é fazendo uma simulação. Muitas instituições oferecem a possibilidade de simular seu plano online.
Veja um exemplo:
Uma pessoa com 40 anos, com perfil de investidor moderado, que pretende se aposentar aos 67 com R$ 5 mil mensais de aposentadoria, deverá contribuir com cerca de R$ 1,6 mil mensais para o plano de previdência privada.
No site da MAG Seguros, por exemplo, você pode usar um conversar diretamente com os consultadores para fazer uma simulação personalizada para as suas necessidades.
Aposentadoria privada: principais dúvidas respondidas
Agora que você entendeu o funcionamento do plano de previdência privado, veja as respostas para algumas das principais dúvidas sobre aposentadoria privada.
· Como faço para pagar aposentadoria privada?
Há duas opções de pagamentos do plano previdenciário privado:
- Aporte único: você faz um depósito que renderá juros até o resgate
- Aportes periódicos: você faz depósitos em uma frequência que escolher (mensal ou anual, por exemplo) que vão acumulando e rendendo juros até o resgate.
O valor mínimo para pagar aposentadoria privada é definido no momento da contratação do plano. Há instituições que oferecem planos com a possibilidade de pagamento a partir de R$ 100, por exemplo.
Porém, é bom saber: quanto mais você pagar e maior for a taxa de rentabilidade, melhores serão as condições de resgate ao final do investimento.
· Quanto tempo tenho que pagar a previdência privada?
Ao contrário do INSS, que exige um tempo de contribuição para a conseguir a aposentadoria, o plano de previdência privada não tem um tempo exato para contribuir.
Porém, assim como em outros tipos de investimentos, quanto mais tempo você deixar o dinheiro lá, mais ele irá render. Portanto, o ideal é começar a contribuir com a aposentadoria privada o quanto antes.
Além disso, é preciso levar em consideração as alíquotas do imposto de renda, que dependendo da modalidade, podem ser maiores se você deixar o dinheiro no plano por menos de dez anos.
O tempo que você vai precisar pagar a previdência privada vai ser definido no momento da contratação do plano junto à instituição financeira.
Veja um exemplo:
Uma pessoa de 50 anos pode contratar um plano para se aposentar aos 60, somando dez anos de contribuição. Outra pode ter 20 anos e já começar a poupar para também se aposentar aos 60, somando 40 anos de contribuição.
Se ambas quiserem se aposentar com o mesmo valor recebendo R$ 5 mil mensais por 15 anos, a primeira terá que efetuar aportes mensais de cerca de R$ 5.215,00 por dez anos, enquanto a segunda fará aportes mensais de cerca de R$ 775,00 por 40 anos.
· Qual o melhor tipo de aposentadoria privada?
Não é possível generalizar e definir o melhor tipo de aposentadoria privada que contemple todas as pessoas. O melhor tipo será aquele que te garantir a maior segurança financeira na sua aposentadoria. Para isso, você precisa fazer as contas e avaliar, dentro da sua realidade, qual a opção mais rentável.
· Aposentadoria privada vale a pena?
Como você viu, os planos de previdência privada são muito importantes para sua longevidade financeira. Eles trazem um complemento à aposentadoria pelo INSS, dando mais segurança para uma vida tranquila no futuro.
Porém, para saber se um plano específico vale a pena, você precisa avaliar detalhadamente seu planejamento financeiro, o plano de previdência e a instituição que administra aquele fundo, combinado?
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Viu só como a aposentadoria privada é uma importante ferramenta para a sua Longevidade Financeira? Agora que você está munido de informações, é hora de colocar seu planejamento em prática e se preparar para ter uma aposentadoria tranquila.
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