Celeste Lucas da Silva é a mulher de 101 anos aposentada em Roraima que finalmente recebeu os seus direitos. Após quatro décadas de tentativas, ela conquistou o benefício em março de 2025, por decisão da Justiça.
Celeste nasceu em 15 de novembro de 1923, no município de Bonfim, no interior de Roraima. Durante um século de vida, viu o mundo mudar, criou 15 filhos e sustentou a família com o trabalho na roça. Em abril deste ano, começou a receber a aposentadoria por idade.
Uma vida dedicada ao trabalho rural
Celeste passou a juventude ajudando os pais no campo, cultivando alimentos para o sustento da família. Banana, mandioca, macaxeira, melancia e mamão estavam entre os principais produtos. Ao lado do marido, Cirino Trajano, manteve a produção e criou os 15 filhos.
O marido conseguiu se aposentar antes de falecer, em 1985. Na época, Celeste tinha 62 anos e passou a receber apenas a pensão. Com a viuvez, iniciou a longa tentativa de obter a própria aposentadoria.
O processo enfrentou barreiras legais. A legislação da época permitia que apenas um membro da família rural tivesse o benefício, em geral o homem.
Mulher de 101 anos aposentada enfrentou entraves no INSS
Uma das filhas de Celeste tentou iniciar o processo de aposentadoria em Bonfim, mas não obteve sucesso. A falta de documentos impediu o avanço. O novo pedido foi feito apenas em dezembro de 2020, quando ela tinha 97 anos. Após quase cinco anos de processo, a Justiça reconheceu o direito da centenária em março de 2025.
Em 2023, a Justiça havia considerado que ela possuía tempo suficiente de contribuição. Mas o pedido foi negado porque, na época em que completou os requisitos, ela não vivia mais na área rural.
O advogado Rhichard Magalhães, de 33 anos, casado com uma das netas de Celeste, retomou a ação em novembro de 2024. Ele explicou as dificuldades do processo.
“O INSS não quis reconhecer o tempo que a Justiça já tinha reconhecido. Tivemos que ir de novo para o Judiciário em novembro do ano passado e aí, enfim, foi reconhecido agora em 2025 o direito dela, que conseguiu se aposentar com essa idade de 101 anos. Foi uma luta grande, mas ficamos com a sensação de dever cumprido por realizar o sonho dela", disse o advogado ao g1.
Advogado Rhichard Magalhães, a esposa dele, Glauciane Magalhães, Celeste e sua filha, Elizabeth da Silva. — Foto: Yara Ramalho/g1 RR
Rotina e apoio familiar
A mulher de 101 anos aposentada vive hoje em Boa Vista, no bairro Araceli, com a filha mais nova, Elizabeth da Silva Figueiredo, de 64 anos. Segundo Elizabeth, cuidar da mãe exige dedicação constante. “Não é fácil, a gente tem que ter paciência [...] ela não é mais aquela mulher que varria uma casa, passava um pano, fazia uma comida, lavava sua roupa. Hoje eu dou muito graças a Deus por eu ter ela ainda ao meu lado", contou.
A rotina da centenária é simples. Ela acorda cedo, se alimenta com frutas, descansa na varanda e participa de tarefas leves, como descascar feijões. Elizabeth relatou ainda o vínculo emocional com a mãe.
“Ela é uma força, uma mulher de muita fé. Todo dia de manhã eu falo uma frase que é muito difícil os filhos dizerem hoje em dia: Eu Te Amo. Todo dia de manhã e à noite eu falo isso para a minha mãe", disse, emocionada.
Estilo de vida e longevidade
Celeste acredita que a fé e o estilo de vida simples ajudaram na longevidade. Com quase 102 anos, mantém hábitos ligados à convivência familiar. Ela recebe visitas frequentes de filhos, netos, bisnetos e tataranetos.
O valor da aposentadoria será usado em despesas essenciais, como alimentação, consultas médicas, medicamentos e suplementos necessários para sua saúde.
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