A alta nos gastos com alimentação vem impactando o orçamento das famílias no Brasil. Esse item, que já representava uma parcela significativa das despesas, tem crescido nos últimos anos. Hoje, os alimentos pesam mais que habitação e transporte no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), referência oficial da inflação.

Segundo dados do IBGE, alimentação, habitação e transporte respondem por 57,3% das despesas das famílias. No entanto, a alimentação já ocupa 21,7% desse total, enquanto habitação representa 15% e transporte, 20,6%. O aumento nos preços dos alimentos vem reduzindo a participação de outros gastos no orçamento doméstico.

O economista André Braz, da FGV, explica os motivos desse cenário. Segundo Braz, "a desvalorização do real encarece produtos importados e torna os exportados mais competitivos. Isso reduz a oferta no mercado interno e pressiona os preços. Além disso, fenômenos climáticos como El Niño e La Niña afetaram safras, impactando ainda mais os custos".

Gastos com alimentação pesam mais para os mais pobres

Para famílias de baixa renda, os gastos com alimentação representam uma fatia ainda maior do orçamento. De acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que acompanha famílias com renda de até cinco salários mínimos, esse peso chega a 24,73%. Já o transporte, que antes era o segundo maior gasto, caiu para 19,4%.

A economista Maria Andreia Parente, do Ipea, em entrevista ao Globo, destaca a diferença entre classes sociais. "Para os mais pobres, alimento, energia elétrica e ônibus urbano representam 70% dos gastos. Já entre os mais ricos, o maior peso está no plano de saúde, na educação e na gasolina. É uma inflação mais concentrada nos serviços", analisa Parente.

Um carrinho de supermercado cheio de alimentos, refletindo os gastos com alimentação que a população brasileira tem. Crédito: Victor Velter/Shutterstock

Tendência para os próximos meses

Os gastos com alimentação devem continuar elevados, segundo especialistas. A influência do câmbio, problemas climáticos e reajustes nos preços dificultam uma redução significativa. Além disso, apenas em 2021 e 2023 a alimentação subiu menos que a inflação média. Nos demais anos, o aumento foi expressivo, chegando a 18,15% em 2020.

A tendência preocupa principalmente quem tem menor poder aquisitivo. Em algumas faixas de renda, a alimentação já compromete quase 30% do orçamento. Com a manutenção da inflação em serviços e o custo elevado dos alimentos, o impacto deve seguir presente no bolso dos brasileiros.


Planejamento é fundamental para garantir a Longevidade Financeira. Por isso, preparamos um material exclusivo para te ajudar e ter mais controle quando o assunto é tomar crédito. Baixe gratuitamente a Cartilha de Crédito Consciente veja como ter sucesso financeiro!

Leia também:

Dificuldade no planejamento financeiro preocupa a maioria dos brasileiros, indica pesquisa

Dicas para organizar as finanças depois do 60 anos: veja 10 estratégias

Dicas para economizar dinheiro que realmente funcionam

Compartilhe com seus amigos

Receba os conteúdos do Instituto de Longevidade em seu e-mail. Inscreva-se: