Falar sobre herança ainda é, para muitas famílias, um tema cercado de silêncio e desconforto. Planejar o que será feito com os bens e com o patrimônio costuma soar como algo “negativo”, associado à perda. Mas, na prática, organizar a sucessão é uma forma de cuidar, e não de se antecipar à morte.

“O planejamento sucessório é um ato de amor. É uma forma de garantir que os herdeiros não precisem lidar com conflitos, desgastes emocionais e altos custos em um momento que já é difícil por si só. A complexidade das relações familiares muitas vezes demanda mais atenção do que o próprio valor dos bens”, explica a advogada do escritório Lara Martins Advogados e responsável pelo núcleo de Direito de Família e Sucessões Aline Avelar.

Herança pode ser assunto de justiça se não houver planejamentoImagem: wedmomentsstock/shutterstock

O tabu da herança -que transforma o luto em disputa

No Brasil, ainda é comum que as famílias evitem conversar sobre temas como testamento, doação, herança ou divisão de bens. O assunto é visto como pesado, ou até “mal agouro”. O problema é que essa resistência pode ter um preço alto.

“A ausência de planejamento transforma o luto em disputa e acarreta prejuízos emocionais e financeiros, além de eventualmente comprometer a continuidade de negócios ou deixar dependentes desassistidos", explica Aline. 

A frase resume o impacto emocional da falta de diálogo e de organização prévia. Além dos aspectos legais, há consequências afetivas profundas: irmãos que deixam de se falar, longos processos judiciais e relações familiares que se rompem de forma irreversível.

Sucessão é sobre autonomia e proteção

Segundo a advogada Mérces da Silva Nunes, sócia do escritório Silva Nunes Advogados e especialista em Direito de Família e Sucessões, pensar na sucessão é exercer o direito de decidir, em vida, o destino dos próprios bens. E o mais importante: dentro dos limites da lei.

“O planejamento sucessório é a expressão máxima do exercício da autonomia da vontade, desde que respeitadas as regras de proteção aos herdeiros", afirma a especialista. 

Planejar permite que a pessoa defina, por exemplo, como cada bem será destinado, quem ficará responsável por administrar determinado patrimônio, ou como serão protegidos filhos e cônjuges. Mais do que números, a advogada ressalta que se trata de garantir segurança emocional e material aos que ficam.

Famílias mais diversas pedem diálogos mais abertos

Com o aumento de uniões estáveis, segundos casamentos e famílias recompostas, falar sobre herança e sucessão se tornou ainda mais complexo. A legislação nem sempre reflete as dinâmicas familiares modernas, e a falta de clareza pode gerar injustiças e ressentimentos.

Por isso, advogados e especialistas reforçam a importância de tratar sobre o tema com naturalidade, envolvendo filhos e parceiros na conversa. Planejar é proteger; e pode ser feito de maneira gradual, transparente e respeitosa.

Quando é hora de começar a planejar?

Não existe um momento “ideal” para iniciar o planejamento sucessório. O importante é não deixar para depois. Alguns sinais, porém, indicam que o tema merece atenção:

  • Você tem filhos ou dependentes;
  • Possui imóveis, empresa ou investimentos;
  • Vive em união estável ou em um segundo casamento;
  • Deseja decidir o destino dos seus bens — sem deixar que a lei o faça por você.

Organizar o futuro patrimonial não é apenas uma decisão financeira. É um gesto de cuidado e responsabilidade. Falar sobre herança não traz a morte para perto. Pelo contrário: traz tranquilidade para os que ficam.


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