O planejamento financeiro aos 60 anos ganha relevância diante de um cenário em que muitos idosos enfrentam desafios para lidar com o orçamento. Dados recentes do Mapa de Inadimplência e Negociações de Dívidas da Serasa mostram que 77,8 milhões de brasileiros estão inadimplentes. Entre eles, 19,1% tem mais de 60 anos. Esse valor representa quase um em cada cinco pessoas. Para apoiar esse público, diferentes iniciativas de educação financeira vêm sendo criadas, mostrando que nunca é tarde para aprender a lidar melhor com o dinheiro.

Em agosto, o Instituto Marina e Flávio Guimarães (IMFG), ligado ao Banco BMG, lançou a primeira edição da revista Bemi 60+ – Um pouco de luz. O material apresenta, de forma simples, conceitos de educação financeira e traz passatempos como caça-palavras e jogo dos sete erros. A publicação pode ser encontrada em formato físico nas agências do banco e nos projetos sociais apoiados pelo IMFG. Também está disponível de forma digital, sem necessidade de conta na instituição.

“Acreditamos que faria todo o sentido desenvolvermos um trabalho específico para essas pessoas”, explicou Rosana Aguiar, superintendente de ESG do BMG e diretora-executiva do IFMG, ao Estadão.

Planejamento financeiro aos 60 anos e as ações de cooperativas de crédito

Além dos bancos, cooperativas também desenvolvem iniciativas para apoiar o público idoso. O educador financeiro Eduardo Souza Trigueiro, do Sicoob, relata aumento da procura por palestras de orientação. “Ouvimos casos de parentes que pedem para o idoso fazer um determinado empréstimo em seu nome, por ter maior facilidade de acesso ao crédito. Se o parente posteriormente não conseguir arcar com essa despesa, essa responsabilidade fica com o idoso, que pode se prejudicar”, afirmou ao Estadão.

O Sicredi também mantém materiais de apoio, como trilhas de cursos, e-books e ferramentas de uso gratuito. Entre elas estão a Faxina Financeira, que ajuda a mapear gastos, e o 360 da Vida Financeira, que organiza receitas, despesas e dívidas.

Um casal de idosos fazendo o seu planejamento financeiro aos 60 anos com calculadora, anotações, um tablet e um notebook. Crédito: Indypendenz/Shutterstock

Dicas práticas de planejamento financeiro aos 60 anos

Especialistas reforçam que o planejamento financeiro aos 60 anos precisa considerar aspectos específicos dessa faixa etária. Entre as orientações estão:

  1. Mapear todas as fontes de receita, como aposentadoria, pensão, salário, investimentos e apoio familiar.

  2. Identificar despesas fixas, variáveis e sazonais, como impostos anuais.

  3. Redobrar a atenção com gastos em saúde e medicamentos, que tendem a aumentar.

  4. Avaliar a manutenção do padrão de vida após a aposentadoria.

  5. Revisar dívidas assumidas e organizar uma lista com prazos e valores.

  6. Diversificar investimentos, priorizando opções mais seguras, como títulos do Tesouro Direto.

“O idoso não precisa deixar de auxiliar, mas deve ser um apoio consciente para que a própria pessoa que está ajudando não passe por necessidade”, alerta Trigueiro, do Sicoob.

Cristiane Amaral, gerente de educação financeira da Fundação Sicredi, também ao Estadão, reforça a importância de registrar todas as despesas. “Também vale colocar no papel ou na planilha digital todas as despesas fixas com moradia, contas de consumo, alimentação, medicamentos, saúde e transporte”, explica.

Direitos que impactam o planejamento financeiro aos 60 anos

Além de filas preferenciais e gratuidades conhecidas, existem direitos que podem melhorar o orçamento dos idosos. No campo financeiro, uma das principais vantagens está ligada ao Imposto de Renda. A partir dos 65 anos, há uma parcela extra de isenção mensal nos rendimentos de aposentadoria, pensão e reforma, no valor de até R$ 1.903,98.

Washington Barbosa, especialista em Direito Previdenciário e CEO da WB Cursos, lembra que os idosos também têm prioridade na tramitação de processos judiciais e administrativos. “Na petição inicial, ele pode e deve pedir preferência para o andamento do caso”, afirmou ao Estadão.

E o planejamento sucessório?

Outro ponto essencial do planejamento financeiro aos 60 anos envolve a organização do patrimônio. O testamento e a doação com reserva de usufruto são instrumentos utilizados para evitar conflitos. Nesse último caso, o bem é transferido a uma pessoa escolhida, mas o doador mantém o direito de uso.

“Quando falamos em planejamento sucessório, já vem toda aquela ideia de holding e de sucessão empresarial. Mas existem alternativas mais simples, que não dispensam a necessidade de consultar um advogado para se organizar financeiramente nessa fase da vida”, explica Patricia Valle Razuk, especialista em Direito de Família e Sucessões.

A advogada também alerta para situações de golpes financeiros cometidos por parentes. “Procurar um advogado para buscar a reparação de danos é um caminho recomendado”, afirma.


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