Independentemente da idade, existem frases que denunciam o etarismo (preconceito com a idade) e não deveriam ser usadas nunca. A primeira delas é “Você não tem mais idade para isso”. Ora, quem disse? O comentário pode vir, muitas vezes, de pessoas que não o fazem por mal, mas não percebem que, com isso, acabam ampliando o preconceito relacionado à idade.

As redes sociais estão cheias de frases que denunciam o etarismo. Elas não escolhem a vítima, inclusive, podendo se dirigir a pessoas anônimas ou famosas. 

A dançarina Cláudia Raia, por exemplo, é um dos exemplos de quem sempre ouve esses comentários. Aos 56 anos e grávida do terceiro filho, volta e meia ela conta que sofre preconceito por conta do etarismo. Em entrevista à revista Veja no ano passado ela disse:

“Sou uma mulher de 55 anos e, quando estava chegando aos 50, percebi um movimento do tipo “já passou da idade”, “não pode mais se vestir assim” ou “este cabelo não combina com mulheres mais velhas”. Quem falou que não posso? Escolho o cabelo, a roupa que vestirei e falo sobre minha idade porque ela é apenas um número. A idade está na cabeça e no que escolhemos viver”, disse ela. 

Frases que denunciam o etarismo normalmente têm a ver com a aparência

Foto: Roman Samborskyi- Shutterstock

Frases que denunciam o etarismo muitas vezes vêm de mulheres para mulheres

Outra artista que constantemente ouve frases que denunciam o etarismo é a cantora Gretchen. Aos 64 anos, ela disse para a revista Quem: “"Fiz um post da roupa que usei ontem e é lógico que muitas pessoas infelizes vieram falar(…). Quando eu faço um post desses, inspiro mulheres a se libertarem, serem elas mesmas e estarem lindas com 40, 50, 60, 70... Hoje, nós, mulheres de 60 ou 70, somos as antigas de 30 ou 40”, disse.

Outro episódio foi bastante repercutido e tem a ver com uma frase dita pela estilista Carolina Herrera. O ícone da moda teria citado que apenas mulheres sem classe mantêm cabelos longos após os 40. A frase incomodou muita gente, inclusive a apresentadora Eliana.

Em suas redes, ela afirmou ser decepcionante saber que muitas pessoas ainda pensam dessa forma. “Isso demonstra que as discussões sobre etarismo estão apenas engatinhando e há muito trabalho a ser feito", afirmou. "Vamos combinar: toda mulher é protagonista das decisões estéticas da sua vida. E não cabe a ninguém, a não ser ela mesma, julgar o que é bom ou ruim", continuou.

Psicóloga cita frases que demonstram preconceito

De acordo com a psicóloga e hipnoterapeuta Sabrina Amaral, boa parte do etarismo está tão incorporado no nosso dia a dia que sequer percebemos.  Ela explica que até mesmo frases sutis que parecem bastante corriqueiras ou disfarçadas de elogios podem sustentar um preconceito velado. Entre elas estão:

  • ‘Você não aparenta a idade que tem’, 
  • ‘Você é muito bonita para alguém da sua idade’, 
  • ‘Só vai velho naquele lugar’, 
  • ‘Que ridículo fazer este tipo de coisa com essa idade, parece um adolescente’. 

Segundo Sabrina, o mais curioso é que boa parte destas falas é repetida principalmente pela geração 50+ e acaba sendo perpetuada às novas gerações. 

“Neste sentido, é muito importante estimular desde cedo a convivência de jovens e crianças com outras idades. Desta forma, elas podem se acostumar com a ideia de que envelhecer é algo natural. Muitos jovens vivem como se nunca fossem ficar velhos. Essa convivência com as outras gerações também mantêm o idoso ligado aos acontecimentos atuais e contribui para um envelhecimento mais leve e saudável”, explica.

É importante a libertação de padrões

Outro ponto importante mencionado pela especialista é que ainda estamos aprendendo a criar uma nova consciência. “Precisamos nos libertar de comportamentos que definem um padrão de juventude ou velhice, como gostar de dançar, namorar, encontrar os amigos, viajar, mudar de carreira, conhecer pessoas... nada disso é exclusividade da juventude. As pessoas têm o direito de fazer o que querem para se sentirem felizes em qualquer idade”, diz.

Sabrina explica que a população terá um número cada vez maior de pessoas velhas e é preciso que cada um se pergunte que tipo de velho vai querer ser.  “Aquele estereótipo do velhinho frágil no banco da praça ou o de pessoas idosas produtivas que estão confortáveis com sua própria pele, como Fernanda Montenegro e Mick Jagger? Como diria Georg Lichtenberg (filósofo alemão): “Nada nos faz envelhecer com mais rapidez do que pensar incessantemente que estamos envelhecendo”.




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