O Brasil está atingindo um recorde de envelhecimento, de acordo com Censo Demográfico 2022, divulgado pelo IBGE. Os indicadores apontam que entre os 203,1 milhões de brasileiros, 22,2 milhões já possuem 65 anos ou mais.
Desde o primeiro recenseamento realizado no Brasil, em 1872, esse é o maior percentual de idosos no país. O recorde de envelhecimento pode ser visto, com mais facilidade, ao comparar a população idosa do país com os habitantes de Minas Gerais. Os 65+ são 22,2 milhões no país. A população mineira é de 20,5 milhões, sendo o segundo estado mais populoso no Brasil.
Em termos absolutos, houve um salto de 54,7% da população idosa em relação ao recenseamento anterior, realizado em 2010. Neste período, o grupo era de 14,1 milhões, representando 7,4% da população.
Ao comparar o momento atual com períodos mais antigos, o recorde de envelhecimento fica ainda mais evidente. Em 1980, por exemplo, pessoas 65+ representavam 4% da população total. Ao longo dos anos, o percentual foi crescendo até superar os 10% em 2022.
Paralelo a isso, a participação de crianças e adolescentes vêm diminuindo, de acordo com o IBGE. Em 1980, pessoas entre 0 e 14 anos representavam 38,2% da população. Em 2010, o número caiu para 24,1%. Em 2022, houve mais uma queda para 19,8%.
Crédito: Folha de São Paulo
Recorde de envelhecimento e redução e fecundidade
O IBGE ainda não divulgou dados do Censo sobre fecundidade. Porém, a gerente de estudos de análises da dinâmica demográfica do IBGE, Izabel Marin, conta que os efeitos da redução da fecundidade começaram a ser visto entre 1980 e 1990.
Ao longo dos anos, essa diminuição foi se intensificando. A pandemia do Covid-19, por exemplo, foi um marco para a redução da fecundidade. Segundo Izabel, estamos vivendo em “uma estrutura populacional que não é tão jovem, que está em franco envelhecimento e que tende a envelhecer mais”.
Por outro lado, o IGBE pondera que, apesar do recorde de envelhecimento, o Brasil é menos envelhecido ao comparar com outras nações como, por exemplo, o Japão. No recorte atual, a estrutura etária brasileira mais se assemelha a de países como os Estados Unidos.
Crédito: Bricolage/Shutterstock
Idade mediana dos brasileiros também aumentou
De acordo com o Censo 2022, a idade mediana dos brasileiros aumentou de 29 para 35 anos. Um aumento de seis anos em uma década. Com base nesses dados, é possível dizer que atualmente a população é dividida em dois grupos: 50% tem 35 anos ou mais, enquanto 50% tem menos de 35 anos.
O índice de envelhecimento também avançou de 30,7 em 2010 para 55,2 em 2022. Na prática, significa dizer que no ano passado havia 55,2 idosos para cada 100 crianças de 0 a 14 anos. Em 1980, essa relação era de 10,5.
Esses dados são de uma série histórica divulgada pelo IBGE com base em dados a partir do Censo 1940.
De acordo com Antonio Leitão, gerontólogo e gerente institucional do Instituto de Longevidade, o maior desafio para lidar com o envelhecimento da população é o tempo. As pessoas já estão mais velhas e pensar em ações que supram as necessidades desse grupo é algo fundamental.
"O Censo 2022 impressiona por evidenciar a rapidez do processo de envelhecimento do Brasil. Em decorrência disso, o grande desafio é o tempo requerido para a tomada de ações preparatórias que, por sua escala, demandam uma quantidade significativa de esforço e tempo.
No âmbito urbano, por exemplo, tornar mais acessíveis prédios e áreas públicas. No campo da educação profissional, aumentar o número de profissionais especialistas em envelhecimento. No campo do trabalho, estimular a contratação de profissionais mais velhos."
Mulheres são maioria no país
Outro dado relevante do Censo 2022 é sobre o crescimento da população feminina. Em 2022, as mulheres representam 51,5% da população (104,5 milhões de pessoas). Já os homens são 48,5% (95,5 milhões de pessoas). A diferença total entre a parcela feminina e a parcela masculina é de cerca de 6 milhões.
Em comparação com o último levantamento, o Censo 2022 mostra que a participação das mulheres vêm crescendo no país. Em 2000, o percentual feminino era de 50,78%. Em 2010 pulou para 51,03% e em 2022, para 51,5%.
Por outro lado, é possível ver uma queda na parcela masculina. Em 2000, o percentual era de 49,22% e foi para 48,97% em 2010. Já em 2022, o valor foi de 48,5%.
De acordo com Izabel, é possível dizer que a população feminina é maior que a masculina em razão da menor mortalidade das mulheres. Ou seja, as mulheres vivem mais do que os homens.
Na websérie exclusiva do Instituto de Longevidade, a temática do envelhecimento saudável foi abordada, pontuando os motivos das mulheres viverem mais. Confira abaixo:
Com o envelhecimento da população, viver em locais preparados para pessoas idosas é um diferencial. Fazendo uma análise de todas as cidades brasileira, o Instituto de Longevidade lançou o Índice de Desenvolvimento Urbano para Longevidade (IDL), com o ranking das melhores cidades para envelhecer.
Clique abaixo e veja a lista completa do IDL.
Leia também:
Vida pós-aposentadoria pode fazer bem à saúde, mas é necessário se planejar
Hábitos saudáveis para viver mais: estudo aponta 8 dicas para ter mais 24 anos de vida