Reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma doença crônica e psiquiátrica, o alcoolismo é caracterizado pelo consumo excessivo de álcool e pode causar, em seus usuários, descontrole, falta de comprometimento e diversos outros fatores fisiológicos.
De acordo com o Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad), realizado pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Políticas Públicas do Álcool e Outras Drogas (Inpad) em parceria com a Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas (Uniad) em 2013 (dados mais recentes), aproximadamente 7% da população brasileira acima dos 60 anos de idade faz uso diário de álcool. Em nota à imprensa, o Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa), organização não governamental reconhecida como uma das principais fontes sobre o tema no país, declarou que os dados são preocupantes.
Causas do alcoolismo em idosos
De acordo com a especialista em Dependências Químicas e Comportamentais Mariane Caiado, grande parte dos fatores que influenciam na dependência química entre pessoas com mais idade estão relacionados a problemas familiares, abandono e estresse. Muitas vezes, o idoso é visto pela família como um problema, o que pode causar tristeza e descontrole emocional.
"Com isso, uma parcela desse público acaba bebendo para esquecer os problemas e fugir da realidade. Além de muitos alegarem terem pouco tempo de vida e não se sentirem motivados a tratar o problema por essa razão", complementa Mariane.
O histórico familiar também pode ser considerado um dos elementos que levam uma pessoa a beber em excesso. Sendo assim, filhos de dependentes químicos têm maior probabilidade de desenvolver a doença.
Principais sintomas do alcoolismo
Acostumada a ministrar cursos de aconselhamento em Dependência Química, Mariane lista alguns dos principais sintomas que ajudam na identificação do problema:
- Consumo em quantidades maiores ou ao longo de períodos maiores que o pretendido originalmente;
- Esforços malsucedidos para diminuir ou descontinuar o uso;
- Tempo maior para obter, usar ou recuperar-se dos efeitos;
- Apresentam sintomas de abstinência quando ficam durante um longo tempo sem ingerir bebidas alcoólicas;
- Deixar que todas as atividades girem em torno do álcool;
- Uso contínuo, mesmo sabendo já ter desenvolvido problemas sociais e físicos causados pela substância.
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Veja abaixo mais trechos da entrevista realizada com a especialista Mariane Caiado sobre o problema do alcoolismo em idosos.
O envelhecimento interfere na probabilidade de alguém se tornar dependente de álcool ou outras drogas?
Sim, o envelhecimento interfere nessa probabilidade principalmente porque as mudanças biológicas decorrem do envelhecimento, o que determina uma maior suscetibilidade aos efeitos decorrentes do consumo de álcool.
Pesquisas americanas estimam que, com o aumento significativo de consumo de álcool entre os idosos, no futuro, estes somarão 3,5 milhões em 2030, o que representará 5% da população norte americana.
As pesquisas no Brasil são poucas. Entretanto, estudos demonstram que a mortalidade por causas associadas ao consumo de álcool é elevada no Brasil, especialmente entre os homens na faixa etária de 50 a 69 anos. Entre os idosos que iniciaram o consumo de álcool precocemente (antes dos 65 anos), observou-se alta prevalência de comportamentos antissociais, história familiar de alcoolismo, declínio das condições socioeconômicas e isolamento familiar.
Quais são os principais riscos de ingerir álcool em excesso nessa fase da vida?
O consumo de álcool nos idosos está relacionado a declínio cognitivo acelerado e demência, além de câncer de boca, do sistema digestivo, do fígado e de mama, nas mulheres. É importante salientar também sobre o aumento de quedas da própria altura. Devido a alterações fisiológicas do envelhecimento e às várias doenças crônicas comuns nos idosos, o tratamento necessita de atenção médica especializada e específica, no que diz respeito à administração medicamentosa, principalmente por serem mais predispostos a quedas que aumentam com o consumo de álcool.
O alcoolismo pode ser considerado um agente desencadeador de outras doenças?
O consumo de álcool é um dos principais fatores de risco para mortalidade e incapacidade em todo o mundo. Nos idosos, o consumo de álcool está associado a muitas doenças clínicas e transtornos mentais.
Quais são as dicas para quem deseja se livrar do problema?
A procura por profissionais especializados em transtornos por uso de substâncias é de extrema importância para um adequado tratamento psicológico e médico. Assim, a definição por tratamento em ambientes protegido, internações clínicas, ou ambulatoriais são de suma importância e devem ser orientados por profissionais especializados.
Grupos de mútua ajuda como os Alcoólicos Anônimos demonstram importante papel no processo de recuperação e tratamento dos dependentes de álcool.
Como a família pode ajudar o dependente?
Familiares precisam buscar junto aos profissionais especializados informação sobre características da doença e podem também contar com ajuda psicológica e grupos de mútua ajuda como o Al-anon, voltado para familiares de dependentes, e os grupos denominados Amor Exigente, ambos espalhados por todo o Brasil.
Confira algumas clínicas para dependentes químicos
CTES – Clínica de Tratamento Especializado
Endereço: Rua Brasiliense Vergílio Manuel Xavier 1010, Ibiúna/SP.
Telefone: 0800 008 6561
https://www.cttratamentoalcoolismo.com.br/
Clínica Hospitalar Novo Nascer
Endereço: Rua Cristine Albert 752, Camaragibe/PE.
https://www.novonascer.com.br/
CRDEQ – Centro de Recuperação para Dependentes Químicos
Endereço: Estrada do Campinho 4700, Cosmos, Rio de Janeiro/RJ.
Telefone: (21) 2513-1250
Grupo Vida Sorocaba
Telefone: 4003-1594
https://www.grupovidasorocaba.com.br/