O comprometimento financeiro de idosos e aposentados com jogos de azar e apostas revela uma preocupante tendência no Brasil. Dados do Banco Central (BC) mostram que cerca de dois milhões de pessoas acima dos 60 anos gastam, em média, R$ 3 mil por mês com apostas. Esse valor supera a média das aposentadorias urbanas e rurais do país, de R$ 1.863,38 e R$ 1.415,06, respectivamente.

Os dados do BC indicam que empresas de jogos de azar e apostas receberam R$ 21 bilhões em transações apenas em agosto. A maior parte dos apostadores esteja na faixa etária de 20 a 30 anos. Porém, os gastos mensais aumentam significativamente entre pessoas com mais de 50 anos. Para aposentados e idosos, o valor médio ultrapassa os R$ 2.500.

Esse comprometimento financeiro gera preocupação, especialmente entre beneficiários de programas de transferência de renda, como o Bolsa Família. Cerca de 5 milhões de beneficiários enviaram R$ 3 bilhões para plataformas de apostas, comprometendo recursos destinados à subsistência.

O impacto dos jogos de azar e apostas na saúde mental

Os jogos de azar e apostas também têm efeitos alarmantes na saúde mental. Rodrigo Machado, psiquiatra do Instituto de Psiquiatria da USP, destaca que o vício em apostas, conhecido como Transtorno do Jogo, é uma dependência comportamental que causa prejuízos financeiros, familiares e profissionais.

“O impacto social e familiar costuma ser severo, com muitas famílias despedaçadas, separações e vínculos cada vez mais empobrecidos. Em contrapartida, o apoio e suporte familiar costumam ser fundamentais no tratamento dos indivíduos afetados para alcançarmos bons desfechos”, explica Machado.

A prática excessiva é intensificada pela publicidade massiva e pela promessa de enriquecimento rápido. Elas são capazes de atrair principalmente pessoas em situações de vulnerabilidade.

Mãos de um homem idosos contando notas de cinquenta e cem reais. Imagem para ilustrar a matéria sobre jogos de azar e apostas. Crédito: Vergani Fotografia/Shutterstock

A epidemia econômica das apostas

Daniel Duque, pesquisador da área de Economia Aplicada do FGV Ibre, aponta que o crescimento das apostas compromete o desenvolvimento econômico. Segundo ele, os bilhões destinados às casas de apostas não geram empregos ou benefícios econômicos comparáveis aos setores tradicionais, como comércio ou turismo.

Além disso, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, alertou sobre o aumento das transferências para empresas do setor, que cresceram mais de 200% desde janeiro. Ele enfatizou a necessidade de regulação para conter o impacto na inadimplência e na qualidade do crédito.

Possíveis soluções

Para enfrentar a epidemia de jogos de azar e apostas, especialistas defendem:

  • Regulação severa do setor pelo Congresso.

  • Educação sobre os riscos das apostas e prevenção de adoecimento mental.

  • Restrições à publicidade, especialmente com influenciadores.

  • Controle das plataformas, como bloqueios em horários específicos.

Sem ações concretas, o impacto financeiro e social dessa prática continuará prejudicando os brasileiros, especialmente os mais vulneráveis.


Planejamento é fundamental para garantir aLongevidade Financeira. Por isso, preparamos um material exclusivo para te ajudar e ter mais controle quando o assunto é tomar crédito. Baixe gratuitamente a Cartilha de Crédito Consciente e veja como ter sucesso financeiro! 


Leia também:

Apostas em bets viram alvo de projeto de lei para restringir jogos para grupos vulneráveis

Apostas online podem prejudicar Longevidade Financeira de quem joga

Brasileiros endividados já somam quase metade da população, aponta Serasa

Compartilhe com seus amigos

Receba os conteúdos do Instituto de Longevidade em seu e-mail. Inscreva-se: